Capítulo 20 - Encontro

87 10 124
                                    

Ex abundanctia enim cordis os loquitur

A boca fala do que está cheio o coração


O casamento de Cyprian e Damaris parecia estar em ruínas desde a noite do baile. A verdade é que o problema claramente não era a invasão da Sirenia, mas sim a perda da criança. Damaris não conseguia se abrir sobre o que aconteceu, estava impaciente e amarga. Ela também começou a ficar mais ausente nos almoços e jantares e chegou a pedir um quarto separado para dormir. Com essa decisão, Cyprian e Damaris não se viam ao longo do dia. A raiva nos olhos de Cyprian era evidente, mas ele parecia se controlar melhor do que Damaris.

    O clima pesado continuava na Morada Real, Aiacos sentia-se observado demais por Cyprian, mais do antes, porém em outros dias parecia que ele era observado de maneira sinistra, às vezes fazia com que Aiacos sentisse que fez algo de errado mesmo que não fosse verdade. O Conselheiro Phoenice demonstrou muito de sua empatia com a perda do Rei, ele tentou conversar com Damaris, mas não conseguiu nenhum sucesso. A única pessoa que conversava decentemente com Aiacos era Domini. A criança ficou muito mal nos primeiros dias após o ataque, mas Domini demonstra ser a única pessoa da família que gostaria de ver as coisas como antes por ali. Talvez seja melhor ser uma criança pela facilidade de expressar os sentimentos, pensou Aiacos andando em direção à entrada da Morada Real para dar uma rápida visita a Helenus.

    A entrada que estava um pouco agitada mesmo com Helenus e uma moça de roupas humildes chorando e implorando para que entrasse. Seus cabelos eram curtos, era um corte deveras masculino para ela, mas seu rosto era extremamente singelo e delicado. Seus cílios eram longos e seus olhos castanhos escuros. Apesar de bonita, nota-se que ela não vive uma condição boa de vida, ela era um tanto magra.

— Eu sinto muito, se sua presença não foi anunciada, eu não posso fazer muito por você. — Helenus negou com a cabeça.

— Por favor, eu preciso falar com o Conselheiro, ah! — A moça demonstrou um pouco de alegria ao ver Aiacos. — Conselheiro Phoenice, por favor! — Ela passou por Helenus que tentou segurá-la. Consequentemente a moça caiu no chão em prantos.

— O que está acontecendo? — Perguntou Aiacos se aproximando. Ele ficou tão próximo que a moça pode abraçar as pernas do Conselheiro.

   Helenus e Aiacos por alguns segundos não souberam reagir porque ficaram com pena, antes que Helenus reagisse para pegar a moça, Aiacos levantou a mão direita para dar um sinal de que ele não deveria afastar ela de si. O Conselheiro segurou as mãos da moça que ficou hipnotizada com a gentileza no semblante de Aiacos, era realmente de passar paz ao coração. Ele ajudou a misteriosa moça a se levantar sem demora, na mente dela, aquele momento pareceu durar muito mais tempo.

— O que aconteceu com você? Porque todo esse desespero? — Perguntou Aiacos.

— Conselheiro, a minha mãe....Ela perdeu a visão e está desesperada, ela não me escuta e não sei como acalmá-la. Ela estava perdendo a visão aos poucos, mas pensávamos que essa hora nunca chegaria. Então me lembrei do Senhor, Conselheiro, que tem uma situação semelhante e vim aqui implorar por ajuda.

— A sua mãe..... — Falou Aiacos pensativo. Ainda acha que alguma coisa não estava bem explicada nessa situação toda. Desde o ataque na noite do baile, Aiacos nunca mais recebeu uma carta e agradece por isso, já que sente que é um suspeito aos olhos do Rei. — Onde você mora?

— Eu moro perto daqui, não moro na parte mais pobre de Dinastai. Fica a quinze minutos daqui.

— Entendi. — Ele confirmou com a cabeça. — Que bom que é perto daqui, eu posso visitar a sua mãe pessoalmente.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora