Capítulo 24

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Impulsivamente, S/n se inclinou, abriu o estojo e tirou o livro que Mina estivera lendo.

Era o livro que a mulher não queria que ela visse por algum motivo.

S/n olhou para a capa.

Não parecia particularmente secreto ou emocionante.

Algum tipo de livro de história sobre a arte e arquitetura do início do Mar Egeu.

Olhando para a lombada, viu um adesivo de uma livraria universitária.

Ela folheou as páginas e observou que a maioria delas estava marcada nas margens, como se Mina tivesse feito um pequeno roteiro.

Vagamente confusa sobre o porquê de Mina querer esconder um livro tão "chato", S/n tirou algumas folhas de papel que estavam dobradas entre as páginas e ficou estarrecida.

Era uma grade curricular para uma turma de pós-graduação em arqueologia do Antigo Mediterrâneo.

Uma turma que, de acordo com o horário impresso sob o título, reunia-se às quartas-feiras à noite.

S/n estava olhando inexpressivamente para o papel quando, de repente, ele foi puxado de suas mãos.

Com o queixo e os lábios firmemente apertados, Mina a olhou cruelmente enquanto puxava o livro de seu aperto também.

— O que é isso?

S/n perguntou.

— Você está tendo aulas de arqueologia?

— Eu coloquei o livro no meu estojo porque não queria que você visse.

Mina disse asperamente.

— Será que você não vai acabar com essa mania infantil de espionagem?

— Não.

S/n disse, rebatendo seu tom frio.

— Isso é o que eu faço. Mina, me diga o que está acontecendo. Você está frequentando essa turma? Às quartas-feiras?

Apesar de sua confusão e uma pequena pontada de dor por ela ter mantido algo assim escondido, um outro sentimento estava começando a inchar no coração de S/n.

Esperança.

Mina a encarou friamente por um minuto, mas aos poucos seu rosto relaxou numa resignação cansada.

— Sim. Eu estou frequentando essa turma.

— E elas acontecem às quartas-feiras? Era lá que você estava na noite passada?

— Sim. É onde eu estava.

— E as suas clientes? Seus compromissos?

Mina passou a mão pelo rosto, parecendo um pouco desconfortável antes de admitir:

— Não há clientes.

— O quê?

Seu corpo todo tremia de espanto, choque e expectativa.

Encarando os olhos de S/n, Mina disse simplesmente, como se não estivesse derrubando todo o mundo dela:

— Não tenho mais clientes. Eu... me aposentei.

— Mas e todas as noites que você saiu... com o seu estojo?

Relutantemente, Mina puxou o estojo e o pôs entre elas no sofá.

Abriu-o e inclinou-o para que S/n pudesse olhar dentro.

Não havia preservativos, DVDs, vibradores ou adereços.

Apenas livros, canetas e lápis, um caderno e um pequeno laptop.

Minha acompanhante [Mina/You]Onde histórias criam vida. Descubra agora