Capítulo 31 - Bloqueio

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Bellum dulce inexpertis

Bem parece a guerra a quem não vai nela


Aiacos remexia seu corpo lentamente e às vezes agitadamente na cama como se tentasse escapar de algo. Suas mãos seguravam o lençol ao ponto de rasgá-lo. O antigo Conselheiro do Rei acordou com um grito e abrindo seus olhos que foram feridos pela claridade ele havia percebido que tudo era um pesadelo. A claridade machucava, era por esse motivo que por boa parte do tempo Aiacos permanecia com olhos fechados, se ele ficasse com olhos abertos por muito tempo, no final do dia ele poderia sentir uma dor de cabeça terrível. Ele passou a mão em sua testa úmida de suor e se levantou da cama. Sua bengala foi pega e Aiacos andou até um pequeno armário, ali era sempre mantida uma bacia de cobre com água antes dele dormir. Aiacos limpou seu rosto e acabou sentando em frente ao armário respirando fortemente.

    Ele não parava de pensar que desde que saiu de Dinastai suas noites têm piorado. Aiacos sentia uma canseira quase mortal em seus dias, era a mesma sensação de que ele não tinha dormido por uma noite inteira, sendo que tem certeza que dormiu. Talvez eu esteja vivendo algum tipo de trauma, disse para si mesmo se levantando lentamente para tocar sua almofada. O Phoenice engoliu um seco e voltou para sua cama lentamente e temeroso. Ao sentar-se, Aiacos respirou fundo e ergueu sua almofada para tatear o lenço da cama até achar um objeto de tamanho médio, mas que podia ser segurado perfeitamente com a mão. Era um cilindro fino e bem na ponta, estava algo na forma de um triângulo e era afiado. Outros dias, ele já segurou aquele objeto várias vezes pela ponta e até mesmo se cortou, mas o costume e a familiaridade daquele objeto era terrível. Aiacos já tentou se livrar várias vezes daquele objeto, mas ele sempre volta para perto de si. Foi uma surpresa e tanto perceber que isso estava dentro de seu casaco quando voltou para Ataraxia.

    Batidas na porta deram um susto em Aiacos, e de forma automática ele escondeu o cilindro dentro debaixo da almofada, vou me livrar disso depois, falou para si mesmo enquanto limpava o suor de seu rosto.

— Pode entrar. — Consentiu Aiacos.

— Filho? — Perguntou Athalea abrindo a porta. — Eu ouvi seu grito, está tudo bem? — Assim que ela entrou, a porta foi fechada atrás de si.

— Desculpe mãe...Acho que acordar com meus gritos têm sido já algo bem comum nesse casarão.

— Faz um ano que você voltou de Dinastai, acredito que não seja tão fácil se desprender do que viveu por lá. — A mais velha sentou-se ao lado de seu filho.

— Alguma coisa me incomoda, mas eu não sei o que é. E quando penso que eu sei...Simplesmente não consigo falar.

— Vou pedir para que aumentem a dose calmante no seu chá que você toma antes de dormir.

— Acho que preciso de algo mais alcoólico para dormir. — Comentou Aiacos com um pequeno sorriso. — Desculpe por acordar você.

— Não precisa me pedir desculpas por isso, filho.

     A verdade é que desde que Aiacos voltou, apesar da paz e tranquilidade que Alathea sente, ela tem um sono leve para estar preparada para um ataque surpresa como aconteceu naquela noite que Aiacos foi raptado. Ela e seu esposo Nilo se acertaram e voltaram até mesmo a dormirem na mesma cama.

— Eu vou correr atrás de resolver isso, eu me sinto extremamente cansado. É como se eu não dormisse direito.

— E agora? Sente vontade de dormir?

— Apesar do cansaço, não.

    Athalea suspirou e tocou o rosto de seu filho, ele estava gelado e tremia um pouco. Era horrível sentir-se incapaz de ajudar Aiacos, se pudesse pegar esses traumas que ele sente para si, ela com certeza pegaria.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora