#mymfanfic
Juliana
Aquele "ok" de Samuel tinha feito minha alma sair do corpo umas seis vezes e eu juro que quase desmaiei quando li, mesmo que tenha sido eu a mandar a mensagem perguntando se eu poderia ir até o apartamento dele naquele dia para termos a fatídica conversa que nunca deveríamos ter adiado.
Eu tenho lembranças absurdamente vergonhosas de quatro noites atrás, envolvendo minha pessoa contando para o barman sobre minha vida quase inteira e sobre gostar de Samuel, que não era lá uma coisa muito aceitável, já que nós nos odiamos desde que éramos apenas crianças em Sacramento, depois quando cantei alto e repeti a mesma música dezenas de vezes na jukebox pro bar inteiro escutar (não eram muitas pessoas, mas não interessa, foi vergonhoso mesmo assim), Samuel me buscando, eu cantando mais e depois quando falei com Samuel que gostava dele antes de descer do carro.
Nem a dor de cabeça da ressaca foi maior do que a dor da minha moral e do meu orgulho sendo feridos pelas lembranças daquela noite.
Eu nunca mais vou beber na minha vida.
O dia de trabalho foi pesado, o que conseguiu me distrair muito bem da lembrança do que aconteceria naquela noite, mas eu comecei a repensar e querer desmarcar quando o fim do expediente estava chegando, até tentei enrolar um pouco mais, mas acabei desistindo, comprei comida e segui para a casa de Samuel, pegando um pouco de trânsito até conseguir chegar lá e deixar meu carro na rua lateral. E eu andei bem devagar, como se fosse adiantar alguma coisa medir os passos que me levariam até seu apartamento. Não adiantaria e, sinceramente, não é a coisa mais madura do mundo também.
Samuel estava na porta quando finalmente cheguei ao seu andar, depois de um rápido interfone e de uma subida ainda mais rápida no elevador. Já tinha tomado banho, os cabelos estavam molhados e ele estava com uma camisa de malha e uma calça de flanela. Muito bonito, como sempre.
- Trouxe comida. – falei, erguendo a sacola do Viva Vegan.
- Não fez mais que sua obrigação. – respondeu num tom que parecia pouco humorado. – Eu estou morrendo de fome.
- Quer comer primeiro e conversar depois? – perguntei enquanto entrava no apartamento e ele assentiu.
- Não vou encarar uma briga com você de barriga vazia. – falou e eu ri.
- Não pretendo brigar, Sam, acho que podemos ser civilizados pelo menos hoje.
- E eu não acredito nisso, na primeira chance que você tiver de jogar algo em mim, você vai.
- Só se você merecer. – respondi.
Ouvi o miado de Venom e entreguei as sacolas para Samuel antes de me abaixar para fazer um carinho no gatinho, ele miou de novo, satisfeito quando o peguei no colo e o enchi de beijos, ronronando de um jeito que me fez apertar um pouco mais o abraço. Eu realmente estava com saudades dele.
- Senti saudades de você, meu amor. – falei, beijando Venom. – Como você está? Tem se alimentado direitinho? Está dormindo bem? O idiota do Samuel está cuidando bem de você? Você está tão lindo, meu amorzinho, eu sinto sua falta lá em casa. – resmunguei e Venom miou de um jeito manhoso. – Eu vou te sequestrar e te levar comigo, meu amor.
- Você não é louca. – Samuel falou, me olhando de um jeito quase desafiador.
- Você sabe que eu sou. – dei de ombros, voltando a olhar para Venom. – Vem, lindinho, vamos comer umas coisinhas gostosas.
- Juliana, você é muito idiota. – Samuel falou, mas tinha um sorrisinho no rosto.
Nós comemos sem pressa, Venom aproveitando para comer algumas cenouras cozidas e eu observei atentamente as feições de Samuel. Ele não parecia impaciente como estava no dia do carro, parecia cansado, mas não havia nenhum sinal de braveza ou de que ele estava mesmo pronto para brigar. E isso é ótimo, porque eu não quero confusão, quero apenas ter uma conversa madura e colocar os pingos nos "is".

VOCÊ ESTÁ LENDO
Make You Mine
Hayran KurguJuliana nunca teve um sentimento tão negativo por uma pessoa como tem pelo melhor amigo do irmão desde que tinha apenas 5 anos e ele 10. Os dois nunca se deram bem, por vezes as brigas tomavam proporções muito maiores do que deveriam e ninguém nunca...