Cedit oneri fortuna suo
A fortuna cede ao seu próprio peso
— Te deram permissão para usar roupa de fênix? — A pergunta de Helenus foi acompanhada de um sorriso.
Helenus estava sentado na poltrona observando Aiacos ser vestido por suas serviçais. Era uma roupa linda e toda trabalhada especialmente para Aiacos. Sua calça e colete eram de um vermelho bem vivo. As calças eram um pouco bufantes e combinavam bem com as botas pretas de cano longo. O colete de couro com algumas fivelas fazia com que Aiacos tivesse a sensação de estar com um espartilho, mas isso é exagero de sua parte. Na lateral da calça e nas mangas do casaco vermelho aveludado haviam detalhes de chamas brilhantes em dourado.
— Eu tenho certeza que essa capa é longa, eu sinto até o peso dela. — Comentou Aiacos mexendo os ombros. — E se eu cair?
— Não se preocupe Conselheiro, duvido que o Senhor caia. — Disse uma das mulheres entre um leve riso.
A capa era realmente longa, e chegando na sua extensão no final que chegava a se arrastar no chão em uma barra redonda. Helenus falou para si mesmo que é uma pena Aiacos não ver como o cabelo dele estava. O cabelo vermelho de Aiacos estava penteado na maior parte para o lado direito. Entre os fios de cabelo estavam algumas penas vermelhas com dourado, assim como as penas de uma fênix. Por fim e finalmente, a máscara foi colocada no rosto de Aiacos.
— O quê? — Aiacos movimentou a cabeça um pouco para trás.
O motivo foi porque na máscara que imitava o rosto de uma fênix tinha grandes olhos circulares que brilhavam em laranja, e mesmo desprovido de visão, Aiacos podia ter o feixe daquela forte luz. A máscara era coberta com couro vermelho e estava com um aspecto de velho propositalmente. Apesar de não ter o rosto coberto, o grande bico preto chegava a ocultar a boca de Aiacos, mas não havia problemas em respirar.
— Como estou? — Perguntou Aiacos se virando para Helenus.
— Espere! — Disse a mulher. — Faltaram as luvas de couro preto.
— Ainda tem luvas? — Claramente Aiacos estava cansado de tantas e tantas roupas. As luvas foram colocadas. — Novamente, como estou?
A pergunta fez com que Helenus olhasse para mulher com dúvida, como poderia explicar isso para alguém que era cego.
— Aiacos, eu não sei como te explicar. — Disse Helenus totalmente sem graça.
— Tsc.... — Aiacos sorriu de lado e pensou em Alexis por um momento. O coração aperta só de ouvir a voz dela em sua mente. — Tente. Estou percebendo a luz laranja, se me falar das cores irá ajudar.
— Sua roupa tem muito vermelho e você está...Está muito elegante, mas acho que no escuro eu teria medo de você. — Todos ali riram um pouco com a explicação de Helenus. — E devo dizer, seu cabelo que está com penas de vermelho e dourado é um detalhe muito bonito. Você é a personificação da fênix, é isso.
— Obrigado, posso imaginar, mas devo dizer que minha amiga faria uma descrição perfeita.
— Quem? — Helenus cruzou os braços. — A Patronis?
— Sim, ela, com certeza.... Alexis deixava o meu mundo mais vivo. — O suspiro de Aiacos foi nostálgico.
— Conselheiro, iremos nos retirar já que acabamos de ajudar o Senhor. — Disse a mulher.
— Tudo bem, obrigado pela ajuda. — Agradeceu Aiacos tentando lidar com sua longa capa. As serviçais saíram e Helenus se levantou e pegou a bengala de Aiacos. — Essa bengala vai ser a salvação da minha noite.
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A Inquisição da Harpia
Science FictionEm meio a tempos turbulentos em Reminiscentia, a Inquisição da Harpia ganha força com a aprovação das temidas Leis Harpianas em todo o território do Rei Cyprian. Enquanto isso, notícias sobre a família Phoenice se espalham, anunciando que Horacio Pa...