Capítulo 16 - Um passado de Sangue

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Post nubila, Phoebus 

Depois da tempestade, vem a bonança


Sempre que Andronis treinava lutas com Horacio, o Patronis mais velho não podia deixar de pensar que havia algo muito errado na forma em que seu filho lutava. Os Patronis são conhecidos por usarem técnicas de contra-ataque em seus inimigos, uma técnica muito útil contra um alvo único, mas com um grupo de inimigos não é tão efetiva. A moral dos Patronis era proteger e não ferir os outros por motivos vazios. Em seu coração Horacio sabe que seu filho respeita o código de moral e nunca machucaria uma pessoa sem que fosse atacado. Andronis quem atacou uma das mulheres contratadas para raptar Aiacos naquela noite, mas ele tem suas dúvidas. Andronis quando ataca não deixa brechas, e ele é incrivelmente rápido. Horacio chegou a pensar se isso é efeito de sua idade quase avançada, mas seu filho realmente demonstra uma habilidade monstruosa.

    Entre tantos golpes, assim que Horacio se defendeu com a espada verticalmente, Andronis forçou o movimento da espada de seu pai para baixo lentamente, querendo ou não, Horacio ainda possuía força. Andronis respirou fundo ainda olhando para seu pai e em um movimento inesperado, levantou sua espada fazendo com que a espada de Horacio fosse levantada também. O Mestre Patronis recebeu um chute na perna, bastou essa brecha para que seu filho pegasse sua espada.

    Andronis entrou em posição de luta novamente, porém sua aura era mortal e ter duas espadas em posse o deixava estranhamente maior. Os braços, mesmo em ângulos baixos estavam bem abertos, era uma visão de puro terror e mistério porque se aquela luta fosse séria, Horacio sabe que não sobreviveria.

— Andronis, o que eu te disse sobre seu estilo de luta?! — Horacio gesticulou com uma das mãos em menção às espadas que ele segurava. O filho relaxou um pouco sua posição. — Esse estilo é maldito para nós.

— Não é maldito para mim. — O loiro negou com a cabeça.

— Se eu soubesse que estudar nossa história daria nisso....Andronis, nossos ancestrais devem estar se revirando debaixo da terra.

— Pare pai! — Andronis se exaltou. — Fala como se eu quisesse virar um assassino, não vai acontecer comigo. — A espada foi devolvida para o pai para depois Andronis guardar sua própria.

— Você ensinou isso à sua irmã.

— Não. — O mais novo olhou para o chão. — Ela não demonstrou interesse.

    Pai e filho se olharam por alguns segundos. Horacio exibia um pouco de receio no olhar, e Andronis frustração por nunca ter seu ponto de vista compreendido sobre sua forma de lutar. Não era certo usar a técnica da dança da morte contra seu próprio sangue, mas a intenção de Andronis era demonstrar ao seu pai que aquela técnica era boa para qualquer luta, seja contra uma pessoa só ou não.

— Nunca mais ouse entrar naquela posição de novo. Os Phoenice que chegaram nessas terras mudaram nossa história para sempre. E mudou para melhor com certeza. Não quer ser um carniceiro, ou quer? — Perguntou Horacio.

— O ponto não é esse. — Andronis negou com a cabeça.

    Certamente a história nova dos Patronis é uma história de amizade e honra, mas há sete gerações atrás não foi assim. Patrnonis foi o nome que a família assumiu quando o Mestre Loni Phoenice chegou em Ataraxia com sua família. Havia uma aldeia de pessoas que estavam sob o comando da família Bellum. O problema era que aquele povo sofria muitas batalhas entre si e eram verdadeiros selvagens. Loni os observou por um tempo, percebendo que os Bellum eram guerreiros formidáveis e que não hesitavam em matar alguém da mesma família, mas entre todo aquele cenário de corpos mortos havia o que Loni viu como uma pequena esperança de aproximação amigável. Loni precisava fazer amizade com aquele povo, os Phoenice fugiram de Katharsi para terras desconhecidas, mal sabia que o nome do local era Ataraxia, soube apenas escutando conversas.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora