XLI

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Juliana


É claro que minha felicidade ia durar pouco. É claro.

Assim que Josh foi embora, uma tempestade começou. Uma tempestade com direito a raios, relâmpagos, trovões e ventos fortes. Parecia um filme de terror e eu não sei como não morri do coração e consegui dormir. Quer dizer, na verdade eu sei sim: tomei o mesmo remédio que tomei para vir para Sacramento e apaguei.

O dia seguinte amanheceu tão feio quanto o anterior, estava chovendo forte, mas sem raios e trovões, então acabei me levantando para ir me alimentar. Samuel estava na cozinha, "Back to You" tocava no celular dele sobre o balcão e ele estava muito concentrado em cozinhar o que quer que fosse que estava fazendo.

- Whoa, you stress me out, you kill me, you drag me down, you fuck me up. We're on the ground, we're screaming, I don't know how to make it stop. I love it, I hate it, and I can't take it, but I keep on coming back to you... – ele cantou junto com a voz de Bebe Rexha e Louis Tomlinson me olhou de canto, mas permaneceu fazendo o que estava fazendo e agora sei que é apenas pão com geleia e pasta de amendoim.

- Já posso ir pra casa, o tornado foi embora.

- Vamos amanhã, a previsão disse que vai parar de chover e eu prefiro não sair daqui debaixo de um temporal.

- Não estou te chamando pra ir.

- Caso você não saiba, eu também moro em Los Angeles e tenho uma vida por lá.

- E finalmente vai procurar um lugar pra morar, de preferência bem longe da casa do Harry pra eu não ter que olhar na sua cara nunca mais. – respondi, parando um pouco distante de onde ele estava e fui em busca de uma xícara para tomar café.

Então aconteceu.

Primeiro o clarão, que fez parecer que o raio tinha caído na piscina (mas não foi), depois o estrondo altíssimo.

Eu dei um pulo e me agarrei na primeira coisa que estava perto.

E essa coisa atende pelo nome de Samuel Myers.

- Tá tudo bem? – ele perguntou num tom preocupado, mas antes que eu conseguisse responder e me soltar dele, outro clarão e outro trovão altíssimo.

Eu odeio minha vida.

- S-sim.

- Tô vendo. – deu uma risadinha debochada. – E pare de ser maluca, eu tô com uma faca na mão cortando o pão! Imagina se você se machuca por causa disso?!

- Se eu me machuco? – perguntei, virando em sua direção, erguendo uma das sobrancelhas pela estranheza, e ele ficou tão vermelho que poderia ter explodido.

- Eu... eu quis dizer se você me machuca! – Samuel se defendeu, tirando minhas mãos dele. – Sai daqui.

- Com todo prazer, insuportável.

- Nojenta.

- Estúpido.

- Cala a boca, Juliana.

E, claro, no auge da minha maturidade eu respondi a primeira coisa estúpida que eu podia ter respondido naquele momento:

- Vem calar.

- Com todo prazer, insuportável. – Samuel respondeu, repetindo o que eu tinha dito antes e se aproximou, prendendo meu corpo entre o seu e a bancada da cozinha de um jeito que eu não conseguiria sair.

Ele não me beijou, mas chegou bem perto de mim. E, bom, foi quando eu percebi que Samuel estava sem camisa esse tempo todo. A respiração dele era lenta e controlada, batia no meu rosto com bastante leveza e eu estava perto de ter um colapso. Samuel não parece nervoso como anteontem do píer, parece bem mais calmo e sob controle de todos os seus movimentos. Aquela não era uma atitude impensada e impetuosa, ele queria estar ali daquele jeito, muito perto de mim e parecia bastante propenso a me beijar.

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