A Inquisição da Harpia

Capítulo 26 - Alvos de Ferro

A magnis maxima

De grandes causas, grandes efeitos

Alexis ficou um bom tempo fora da tenda observando a movimentação dos cavalos de ferro. Mesmo em sua pequena ''distração'' de arrumar suas luvas e roupas com mais proteção, seus ouvidos estavam atentos ao ruído metálico das máquinas mortais. Ela já começava a pensar na complicação que ela teria já que precisava pensar em um movimento preciso para atacar os cavalos. Ainda tenho que passar pelo exército do Rei. Ela olhou para o céu e lá viu o dirigível que atacou a Morada semanas atrás, Alexis acabou percebendo que as balas banhadas a óleo não estavam sendo tão úteis assim, claro que depois do ataque, o Rei mandou soldados com galões de água em suas costas para apagar o fogo.

    Por fim, Alexis apenas testou o corte da sua espada dourada em um saco cheio de areia. Sente que querendo ou não a espada vai ser de bom uso nessa batalha. Eu não queria fazer isso, mas entrar ali com um cavalo parece a melhor opção, disse para si mesma direcionando o olhar para um cavalo preto, ela não gostava dessa ideia porque o campo de batalha não era um lugar tranquilo para um animal tão belo como um cavalo, por isso seu coração pesava.

   A jovem Patronis andou em direção ao cavalo e primeiramente fez carinho na lateral da cabeça do belo animal.

— Espero que nada aconteça com você, meu amigo. — Disse ela com um sorriso triste.

— Pretende levar o cavalo, Alexis? — Perguntou Terrenci se aproximando.

— Pretendo mas....Acho que vou ter que aprender a andar de cavalo agora mesmo.

— Não temos tempo para isso. — Negou o mais velho com a cabeça. — Você tem uma missão que exige um momento preciso, e eu já entendi, você quer usar o cavalo para chegar mais rápido para o lado do inimigo ou ficar pelo menos próxima dos cavalos de ferro para atacar a granada. Se pai me contou o plano, permita-me ajudá-la.

   A seriedade de Terrenci em permitir a ajuda fez com que a loira deixasse seus lábios entreabertos. Nunca pensei que eu ouviria algo assim, disse para si mesma pensativa. Geralmente ela era sempre ajudada sem pedido ou questionamento nenhum. Não é como se ajuda fosse algo ruim, mas tinha a impressão de que pessoas a ajudavam por julgá-la como incapaz ou fraca. De qualquer modo, sabe que seu movimento até os cavalos de ferro será uma matemática complexa e ela não pode fazer tudo sozinha.

— Vamos fazer isso juntos, Terrenci. — Confirmou Alexis com a cabeça e um sorriso que demonstrava sua determinação. — E não vamos falhar.

   Terrenci pegou poucos minutos para se arrumar, ele usava as mesmas roupas que os soldados da Sirenia, lhe foi oferecido um capacete, mas ele negou dizendo que isso poderia atrapalhar sua visão ao andar de cavalo. Ele subiu primeiro no cavalo e ajudou a jovem Patronis a fazer o mesmo.

— Quando você quiser, Alexis.

   A fala de Terrenci fez com que a loira olhasse bem para a morte coletiva da batalha. Tal cena que era forte para os olhos e estômago a fez respirar fundo de olhos fechados por alguns segundos. Gritos que se sincronizavam com a glória e dor não faziam dali o lugar perfeito para meditar. Porém, pensar em Ataraxia, a Elpidia e sua mãe abaixo daquela linda árvore fez com que a mente de Alexis e seu coração ficassem calmos. A mente da jovem Patronis projetou aquele lugar esplêndido cheio de luz, e assim ela se permitiu se aproximar de sua mãe que estava de costas até que ficasse ao lado dela.

— Eu disse.... — A mãe olhou para sua filha com um leve sorriso. — Para dar tempo ao tempo.

— Se não fosse por Andronis, talvez eu não estaria aqui.