Capítulo 4 - O Último Jantar

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Judex in causa propria nemo esse potest

Ninguém pode ser juiz em causa própria


Quando Tetis percebeu estar mais próxima de casa, lágrimas desceram pelo seu rosto enquanto ela olhava a entrada da cidade pela janela da elegante carroça que era levada por quatro cavalos, mas, ainda assim, era diferenciada por um sistema de vapor no mecanismo da carroça, algo que só poderia ser da autoria do Rei Cyprian. Estamos falando da ideia, a construção nunca poderia ficar nas mãos dele.

    A bela mulher de cabelos castanhos e ondulados, notou as lágrimas de Tetis, e com um sinal de querer passar conforto, Damaris fez um esforço para tocar a perna de Tetis brevemente enquanto segurava seu bebê Domini. O bebê já tinha seus olhos abertos, era do mesmo castanho escuro de seu pai. Caso tivesse puxado os olhos de Damaris, seriam azul-escuro.

— Estar em casa é bom? — Perguntou a Rainha.

— De alguma forma.....É bom estar aqui. Veja.... — Tetis abriu a janela da carroça e sua mão foi para fora, poucos segundos assim encheu sua mão com folhas douradas da árvore Elpidia. — São as folhas da nossa árvore.

— Elas são....Mesmo douradas? — Damaris se inclinou um pouco para frente para poder ver detalhadamente as folhas. — São incríveis, pensei que isso era uma mentira! — Não resistiu em tocar uma delas, e foi isso que fez. — Pensei que por serem douradas assim, as folhas poderiam ser duras, mas é uma folha comum. Incrível.

— Sim, são maravilhosas. — Tetis soltou as folhas pela janela e suspirou. — Bem, falta pouco. Me pergunto como Horacio e o Senhor Phoenice reagiram com a carta.....

    Receber a carta de Tetis foi com certeza um alívio, pois logo acharam que tudo estava bem com ela. No conteúdo da carta, bem no início deu a acreditar que de fato estava, mas era impossível não ficar um pouco tenso ao ler que ela estava voltando para casa com a ilustre companhia do Rei e sua Rainha. Nilo disse que não precisavam temer a visita surpresa do Rei, o Phoenice entendia que antes de qualquer grande guerra existia o bom senso da conversa. Foi pedido por parte de Nilo uma grande preparação para a vinda de Cyprian, quartos, e melhores comidas no cardápio, além de uma pequena festa no centro da casa Phoenice. Era melhor fazer seu Rei sentir-se feliz do que insatisfeito.

    A família Phoenice e Patronis esperavam na entrada de casa em silêncio. Não tinha como ocultar a preocupação vinda de Horacio e seus filhos, eles estavam nitidamente incomodados com a notícia desde que a receberam. O coração do Patronis mais velho correu quando ele avistou o primeiro cavalo oficial do Rei. Horacio reconheceu a farda da Harpia e os cabelos alaranjados sendo movimentados pelo vento. Blaiza Albicilla, falou o nome daquele homem em sua mente. Atrás de Blaiza estava uma fileira de outros soldados, e então, a carruagem do Rei e da Rainha. Era magnífico e assustador ver aquelas carroças tão diferentes e modernas que não se via em Ataraxia.

    A chegada era toda esquematizada e sincronizada até mesmo em sua parada em frente ao casarão dos Phoenice. A porta da carruagem do Rei e da Rainha foram abertas pelos servos. Geralmente, Cyprian e Damaris viajavam juntos, mas viajar com Tetis foi um pedido em particular da Rainha que Cyprian aceitou. O Rei estava vestido com sua capa icônica de cinza escura, mas não era aquela típica cor que se destacava, as ombreiras altas da capa eram penas de Harpia e que estavam posicionadas para se lembrar das asas daquela grande ave de rapina. Depois, Damaris e Tetis desceram, fazendo com que Andronis e Alexis sorrirem um pouco para a mãe, e o sorriso lhes foi recíproco. Não podiam sair de suas posições para abraçá-la como queriam, ainda não era o momento.

  Cyprian se aproximou de Nilo com um semblante calmo, mas prestando atenção do patriarca Phoenice no intuito de descobrir alguma pequena reação no rosto que o entregasse como um mau anfitrião. O que Nilo e os outros fizeram foi curvar o tronco um pouco para frente em sinal de respeito ao Rei.

A Inquisição da HarpiaOnde histórias criam vida. Descubra agora