Capítulo 39 - Herança de Respeito

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Heredis fletus

 O choro do herdeiro


A manhã havia chegado timidamente e muito silenciosa. Quando Andronis voltou para Teles, após toda a explicação dada, ele pediu para que sua esposa fosse em busca de Terrenci. Depois disso, ele e Alexis discutiram sobre as medidas que tomariam. Cuidar dos Phoenice ou de Horacio Patronis. Ambas opções carregavam seu peso para o coração dos irmãos, mas isso precisava ser feito. Alexis ficou encarregada de cuidar da família Phoenice. O cansaço físico da viagem e mental tornou tudo mais difícil. Notando a dificuldade, Andronis decidiu que era melhor ajudar Alexis com os corpos. Depois de toda a família estar junto, eles pegaram pedaços de madeira e organizaram cada pedaço.

    As aves que foram mortas também se juntaram, não porque elas ressuscitariam, mas porque Andronis achou isso poderia demonstrar respeito por elas...Afinal, como Aiacos mesmo disse, elas são sagradas.

     O fogo começou e Alexis sentiu uma dor no peito, se isso era um pesadelo...Ela queria despertar. As chamas altas refletiam em seus olhos lilases que estavam marejados de lágrimas. Mesmo com o luto, sabe que muita coisa deve ser feita. O irmão mais velho sabia disso, por isso deu as costas dando a mensagem que estava indo enterrar seu pai.

— Espere Andronis...Eu vou te ajudar. — Disse Alexis limpando suas lágrimas. Ela não notou, mas ele fechou os punhos.

— Não precisa, irmã. Eu posso fazer isso sozinho.

— Andronis... — A loira ficou de lábios entreabertos vendo seu irmão mais velho se afastar em passos rápidos.

   Quando voltou ao Casarão, ele pegou o corpo de seu pai e o levou para o pátio. Tetis havia sido enterrado em frente a Elpidia, então nada mais justo do que colocar seu pai junto a mulher que ele amou. Andronis começou a cavar a terra com a pá com brutalidade, quase como se estivesse ferindo a terra. Naquele momento, Teles chegou com Terrenci e viu a cena que tinha seu teor sinistro.

— Andronis, meu amor? — Perguntou Teles temerosa, seu olhar rapidamente foi para Terrenci.

— Andronis, deixe que eu faça isso, sim? — Terrenci se aproximou um pouco.

— Não. Ele é meu pai, sou eu quem deveria fazer isso! — O mais velho, e agora Mestre Patronis olhou inconformado para Terrenci. — Ele é meu pai! — Lágrimas desceram pelo rosto de Andronis. — E eu tive que arrancar a espada dele. Eu perdi meu pai, e tive que dar o último golpe no melhor amigo da minha irmã. Isso também não suja as minhas mãos, Terrenci? — O tom de voz do loiro era de quem temia que a resposta fosse sim.

    Terrenci olhou com pesar para Andronis. Conhecia esse rapaz desde sempre, e agora mesmo como um homem feito, o via agora como uma criança perdida. Alexis observou tudo de longe, escondida de um dos corredores. Ela fechou os olhos e negou com a cabeça, era uma forma de poder responder a dolorosa pergunta de seu irmão.

— Andronis, eu sei que se pudesse fazer diferente, você faria. É tudo que eu sei. — Respondeu Terrenci pegando a pá da mão do mais novo.

     Sem demora Teles se aproximou para abraçar seu esposo que se pôs a chorar tudo o que havia segurado até aquele momento. Só Andronis sabia como ele se manteve forte antes e durante a luta contra Aiacos. O casal foi para dentro e se sentaram em um dos grandes sofás.

— Meu amor, você precisa dormir. — Disse Teles segurando o rosto de Andronis.

— Não posso, existem pessoas lá fora, não? Fora do casarão que querem saber o que aconteceu. E eu tenho medo de fechar os olhos e sonhar com tudo isso de novo. Meu pai dizia que era uma honra nascer um Patronis, de proteger os Phoenice que mudou a história de vida dos nossos antepassados, mas agora...Tenho vergonha de dizer que esse sobrenome é um fardo pesado.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora