XXVIII

1.3K 119 11
                                    


Samuel


- Você vai ficar bem? – perguntei e Juliana me olhou como se eu fosse um ET. – O que foi?

- De onde saiu tanta educação e preocupação?

- Não tenho nenhuma das duas coisas quando o assunto é você. Eu estava falando com Thor.

- Ah, claro que estava. – Juliana soltou uma risadinha nasalada, não acreditando nem um pouco no que eu tinha acabado de falar (claro). – Mas Thor ficará bem, pode ficar despreocupado.

- Precisa de algo específico lá do supermercado?

- Só o que está na lista. Se é que você vai encontrar alguma coisa, a essa altura toda Los Angeles já estocou alimentos e não sobrou nada pra gente comer.

- Eu não gosto de você.

- Isso tem cara de problema seu, Sammy. – respondeu desaforada e eu rolei os olhos ao ouvir aquele maldito apelido. – Vá logo.

- Espero que chova muito, com bastantes trovões e relâmpagos enquanto eu estiver fora e o cheiro do Harry tenha sumido do quarto dele. – provoquei.

- Depois, quando eu acerto sua cara com um controle remoto, você fica choramingando feito um bebê e me culpando.

- Tudo bem, desculpa por isso. – pedi sincero e Juliana me olhou de um jeito estranho de novo. – Estou saindo e espero voltar em breve. Se eu sumir, talvez o tornado tenha atendido suas preces e me carregado.

- Não tenho tanta sorte. – Juliana respondeu num resmungo e eu sai da sala, deixando-a na companhia de Thor e Venom.


E é claro que o supermercado estava caótico e pouco abastecido com tudo que eu precisava, então tive que ir a quatro lugares pra conseguir comprar tudo que estava na lista (e não nas quantidades que eu queria) e voltar pra casa de Harry com uma quantidade razoável de comida pra Juliana e eu passarmos o restante do mês (o que são muitos dias, infelizmente). Ouvi a voz de Juliana quando entrei na cozinha e ela estava ao telefone, ao que parecia.


- Hm... entendo... posso levar algumas coisas, tentar conseguir algum lugar mais seguro pra deix... ah. Conseguiram? Que ótimo! Eu estav... alô? Ah, achei que tinha caído. Eu estava preocupada com vocês e com a situação do abrigo. Mas estão todos bem mesmo? Fico feliz. Não garanto que consigo ir essa semana, tento se o tempo melhorar um pouco. Tudo bem. Claro. Obrigada pelas informações, Milly. Até depois.


Eu preciso parar de ouvir as conversas dela, eu sei, mas fico curioso quando escuto esse assunto de abrigo. Sei que ela não fica expondo ou se aproveitando da imagem dessas pessoas e nem do lugar, o que me deixa ainda mais curioso pra saber a história por trás disso, afinal, existe uma história por trás de tudo.

Entrei na sala e a encontrei quase como quando saí de casa: encolhida no sofá e quase inteira dentro da camisa de Harry, mas agora tinha o celular em mãos e parecia trocar mensagens com alguém, não se importando tanto com minha passagem pelo cômodo. Eu ainda tinha que tentar analisar um projeto e enviar para o trabalho, porque não será um tornado que me fará trabalhar menos.

"Resto da semana livre e semana que vem também, a previsão do tempo não nos permite cogitar o retorno ainda, projetos urgentes devem ser enviados, os outros estão dispensados até segunda ordem, mas não haverá desconto nos salários. No fim de semana que vem entramos em contato sobre a situação do trabalho presencial. Bom descanso e fiquem a salvo.", dizia a mensagem enviada pela dona da firma e eu respirei aliviado. Meus prazos estão em dia e esse projeto ainda tem tempo pra ser entregue, então apenas deitei na cama e fui ler um livro que eu venho postergando há meses.

Make You MineOnde histórias criam vida. Descubra agora