Mergulho em meus sonhos e vendo tudo que passei por aquele dia, até que me lembrei de Norman! Aquele que menti, falando que o amor era uma besteira, aquele que se declarou e simplismente recusei.Levanto da cama bruscamente assustando meu companheiro, Ray. Ainda esfregando os olhos ele diz com uma voz sonolenta:
— Tá tudo bem nenê? Ainda são cinco da manhã!
— É que... — pauso e repenso a fala do menino — Do que você me chamou?
— Nada não. — ele diz rispidamente virando seu olhar.
— É que o Norman... Ele, eu, nós, a árvore... — me tropeço em minhas próprias palavras completamente envergonhada e nervosa.
— Não se preocupa, leve seu tempo, estarei pronto assim que se sentir confortável! Sem pressa! — Ray diz segurando minhas mãos em sinal de conforto.
Inspiro e espiro tomando coragem e consigo iniciar a história:
— O dia que a gente começou a ler A Bela e A Fera, depois que a Emma se enfiou no meio e você foi se vingar dela. — esse era o momento certo para destruir a autoestima de Ray.
Estava correto o que eu estava contando? Sim! Uma boa relação, seja amorosa ou não, só será boa se houver confiança e sinceridade de ambas pessoas.
— O Norman sentou do meu lado e perguntou se eu gostava de você, de forma romântica.
— O que você respondeu? — ele pergunta intrigado.
— Eu disse que gostava... — não era a verdade completa, no três! Um! Dois! Três! — Só que como amigo.
O brilho dos olhos escuros do garoto some, preocupado ele pergunta.
— Isso significa que na verdade você só me considerava um amigo? — o menino massageava suas têmporas compulsivamente.
Eu só tinha que contar com a sorte de ele escutar o resto da história, extremamente insegura digo:
— Na verdade, eu tinha mentido.
— Explique me, por favor. — ele dizia rígido.
— Eu simplesmente sentia que não seria recíproco. — agora quem deviara o olhar era eu.
Ele pega meu queixo e quase lendo minha alma de tão profundo que encarava meus olhos, fala:
— A última coisa que eu quero é que você esteja em um relacionamento o amor não seja recíproco! Por isso tamanha preocupação! Então seja sincera, você gosta de mim?
Totalmente em choque com as palavras inesperadas, automaticamente respondo:
— Gosto tanto quanto gosto de livros.
Ele sorri, seus braços contornam meu tronco e seu lábio preenche a distância entre o meu. Porém, outro pensamento vem: Emma vai contar isso para o resto do orfanato, isso inclue Norman!
— Ray! E se a Emma contar para o Norman?!
O menino fica com uma expressão de pensativo, sempre fico derretida com essa expressão...
— Eu acho que isso é um assunto seu e do Norman, então você quem deveria falar com ele, entende? Caso não se sinta confortável eu posso te acompanhar.
— Ah Ray! Sabia que você ativa um mega modo fofura quando está apaixonado?! — digo beijando o mesmo.
Por volta das dez horas da noite espero Norman na biblioteca. Eu estava nervosa, fincava minhas unhas em minhas mão de tanta ansiedade.
O garoto entra na biblioteca e com um sorriso de desespero, acedo e falo:
— Oi Norman!
— Oi. — ele diz em um tom quase sem vida.
— Olha, sobre aquilo que eu fiz... — digo tentando já me desculpar.
— Aquilo o que? Falar que amor é uma besteira, ou simplemente ignorar minha declaração e me deixar sozinho? — o tom calmo já não estava no cômodo mas um tom irritado, aquilo me assustou.
Me afasto um pouco com as mãos levantadas de medo.
— Norman... Calma... — falo com minha voz vacilando.
Aquilo pareceu só piorar tudo, ele bate suas mãos rudemente na mesa provocando um barulho e um susto meu.
— Então, desculpa eu menti! Eu disse tudo aquilo, porque eu gosto de outra pessoa...
— Espera, o que? Quem é esse sujeito? — ele diz como se já se preparasse para uma luta.

Implorando para que ele não escutasse, revelo:
— É o Ray.
— Isso não faz sentido. Você mesma me disse que o considerava apenas um simples amigo. — ele diz confuso e pensativo.
— Desculpa Norman, eu menti para você... — falo sentindo o arrependimento e a margura consumir meu corpo.
— Por que? Era só ter me dito desde o começo!
Aquilo me machucou mais forte do que uma mordida de demônio. A mentira acabou se tornando uma grande bola de neve.
— Eu não entendo muito bem o porquê fiz isso, mas com certeza estou arrependida.
— Então por que continua pensando nele, se ele mesmo tinha falado na biblioteca que vocês eram apenas amigos?
— Norman... — digo com dó, ele estava desinformado.
— Agora você sente Naty? Sente o que é um amor não correspondido? — seu tom era extremamente vingativo.
— Norman... Ele me disse que sente o mesmo que sinto por ele. — falo cabisbaixa.
A raiva parece consumir ele por completo, aquele não era o Norman, era alguém de coração partido.
Repentinamente ele pega na gola de minha camisa e me coloca contra a parede. Eu estava completamente assutada, meu corpo não se mexia.
— Nor...Norman... — murmuro tentando tirar alguma força para falar.
— Só tem um jeito de saber se você não gosta de mim!
Ainda me prendendo forte na parede, sua mão desce até minha cintura. Ele estava pronto para me dar um beijo, eu o recusava fortemente mas ele tinha, de alguma forma, feito algumas chaves no meu corpo para eu não me mover. Seus lábios tocam nos meus, e não era nem um pouco agradável, eu só sentia nojo.
No mesmo instante escuto passos familiares, Norman ainda estava ocupado se "deliciando" em meus lábios. A porta de abre com calma e distração, vejo a figura de meu amado Ray. Ele olha para mim assutado, assim como eu estava minutos atrás.
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𝑻𝒆𝒙𝒕𝒐𝒔, 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝒆 𝑩𝒆𝒊𝒋𝒐𝒔 (𝚁𝚊𝚢 𝚇 𝙻𝚎𝚒𝚝𝚘𝚛𝚊)
RomanceEM REVISÃO/CONCLUÍDA Um orfanato repleto de mistérios, um garoto apaixonado por livros com uma melhor amiga, uma garota que quer acreditar no amor... Um livro de romance, declarações, paixões passadas, brigas e discussões, fuga planejada, acidentes...