Capítulo 35 - Decisões que Sufocam

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Dictum et factum

Dito e feito


Blaiza acha que nunca teve tanta facilidade em sair de Dinastai em sua vida. Quando ele disse pessoalmente para o Rei Cyprian que um ataque da Sirenia era evidente no sul de Reminiscentia, Vossa Majestade suspirou cansado e apenas disse que iria manter tudo nas mãos de Blaiza, inclusive as decisões.

    Com um ataque falso sendo feito e pessoas sendo compradas pela Elite Oculta constantemente naquela área, o General teve total confiança no sucesso de sua viagem. Depois de um mês e meio do envio da quarta para Andronis Patronis, o encontro foi marcado na primeira vila de Ataraxia com total sigilo. Em nenhum momento Blaiza abaixou seu capuz para sua aparência não ser notada. Dormir não era um luxo para ele, qualquer barulho o fazia acordar pronto para tirar sua espada da bainha.

     Era de tarde e o General estava sentado em uma pedra observando aquela pacata vila de pessoas tão ordinárias. A vida ali parecia tão simples que dava agonia para Blaiza, além disso, ele achava a falta das vantagens da grande cidade um tanto tedioso. Ele acabou percebendo também como todo mundo se conhecia e se ajudava ali, algo bem raro de se ver na cidade.

    Na solidão de Blaiza, os irmãos Patronis subiam ao encontro do General. Alexis acabou indo junto justamente por saber pouco da verdade de Blaiza, mas ainda assim, ela não gostava da ideia de sequer conversar com o General. Era certo que agora os três tinham um inimigo em comum que era o Cyprian, mas o fato de Blaiza estar tão perto do Rei e querer traí-lo passava uma sensação de que o General também poderia trair ela e seu irmão.

— Estamos quase chegando. — Comentou Andronis.

— Andronis. — A mais nova parou o passo, de forma automática, Andronis parou e se virou para Alexis. — Tem certeza disso? Acha que é bom irmos até aquele homem?

— Acho que no mínimo vale a pena escutar o que ele tem a dizer. O que acha que poderia acontecer de tão ruim?

— Eu não gosto nem de pensar. — Alexis negou com a cabeça.

— Eu tenho curiosidade em saber o que ele quer, Alexis. A essa altura, acho que se o General quisesse nos matar, ele já teria feito.

— Não vai me dizer que você sente que deve um favor para ele por ter salvado sua vida.

— Não. — Comentou Andronis voltando a caminhar. — Até porque ele me salvou por puro interesse. Não é toa que eu nem agradeci.

    A conversa terminou ali e em poucos minutos, os irmãos Patronis chegaram onde o General estava. Não foi preciso nenhum anúncio de chegada, o barulho dos passos dos dois foi o suficiente para fazer com que Blaiza se virasse.

— Nosso encontro veio mais tarde do que eu imaginava. — Disse Blaiza de se levantando.

— Ouvi dizer que as coisas melhoraram um tanto na cidade, mesmo com o ataque dos seus colegas.

— Meus colegas — Não a Sirenia, mas sim a Elite Oculta. — fazem o que podem. Obrigado por não se negarem a vir.

— General, antes de começar tudo... — Alexis olhou para o General seriamente. — Sabe me dizer se fizeram algo com Aiacos.

— Algo como....? — Blaiza ergueu uma sobrancelha.

— Qualquer coisa de mal.

— Não que eu saiba, Alexis. — O General negou com a cabeça. A loira achou estranho ser chamada pelo nome por aquele homem. — Na verdade, Aiacos era muito bem tratado na Morada, além de ter sido bem recebido. Ele comia sempre na mesa principal do Rei. Estamos falando de sinais de trauma? — A pergunta fez com que Blaiza erguesse uma das sobrancelhas.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora