XXXVI

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Juliana


Samuel estava emburrado no banco de trás do próprio carro e a senhora Dawson estava o meu lado para irmos ao mercado. O Albert vai encontrar com ela por lá, eles farão as compras enquanto eu vou ao hospital com Samuel, porque ele fez a proeza de bater a mão e o machucado parece ter aberto um pouco mais. Como ele fez isso? Não sei, mas ele deu um grito tão alto que é provável que o Harry tenha ouvido lá em Nova York.

- Pronto, senhora Dawson. – falei, depois de ajudá-la a descer do carro e ir até Albert, que esperava prontamente para que fizessem as compras.

- Você é uma menina de ouro, Jules. – ela sorriu. – Não é, Albert?

- Claro, vó. – sorriu. – Eu te ligo mais tarde pra marcarmos o horário.

- Vou só levá-lo ao hospital, mas é coisa rápida, e podemos ver isso.

- Se precisar de algo, me ligue. – falou e eu assenti, acenando em despedida e voltando para o carro. Samuel continuava no banco de trás, emburrado e quase prestes a chorar de dor. Eu riria se não fosse errado demais. – Vai ficar aí mesmo?

- Sim. – respondeu emburrado e eu não rendi, apenas liguei o rádio e enquanto Adam Levine cantava "What Lovers Do", segui batucando de leve o volante e cantando baixo até chegarmos ao hospital.

A ficha foi preenchida rapidamente e seguimos para o corredor indicado, estava vazio e ele não demorou a ser chamado pelo médico, que me fez ir junto. Fez um raio-x da mão para ver se havia algum caco de vidro no corte e, pela avaliação do médico, estava tudo certo, sem nenhuma inflamação ou resíduo do vidro no corte.

- Você estuda enfermagem ou medicina? – o médico me perguntou e eu neguei com um aceno de cabeça. – Ficou muito bem higienizado, o curativo foi bem feito e dá pra ver que foi bem cuidado nessas horas desde a lesão. Seu namorado tem sorte de ter você por perto pra fazer isso. Só recomendo que faça um curativo hoje de novo, manter o corte protegido de possíveis novas lesões é muito importante.

- Claro, vou fazer um assim que chegarmos em casa. – respondi e nós saímos da sala do médico com uma receita de analgésico.

Quando passamos no financeiro, paguei antes que ele fizesse menção a pegar a carteira e segui pra fora do hospital acompanhada de um Samuel ainda mais emburrado e tendendo ao rabugento.

- Por que você pagou?

- Porque eu quis. – dei de ombros, sentando no lado do motorista e ele sentou no banco do carona, colocou o cinto com certa dificuldade e voltou a me olhar. – Que é?

- E nem desmentiu quando o médico falou que somos namorados!

- Samuel, quanto mais você surta, pior é. E, eu paguei, porque você já fez muito por mim ao sair de Los Angeles e vir pra cá só pra sair do tempo ruim do tornado, tem cozinhado e me tratado bem, acho que posso ser um pouco civilizada com você por isso. Você não me odeia o suficiente pra me deixar morrer de medo em Los Angeles, eu não te odeio o suficiente pra deixar que você agrave um machucado e acabe tendo problemas. – falei e ele pareceu prestes a retrucar, mas piscou algumas vezes, parecendo muito incrédulo, antes de se encostar no banco e ficar quieto.

O que achei ótimo, já bastou toda a amistosidade que nos cercou o dia quase todo. E que vem nos cercando há um tempo (à exceção de uma das últimas semanas), é muito estranho.

- Posso fazer o curativo agora ou prefere tomar banho primeiro? – perguntei quando entramos em casa.

- Pode ser mais tarde? Não queria tomar banho agora, ainda tá cedo.

Make You MineOnde histórias criam vida. Descubra agora