XXV

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Samuel


- O prédio continua interditado. Totalmente interditado. – falei num tom lamuriento e Harry me olhou quase se divertindo com a situação. – Se eu não tivesse renovado o contrato do aluguel duas semanas antes da dedetização, eu poderia ir alugar outro apartamento, mas tem uma multa sinistra naquele contrato.

- Multa?

- É. – dei de ombros. – Por quebra de contrato, se eu sair antes de um ano da renovação. Isso é ilegal? Diz que sim, eu preciso arrumar outro lugar pra morar!

- Não é ilegal ter essa cláusula contra rompimento de contrato, porque é uma segurança pra quem está alugando ou vendendo algo, mas depende do valor da multa. Se for abusivo, dá pra pedir a rescisão do contrato judicialmente e usar como argumento o valor abusivo. Você sabe quanto é?

- O valor dos alugueis restantes e uma multa de três porcento do valor total. E isso é muita coisa.

- Não sei por que você está tão preocupado em sair lá de casa, Sam, está tudo bem.

- Esse é o problema. Aquela maluca da sua irmã deve estar planejando algo terrível, porque ela realmente anda muito quieta...

- Acho que ainda está com remorso por ter te machucado. – Harry deu de ombros, tomando um gole da cerveja. – E você também está quieto, não tenho visto e nem ouvido nada.

- Eu não vou ficar atiçando o Cão. – respondi, fazendo Harry rir. – E, mesmo que eu te ame muito por me deixar ficar de favor na sua casa, sem reclamar, eu gosto de morar sozinho, sabe? Sem ofensas, mas é diferente.

- Sei como é. Mas eu já até me esqueci de como é isso, porque a Jules chegou e mudou muito esse cenário, mesmo que a gente mal se veja durante a semana. Você só precisa se acostumar, Sam. E, em todo caso, eu sempre achei que a gente moraria juntos sem ser na Sigma.

- Quando você casar com a Carol, vai colocar sua irmã pra fora de casa? Diz que sim! E me chame pra assistir.

- Até lá, Jules já terá saído de lá há muito tempo.

- Nossa, mas você não pretende casar tão cedo?

- Não por agora. Carol está estudando, somos novos demais... e o relacionamento nem tem tanto tempo, acho melhor irmos com calma, mesmo que eu a ame e tenha certeza absoluta de que vamos nos casar, ter filhos e ser felizes para sempre, ainda não chegou esse momento.

- Harry, você é incrível. – falei e ele sorriu. – Eu vou ficar na sua casa, porque eu ainda sou pobre demais pra pagar aquela multa.

- Por mim, você pode ficar para sempre. Acho que nunca me alimentei tão bem antes de você ir pra lá.

- Preciso apenas eliminar as coisas de origem animal que você ainda compra. – impliquei, fazendo Harry dar uma risadinha.

- Nosso momento que precede o dia dos namorados precisa ser encerrado, porque nós dois vamos trabalhar amanhã de manhã. E eu ainda vou sair com minha digníssima a noite depois de um dia inteiro de expediente naquele escritório.

- Isso mesmo. Eu tenho que trabalhar feito um filho da puta amanhã e terei que passar a noite na sua casa, provavelmente na companhia da sua irmã. Esse ano é o pior da minha vida até agora. – reclamei, fazendo Harry soltar uma risada pelo nariz.

Quando saímos do bar, pedimos o Uber e seguimos até a casa de Harry sem conversar muito. Segui direto pro quarto quando cheguei, mas Harry foi na outra direção, para o escritório que ele tinha e ainda precisava resolver umas últimas coisas antes de ir dormir. Quando cheguei ao corredor, vi Juliana sentada em frente ao celular e estava fazendo uma maquiagem enquanto falava sobre os produtos que usava. Provavelmente estava ao vivo no Instagram ensinando aquilo para as pessoas que a seguem. Era uma maquiagem bem leve, não tinha muitas cores fortes e ela fazia tudo devagar, conversando com as pessoas que estavam assistindo.

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