Capítulo 10 - Cicatrizes

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Causa debet praecedere effectum

Não há efeito sem causa


Rei Cyprian passou mais dois dias de pura ansiedade, ele estava tão ansioso que mal dormiu, e também negou sua participação em reuniões. Suas respostas nesses dias eram secas e breves para demonstrar que ele não estava propenso a conversar com ninguém, se ele conversou foi no máximo com sua esposa.

    O que realmente alegrou o Rei foi a chegada de Blaiza no salão do trono. O General se aproximou da escadaria do trono e se ajoelhou em reverência.

— Vossa Majestade, estou de volta.

— Sim, e em perfeito estado. Como foi a viagem?

— Tranquila, Vossa Majestade, e bem....Diferente.

    O vago comentário de Blaiza quase fez com que Cyprian parasse de sorrir por um momento, um comentário tão vago desse não pode estragar o dia do Rei.

— Algo mais a dizer, meu General?

— Não sou um homem de questionar ordens, Majestade, eu as cumpro com devoção, mas gostava de que antes...Eu era um ouvinte das ideias.

— Blaiza.... — Cyprian se levantou e desceu as escadas. Uma vez que ficou em frente de Blaiza, lhe tocou o ombro direito do General. — Não é falta de confiança. — O Rei começou a falar em um tom baixo. — Eu sei que se soubesse você não questionaria, iria apenas fazer, eu não disse porque querendo ou não, você não sabe segurar suas reações, não me pareceu apropriado. Eu sinto muito se isso o incomodou. — Blaiza apenas negou lentamente com a cabeça. — Muito bem, estou indo ver a pessoa, descanse, meu General, você merece. — Disse Cyprian passando pelo ruivo.

— Obrigado Vossa Majestade.... — Agradeceu Blaiza olhando para o trono. — Obrigado.

    Cyprian em seu caminho até a sala da torre fez diversas vezes um sinal com a mão que não queria companhia. O caminho até lá levava alguns minutos mesmo de elevador. O elevador ainda era um mecanismo novo na morada e sua subida e descida era muito lenta, porém era melhor do que lidar com as escadas.

     Quando a porta dupla do elevador abriu Cyprian sorriu de lado, ele estava feliz demais por saber que ele tinha finalmente Aiacos perto de si, mesmo que tenha sido um rapto, não...Na cabeça de Cyprian o conceito de um rapto não se aplicava a essa situação. O Rei abriu a porta e ele mal conseguiu acreditar que de fato Aiacos estava ali sentado perto da janela.

— Jovem Aiacos.... — Cyprian fechou a porta atrás de si e deu os primeiros dois passos para frente.

     O ruivo respirou fundo e se levantou, o tom do Rei pareceu animado para os ouvidos de Aiacos, algo que o incomodou muito.

— Vossa Majestade.

— Não precisa se levantar, sente-se por favor. — O mais velho procurou um lugar para sentar-se também.

— O quão alto estamos, Vossa Majestade?

— Ah, a sala da torre é bem alta, e fica na torre leste. Porém, não estamos tão alto se formos comparados à Torre Tempus.

— Entendi. — Aiacos concordou com a cabeça. — Quase não consigo imaginar, mas o vento às vezes bate com uma força monstruosa na janela ao ponto de eu sentir vibrações. Parece que o andar que me encontro pode cair a qualquer momento.

— Você sente mesmo isso? Estou tão acostumado com a minha casa que não me importo quando isso acontece.

— Meu Rei..... — O ruivo respirou fundo. — Agora eu não passo de um pássaro dentro de uma jaula.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora