Ubi bene, ibi patria
Onde bem me vai, tenho mãe e pai
Damaris foi presa aos gritos, ela tentou resistir enquanto jogava todas suas pragas sobre Cyprian, Blaiza, Lavinia e Dinastai inteira. Claro que depois que ela foi presa em uma cela um tanto mais confortável do que a de Cyprian, ela se pôs a chorar com todas as suas forças. Ninguém precisava desenhar ou explicar para ela o que iria acontecer com ela e Domini. Eles iriam ser executados para todos verem. Ela não era uma Draconica, mas teve o filho de um homem que está ligado diretamente a eles, e Domini, seu único filho, morto por conta de uma família maldita é algo que ela não gosta nem de imaginar.
Demorou muito tempo para que Damaris se acalmasse de verdade e começasse a pensar no que ela deveria fazer para salvar seu filho. Sobre Cyprian...Ela não queria ver seu ex-marido nem com o melhor do mundo que ele poderia oferecer de tanta raiva que estava.
A mulher andava e andava sem parar por sua cela, olhava pela janela, segurava as barras e tentava pensar. Como posso salvar o meu Domini? Ele não tem culpa de nada. Damaris duvida muito que os Conselheiros vão decidir poupar ela e seu filho, principalmente com Blaiza sendo a pessoa que revelou tudo.
Sentando-se na cama simples da cela, Damaris abraçou o próprio corpo. Pela tradição, ela seria executada com Cyprian primeiro, e depois Domini, porém em momentos diferentes. Agora é de noite, e na teoria, ela vai ser executada amanhã pela primeira parte do dia. Antes da morte, haveria uma conversa final com quem ela gostaria de falar e deixar palavras finais, e foi naquele momento que ela pensou em Ava.
— Eu estou pronta para conversar! — Damaris se levantou na mesma hora e foi até as barras para segurá-las. — Quero conversar com a minha criada pessoal, quero falar com Ava, por favor!
Os guardas que estavam ali olharam um para o outro estranhando o pedido de Damaris. Com tantas pessoas que ela poderia conversar, por que justamente a criada? Se ela pedisse para falar com Blaiza, ele não poderia negar.
Quase duas horas depois, Ava apareceu na cela um pouco aflita com a situação toda. Os guardas deixaram as duas mulheres sozinhas, e como Damaris não era um perigo como o Rei, a criada pode entrar dentro da cela.
Uma vez que entrou Ava, ex-esposa do Rei segurou as mãos da criada e logo começou a chorar. Não demorou para que Ava abraçasse Damaris e ficasse assim por alguns minutos.
— Eu vou morrer, e meu filho também. Se eu não tivesse conhecido Cyprian, as coisas não seriam assim. Quase não pude acreditar, o maldito se escondeu muito bem por detrás do nome Nefas Harpia. E mãe dele....Eu nunca me senti à vontade com ela.
— Minha Senhora... — Ava tentava ficar calma e tomava cuidado para não demonstrar que estava com medo. — De tantas pessoas que você poderia ter chamado para a conversa final, me chamar me deixa muito honrada.
As poucas coisas que Damaris ouviu a fez mudar sua reação de tristeza para algo sério e quase desprezível em respeito à Ava. As mãos da criada foram soltas na mesma hora e de forma muito bruta, quase como se Damaris tivesse nojo de Ava.
— Minha senhora? — Perguntou Ava ressentida.
— Pare com essa conversa de honra, Ava. Quem se importa com honra nessas horas? O que esperava?
— O que está querendo dizer? — A criada piscou algumas vezes, tudo que Damaris fez foi respirar fundo.
— Me escute Ava, apenas eu e você somos as pessoas que sabemos a verdade do seu filho. — A pausa da fala de Damaris foi sombria. — Que ele não é filho do Conselheiro Octavio Corvus. Está na hora de me devolver esse favor.
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A Inquisição da Harpia
Science FictionEm meio a tempos turbulentos em Reminiscentia, a Inquisição da Harpia ganha força com a aprovação das temidas Leis Harpianas em todo o território do Rei Cyprian. Enquanto isso, notícias sobre a família Phoenice se espalham, anunciando que Horacio Pa...