Samuel
Eu acordei mais cedo do que gostaria porque estava chovendo pra caramba. Chovendo muito. Muito mesmo. Daquelas chuvas absurdamente fortes, com raios e trovões que fazem as janelas mais firmes tremerem. Claro que a primeira coisa que pensei foi em Juliana, se é que ela ainda não morreu de medo com todos esses barulhos e clarões, então depois de vestir uma bermuda, eu segui até o quarto da minha mãe e abri a porta devagar.
Não dá pra ver Juliana, apenas o edredom que está tampando o corpo todo. Não sei se ela está dormindo, se está acordada ou se morreu de susto. Eu não sirvo pra ser babá de ninguém, principalmente dessa doida. Antes que eu pudesse perguntar se ela estava morta, um relâmpago clareou o quarto e o estrondo que veio junto, fez com que ela desse um pulo e soltasse um gritinho que assustou até o coitado do Venom que estava ao lado dela.
- Sei que falar isso vai soar idiota, mas fica calma. – falei e ela sentou na cama, me olhando com uma feição assustada. – É só uma chuva.
- Será que aquele inferno de tornado tá vindo pra cá? – o tom da pergunta era amedrontado e eu realmente fiquei com pena.
- Não. Eles avisariam, eu assisti os jornais ontem e não tive nenhuma notícia. É apenas uma chuva normal dessa época.
- Odeio essa merda. – Juliana resmungou, voltando a deitar e tampando a cabeça com o edredom. – Preciso viver num lugar em que nunca tenha essas coisas.
- Esse lugar não existe, então você tem que se conformar com isso aqui mesmo. Vou fazer o café da manhã. Você vai ficar bem?
- Claro. – ela resmungou, mas não se moveu e eu apenas sai do quarto, deixando a porta entreaberta e segui pelo corredor até o banheiro, precisava pelo menos lavar o rosto.
O café da manhã foi muito mais inspirado do que eu achei que poderia ser, com bastantes opções e Juliana apareceu um tempo depois, ainda assustada com os trovões e relâmpagos e pulava da cadeira a cada momento em que eles soavam. Seria engraçado se não fosse tão triste, coitada.
Ela comeu muito rápido, saindo da cozinha sem demora e eu ouvi a porta do quarto ser fechada. Além da chuva estragando meus planos do dia, agora tenho que ficar cuidando dessa insuportável. Segui pro meu quarto, depois de guardar as coisas do café da manhã, onde eu poderia ficar em paz e quieto. O que, é claro, não aconteceu.
"Vamos almoçar com você, lindinho", dizia a mensagem de Mark. Não adiantaria argumentar que estava caindo um temporal, eles responderiam que não eram de açúcar e não derreteriam. E eles não demoraram a chegar, os quatro logo estavam sentados na cozinha, havia garrafas de cerveja sobre a mesa e eu estava cozinhando, claro, enquanto escutava (de novo) a conversa sobre São Francisco.
Juliana ainda estava enfiada no quarto e eu ia deixá-la por lá, avisar que tínhamos visitas apenas em cima da hora, mas então um trovão soou tão alto que fez as janelas tremerem e eu sai da cozinha sem pensar, indo até o quarto da minha mãe e Juliana estava debaixo dos edredons e estava tremendo tanto que dava pra ver!
- Ei... precisa de alguma coisa? – perguntei e ouvi uma negativa abafada. – Eu trouxe um moletom do Harry, vou buscar pra você. Achei que talvez fosse necessário e está sendo.
- Obrigada. – ela falou, tirando um pedaço da cabeça pra fora dos edredons antes de eu sair do quarto da minha mãe e ir até o meu.
O moletom estava em uma sacola isolada e quando voltei até o quarto, ela estava sentada na cama e as mãos tremiam. Juliana, provavelmente, é a única pessoa que conheço com esse medo absurdo de raios e trovões.

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Make You Mine
FanfictionJuliana nunca teve um sentimento tão negativo por uma pessoa como tem pelo melhor amigo do irmão desde que tinha apenas 5 anos e ele 10. Os dois nunca se deram bem, por vezes as brigas tomavam proporções muito maiores do que deveriam e ninguém nunca...