XXI

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Juliana


- Será que eu posso voltar a morar na Kappa? – perguntei a Kim, quando estávamos indo embora depois do trabalho.

- Você teria que refazer o mesmo processo de antes, de quando era caloura.

- Vai me dar trabalho demais. – resmunguei derrotada. – Zara não tem como me abrigar, Daph está em Boston... não sei se vou conseguir viver naquela casa com Samuel por mais algum bom tempo.

- Talvez vocês acabem se matando mesmo, porque você abriu um buraco na cara dele.

- Não foi tão grande assim. – dei de ombros. – Foram apenas seis pontos. E ele mereceu.

- Seu irmão é quem vai sofrer, coitado. Ter que lidar com vocês dois sob o mesmo teto por mais um tempão.

- Harry se diverte muito com minha desgraça. – bufei. – Ele é um idiota.

- Jules, você pode ficar na fraternidade uns dias, todo mundo conhece você por lá, mas se a coordenação descobrir, estamos todas ferradas.

- Não vou arriscar colocar vocês em problemas, vou dar um jeito de morar naquela casa com Samuel sem que a gente acabe se matando de verdade.

- Duvido.

- Eu também. – resmunguei derrotada. – E preciso ir embora, tenho que gravar um vídeo hoje e mandar pra Zara, sem contar que tenho que terminar de editar as fotos do fim de semana.

- A gente se vê amanhã na aula, Jules. – Kim falou e nós nos abraçamos em despedida.


Ela seguiu para o próprio carro e eu para o meu, a caminho de casa e sem a menor vontade, mas não posso morar na rua e infelizmente não tenho pra onde ir. Se não tivesse provas em breve, eu iria pra Sacramento e não voltaria tão cedo. Tudo bem, isso é mentira. Eu ainda tenho quase um semestre inteiro de aulas e não posso faltar simplesmente porque não suporto Samuel e dividir o mesmo teto que ele é um martírio.

Quando coloquei o carro na garagem, os outros dois carros já estavam lá e eu segui direto pro quarto. Cansada demais para enfrentar provocações e respondê-las, sem contar que não quero mesmo ter que olhar na cara de Samuel e ver o curativo que está tampando os pontos que ele tomou ontem. A gente se odeia, mas se agredir fisicamente já é demais. Não foi por querer, infelizmente agi sem pensar e se tivesse pensado um pouquinho que fosse, não teria jogado o controle remoto nele daquele jeito.

Tomei um banho demorado na banheira do quarto e quase cochilei, só não o fiz, porque meu estômago roncou alto e eu precisei levantar para ir comer e ainda preciso gravar um vídeo respondendo algumas perguntas dos inscritos, não vai me dar tanto trabalho, já que as perguntas estão separadas e eu posso só fazer uma maquiagem bem simples.


- Achei que você nem fosse aparecer aqui. – Harry falou quando me viu entrar na cozinha.

- Quase dormi na banheira. – confessei. – Hoje o dia foi puxado. Como você está?

- Muito bem. E você?

- Também. – respondi, indo até a geladeira para procurar algo para comer.

- Sam fez o jantar. – Harry falou e eu assenti, mudando o trajeto até o armário para pegar o prato e depois até o fogão para me servir. – Você está bem mesmo?

- Por quê? – perguntei sem entender, virando em sua direção.

- Não vai praguejar e falar que não vai comer nada que Samuel cozinhou? Que ele pode tentar te envenenar e coisas do tipo? – perguntou e eu dei uma risada baixa, negando com um aceno.

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