Estávamos em 10 de abril, e eu mal podia acreditar. O aniversário de Gerard havia passado tão rápido que eu mal conseguia prever o número de histórias que teríamos para contar sobre o dia. Contudo, era bom sentir que havia feito uma boa escolha seguindo esse rumo, porque, se havia algo que nunca iria faltar, eram momentos incríveis.
Odeio pensar no quão clichê é falar que foi um dia em que fizemos sexo e ficamos mais bêbados do que podíamos aguentar, mas isso nunca deixava de ser algo intenso e espetacular ao lado de Way. Tom e o Rob foram os responsáveis por fazerem as compras para nós seis deixarmos qualquer pensamento fora a comemoração com nosso amigo de lado. Para mim, ele era muito mais que um amigo, o que me fez querer aproveitar ainda mais o momento especial.
Eu estava no telhado e o vento parecia ficar mais frio a cada vez que ele encontrava meu rosto, como a lâmina de uma faca gélida em contraste com a pele quente. Ainda assim, eu aproveitei para me esquentar e tirar qualquer traço de ansiedade que poderia estar no meu corpo acendendo um cigarro entre meus lábios. Não tinha certeza de que horas eram, porque acordei tarde, mas não devia passar muito da segunda metade do dia, como o Sol estava quase a pino no céu ainda.
Conforme o fogo queimava a ponta do cigarro e eu soprava para longe a fumaça, observando a trajetória que esta seguia no ar na minha frente, escutei o barulho de passos subindo a escada. Alguém do nosso grupo estava prestes a se juntar a mim. Eu virei para olhá-la, esperando que fosse Jamia, pelos nossos encontros anteriores olhando para essa mesma paisagem, mas, para minha surpresa, era Elisa que estava ali para falar comigo. Pelos poucos momentos que nós dois, de todos os seis, tivemos sozinhos, eu logo me perguntei o que teria motivado ela a vir falar comigo.
Em um ato de cumprimento, estendi minha mão segurando o maço de cigarros quase aberto, para que ela pegasse um. Ela fez que não com a cabeça e se sentou ao meu lado.
- Sabe, Frank, todos nós aproveitamos muito bem ontem... Preciso admitir que Tom até trouxe um ácido escondido para curtirmos. - Eu ri. - Mas eu estou preocupada, e não sei com quem mais conversar.
- O que houve? - eu perguntei.
- Eu odeio falar disso parecendo a mãe de alguém e sempre fui defensora que todos têm os seus vícios, para não sermos hipócritas uns com os outros. O que eu penso é se não estamos desencadeando algo pior do que Gerard já passou. Nós somos amigos dele, talvez nós devêssemos ser mais rígidos. Nem sempre o nosso amor por ele tem que fazer com que ignoremos o passado.
Por um momento, me senti pessoalmente incomodado com a fala dela. Minha tendência a ser reativo logo me fez pensar que, pela sua própria definição, ela não tinha direito de se achar mãe de ninguém. E, além disso, ao falar disso comigo, o que ela queria deixar implícito? Que eu não me importava com meu namorado? Elisa deve ter percebido o que despertou antes que eu pudesse responder algo, pois ela logo disse:
- Eu estou falando com você porque eu sou a única que conhece ele há anos, e, mesmo assim, você sabe mais que eu. Então, se você falar que eu não tenho nada a me preocupar, eu vou acreditar em você.
- Elisa, eu... - suspirei, tentando me acalmar. - Você sabe que o problema de Gerard nunca foi com a bebida sozinha. E eu mesmo fiz a promessa de cuidar dele para o que fosse. Seja uma recaída, o que não aconteceu, ou uma queda total. Eu passei todos os últimos meses, que foram os mais maravilhosos da minha vida, com ele ao meu lado, e ele nunca deixou de ter consciência de suas ações.
- Tudo bem, Frank. Eu acredito em você, como eu disse. Só, por favor, tome cuidado. Eu não conseguiria me perdoar se algo de ruim acontecesse com qualquer um de nós, e sei que você também não. Ainda mais com Gerard.
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Bulletproof Heart
FanfictionUm grupo de adolescentes são vistos como nada além de delinquentes para a sociedade. Frank Iero faz parte desses que se veem obrigados a sair dos limites para sobreviverem. Para a surpresa de sua rotina, um novo membro se junta ao grupo: Gerard Way...