S/N Lockhart sentou-se em um lotado café no centro de Seoul, mexeu seu mocha de caramelo e tentou fingir que não estava nervosa.
Mas ela estava nervosa, tão nervosa que literalmente saltou quando seu celular vibrou dentro da bolsa. Atrapalhou-se ao puxá-lo para fora e deu uma risadinha boba de alívio quando ouviu Nayeon no outro lado da linha.
- Ela ainda não chegou? - Nayeon perguntou.
- Não, eu te falei. Ela só deve aparecer às três horas, ainda tenho quinze minutos.
- Achei que ela talvez aparecesse mais cedo.
- Então por que ligou?
- Porque estou morrendo aqui! Você tem que me ligar assim que acabarem!
S/N riu, relaxando um pouco o rosto, era característico de Nayeon
ser impertinente e impaciente.
- Eu vou, já lhe disse. Para quem mais eu poderia ligar?
- Definitivamente não para qualquer um de seus outros conhecidos.
Eu não posso acreditar que você está realmente fazendo isso. Vai começar a ver o que é diversão.
S/N se moveu inquieta em seu assento e tentou não soar áspera.
- Você chama isso de diversão?
- Bem, você vai pagar a ela um monte de dinheiro. Com certeza é
melhor que seja divertido para você.
Para sua mortificação infinita, S/N corou, mesmo sentada sozinha na mesa de um café lotado. Ela murmurou algo incoerente e Nayeon gargalhou.
- O que foi isso?
- Oh, cale-se. Já estou envergonhada o suficiente, ainda não tenho certeza se vou conseguir passar por isso.
- Bem, definitivamente não vai passar se ela emitir quaisquer vibrações assustadoras. Escute S/A, à menor pontada de estranheza, você sai daí.
- A voz da amiga havia se alterado. Ela estava falando sério agora.
- Eu sei disso. Tenho vinte e seis anos de idade e não sou tola. Tenho um bom pressentimento sobre as pessoas, mas não consigo imaginar que ela possa ser assustadora. Quero dizer, você tem cerca de quatorze referências dela, não é?
- Dezesseis - Nayeon corrigiu. - A mulher deve ser uma deusa. Eu nunca ouvi tantos elogios, algumas dessas mulheres eram senhoras frígidas de meia- idade, mas quando falavam sobre ela, eram crianças em uma manhã de natal.
S/N limpou a garganta e sentiu aqueles tremores nervosos na barriga novamente.
- Hnm, sim. Então isso significa que ela é boa, e se vou mesmo fazer isso, quero ter certeza de que é com a pessoa certa.
- Você parece nervosa.
- É claro que estou nervosa! - S/N explodiu, quando sua ansiedade começou a aumentar.
A voz de Nayeon mudou novamente.
- S/A, você não tem que fazer isso, sabe. Não há absolutamente nada de estranho ou anormal com relação a você.
- Eu sei disso, mas estou cansada por ainda ser... - S/N baixou a voz de modo que os outros clientes não pudessem ouvi-la. - Por ainda ser virgem.
Isso é ridículo, estou cansada de esperar por um homem que vire minha cabeça e que depois seja tranquilo com esse detalhe inconveniente.
- S/N...
- Nós temos brigado cada vez mais por causa disso, Nayeon - S/N
interrompeu. - Temos que discutir tudo novamente?
S/N havia passado pela escola e faculdade sem fazer sexo, principalmente porque foi inutilmente apaixonada por seu melhor amigo - um jogador de futebol doce e adorável - por todos esses anos. Mas ele nunca se interessara por ela nesse sentido. Assim como nenhum dos caras, remotamente atraentes, que encontrou desde então.
Ela teve encontros, claro, mas nunca havia chegado tão longe ao ponto de irem para um quarto.
Nos anos seguintes, mesmo após ter percebido que seu amigo não era o homem certo para ela, acabou amadurecendo gradualmente, mais e mais consciente de sua inexperiência sexual.E isso só piorou quando ficou mais velha e todo mundo achou que ela tinha uma vida social típica. Mas exatamente pelo fato de ser tão autoconsciente, continuou empurrando os homens para longe. Ela se sentia presa em um ciclo implacável e não sabia como se libertar.
- Fiquei pensando sobre isso por meses. O que me impediu de ficar perto de qualquer um, mesmo dos poucos homens que pareciam ligeiramente interessados.
S/N balançou a cabeça e tomou outro gole de seu café.
- Além disso, a ironia do destino está se tornando amargamente dolorosa. Estou louvando à Deusa do Romance pelas notáveis cenas de amor que escrevo. E ainda não tenho nenhuma experiência.
Pela milésima vez, S/N se perguntou como se tornara romancista de tantos best-sellers, quando, no amor, havia sido um completo fracasso.
- Bem, é bastante notável o quanto suas cenas de sexo são quentes - Nayeon se aventurou, uma nota de riso na voz e S/N deu uma pequena bufada.
- Qualquer um pode escrever cenas de sexo boas. Tudo o que precisa é de alguns conhecimentos básicos de anatomia, o vocabulário certo e algum material de leitura bom e criativo, experiência não tem nada a ver com isso.
Nayeon tagarelou novamente na outra extremidade da linha.
- De qualquer forma - disse S/N, notando uma mulher particularmente atraente entrar no café, sozinha. - É melhor eu desligar, ela estará aqui em cinco minutos.
- Ligue-me imediatamente depois! Imediatamente! Você me ouviu?
Depois de tranquilizar a amiga de que não perderia tempo em relatar o infame encontro, S/N voltou a guardar seu telefone na bolsa. Ela percebeu que a mulher atraente que vira entrar tinha ido diretamente para o balcão sem olhar ao redor como se estivesse procurando alguém.
S/N se curvou um pouco no encosto da cadeira. Teria sido bom se ela fosse a mulher com quem havia combinado de se encontrar, mesmo com o cabelo absurdamente platinado, ela era uma das mulheres mais bonitas que já vira.
S/N olhou ao redor da loja para ter certeza de que nenhuma outra mulher solitária estava olhando para ela. Não vendo ninguém, virou-se para observar discretamente a mulher de cabelo platinado de novo.
Ela era muito jovem para ter o cabelo completamente platinado daquela forma que parecia tão natural, trinta anos, no máximo. Talvez tenha tido muito trabalho para fazer isso.
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Minha acompanhante [Mina/You]
RomanceMina/You S/N podia até ser uma romancista famosa, mas nunca foi nada além de um fracasso com relação a sexo e amor em sua vida pessoal. Ainda virgem aos vinte e seis anos e cada vez mais frustrada com sua inexperiência, ela decide resolver o assunto...