Adrian
Estava voltando a minha sala depois de passar no escritório de Hudson e escuto um choro baixo vindo do corredor da sala de reuniões, Ana encostada na porta com as mãos no rosto soluçava muito e aquilo esmagou meu coração. Vê-la naquela situação me levou aquele dia no Brasil, eu nem pensei duas vezes só a abracei e a apertei em meu peito, ela não me pareceu querer me afastar, mas não queria de jeito nenhum invadir o espaço dela.Ouvir que ela estava com saudades de Bruno e Sandra e o quanto a homenagem que mamãe já tinha comentado que faria mexeu com ela, me fez mais uma vez acessar o meu instinto protetor em relação a ela. Naquele momento fui mais irmão do que amigo, era como quando Camila estava precisando sair de uma situação e a levava para a distrair.
Descemos ao subsolo do prédio onde mantínhamos o aquário. Mamãe costumava dizer que o barulho de água corrente desestressa e acalma, eu costumava sempre ir ao aquário quando criança e quando papai duvidava de mim quando ainda presidia a empresa. Estar aqui me acalmava e eu senti quando ela se acalmou também.
Ela estava tão vulnerável, seu olhar denunciava o quanto ela estava exposta em suas emoções e que seus pensamentos deviam estar fervilhando naquela cabeça com vasta cabeleira. Peguei em uma de suas mãos queria testar se ela estava confortável ainda perto de mim e senti sua mão gelada, talvez estivesse com a pressão baixa, a trouxe junto ao meu corpo e nessa hora não importava o que sentia por ela, mas somente o quanto ela precisava de um afago. Meu coração acelerou quando senti seus braços apertarem minha cintura e ela ficar totalmente a vontade com a cabeça em meu peito. Não, esse abraço não era de quem estava precisando de colo, era de quem queria estar comigo, que queria estar em meus braços e já não tinha mais resistência, nem paredes, nem medos. Mas faltou coragem, minha e dela quando ela levantou o olhar e a vi encarar os meus lábios.
O tempo parou, eu não sabia o que fazer, quando ela piscou e desviou, ali eu a perdi mais uma vez. Ana, foi prudente e se afastou de mim, que bom que ela o fez. O que já era difícil pra ela teria ficado muito pior, principalmente quando voltaríamos para o mesmo apartamento no final do dia. Subimos para o andar da diretoria, ela voltou para reunião sem trocarmos mais nenhuma palavra e no final do dia quando fomos embora, não tocamos mais no assunto. Me tranquei no escritório da cobertura e fiz o que faço de melhor. Trabalhei o resto da noite.
Na manhã seguinte, era o dia de viajarmos para a casa dos meus pais. Acordei um pouco tenso e ansioso, não falava com meu pai desde a morte da Camila, são 6 meses, 6 longos meses de silêncio dele, não que fosse rotina nos falarmos, mas uma vez ou outra estávamos conversando sobre a empresa. O mais engraçado é ele usar o Hudson como ponte para saber da minha vida pessoal e da empresa. Tomei um banho tentando relaxar, vesti uma roupa de frio, se aqui estava de rachar imagina nos Hamptons com o frio e a brisa do mar. Sai do quarto e fui em direção a sala, minha mala já estava pronta, eu levava poucas roupas já que tinha roupas ainda na casa da minha mãe, fiquei viajando em meus pensamentos enquanto mexia na bomboniere dispersa na cristaleira ao lado do meu bar na sala, analisava os bombons de menta e morango que gosto e Graça sempre mantém tudo bem abastecido.
- Que tá rolando? Você tá com uma cara estranha. - Ana falou atrás de mim e me tirou do meu transe.
- Nada importante. - falei.
- Deve ser importante tá te deixando mais silencioso
que o normal. - ela falou, eu só assenti e sai da sala, não queria falar sobre isso com ela. Ir para os Hamptons não era o que eu queria, mas o que eu precisava fazer.Entrei no quarto sem saber o que mesmo eu tinha ido procurar. Caía uma neve naquela manhã o que deixava os vôos de helicóptero mais tensos e por pedido da minha mãe resolvemos ir de carro. Sai em direção a sala, me despedi da Graça e dos outros funcionários já que só voltaríamos depois do ano novo. Entramos no carro e eu me sentia tenso e desconfortável, esperava toda a má educação e dureza do meu pai quando me visse, o problema era minha pequena e já fragilizada visitante. Eu não conseguia relaxar e a merda do caminho inteiro fui em silêncio. Senti o peso da cabeça dela em meu ombro depois de alguns minutos de estrada, dormia feito um anjo, me inclinei em sua direção dando a ela mais espaço em meu corpo para se acomodar.
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Livro I: A Resposta É O Amor - CONCLUÍDO
RomanceUma mulher forte, equilibrada que cuida da sua família e sua carreira, uma advogada baixinha e extremamente forte. Leva uma rasteira da vida e perde tudo o que mais ama. Um homem criado para ser um grande magnata e implacável com seus negócios, no f...