Capítulo 3 - A visita na Ecclesia

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Absens heres non erit  

Não há ausentes sem culpa nem presentes sem desculpa


O início do dia dentro da Ecclesia foi comum para Tetis e para qualquer um que vivia por lá, apesar de que na mente de cada um, a consciência de que as coisas estavam tensas os acompanhavam feito uma sombra maldita. Tetis estava dividida dentro de si, sabe que fez algo que não deveria, mas não se arrepende, mas se algo acontecer à Ecclesia com certeza o arrependimento irá tomar conta da sua razão.

    Seu cabelo castanho foi amarrado de lado em um rabo-de-cavalo baixo, viver dentro da Ecclesia não necessitava de tamanha vaidade, pois algo assim deve ser deixado de lado. A máscara branca, neutra de expressões foi colocada sobre o rosto e as luvas foram vestidas. A Tetis, mulher de duas crianças, esposa de Horacio Patronis já não mais importava para as pessoas daquele lugar, e assim deveria ser para todos.

     A multidão sussurrava notícias atuais deixando de lado suas opiniões pessoais sobre o caso. Um costume da Ecclesia era sair um pouco do egoísmo mental e tentar ver o máximo possível de visões sobre o mesmo assunto. Quem vive apenas com a própria opinião é provável que não saiba como o respeito realmente funciona.

   Apesar de ver pessoas em companhia umas com as outras em pequenos grupos, Tetis resolveu ficar sozinha porque não queria conversar sobre o óbvio. Talvez estivesse cometendo um erro, seria uma boa oportunidade para colocar em prática o que Ecclesia ensina, mas no momento ela não se sente apta, que meus Mestres me perdoem, disse para si mesma.

    Tetis seguiu sua rotina diária de tomar o café da manhã, uma hora que realmente ninguém poderia reclamar, pois, a comida era deliciosa. Depois se encontrava com os membros mais velhos da Ecclesia para um tipo de sermão em grupo e para falar a verdade, as palavras que Tetis e outros ouviram não pareceu fazer sentido agora, mas o destino tem um jeito imprevisível de demonstrar que um simples sermão pode decidir nossas ações. Mas guarde estas palavras......O que fazemos pode matar alguém. Não será sempre você que pagará pelo erro que fez.

    O dia seguiu monótono, mas não se pode confirmar que a Ecclesia se movimenta devagar com atividades até mesmo fora de apenas pensar. Dependendo do horário, as atividades físicas eram feitas para o bem-estar dos moradores da Ecclesia. Essa prática começou bastante escondida, mas os Mestres acabaram aceitando que a meditação resultava em um corpo mais saudável e também ajuda um pensamento mais consciente, a atividade começou a ser cada vez mais trabalhada naquele lugar.

    Aos poucos e com o crepúsculo colorindo o céu, dando aquela típica melancolia de que outro dia estava indo embora, ou talvez o questionamento se de que as horas anteriores vivenciadas teve algum tipo de ganho, Tetis já começava a finalizar suas anotações. Se tudo desse certo, tomaria banho, participaria da janta e dormiria cedo com a expectativa de que amanhã vai ser melhor.

    Uma movimentação estranha para o dia a dia da Ecclesia, pessoas estavam com um semblante de surpresa e abalo. Estavam tão rápidas em seus passos que Tetis não conseguiu abordar uma pessoa sequer para perguntar o que se passava. Seguindo a multidão que se direcionava até o salão principal, ela começou a notar a presença massiva dos soldados do Rei. Soldados comuns, sim.....Mas quatro soldados se destacavam pela sua roupa. Eram roupas de guerra, porém que se mantinham com a elegância necessária. O colete era negro assim como as calças agarradas em um tecido liso. A bota de couro era marrom com cadarços pretos. O sobretudo longo cinza estava aberto, e por cima havia uma capa cinza com o emblema da Harpia nas costas. Os quatro estavam muito bem armados e com olhares de pura ameaça. Apesar de serem quatro, apenas um era verdadeiramente famoso em Reminiscentia e inconfundível na aparência.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora