Capítulo 33: Tentando levantar

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Minha rotina se tornou chorar por duas a três horas seguidas debaixo das cobertas, tentar ler algum livro, lembrar que é um romance e chorar por mais uma hora. Dormir por falta de energia, acordar com os barulhos vindos das janelas com uma leve fresta de luz do sol. Escutar várias pessoas falando: "Sai desse quarto" "Vai ficar doente" "Pelo menos abra a janela" "Vai dormir que passa" "Ele está em um lugar melhor" "Seus olhos estão muito vermelhos" "Vem comer alguma coisa pelo menos" "Para de drama" "Já ficou muito tempo de luto" "Vai tomar um ar fresco" "Já deu de chorar"

Eu sempre ignoro todos esses comentários e volto para o mundo que criei em minha mente. Um mundo onde estou casada, sorridente, com filhos...um mundo onde minhas únicas preocupações são "o que faço de janta?"...um mundo onde a pessoa que mais me amou esta ao meu lado feliz...um mundo que faz sentido. Um dos poucos momentos que não me sinto mal são os que Ray passa comigo. As tardes que ele passa lendo livros de aventuras com atuações e imitações. As noites que ele consegue me tirar do quarto e me leva para adormecer vendo as estrelas no céu. Os por do sóis que assistimos ao som de músicas que o mesmo me ensinou a gostar. Os inícios de noites que ficamos cozinhando receitas de livros que o mesmo achou. Até mesmo as madrugadas que ele me conta histórias de sua mente ou de seu dia dia. Infelizmente ele tem responsabilidades, logo, sempre parte enquanto ainda estou dormindo.

[Quebra no tempo] Faz um mês desde a morte de Oliver.

Acordo com a mão de Paula em meu ombro ela olha para mim com um sorriso, ela se aproxima e sussurra em meu ouvido:

-Vem! Vamos tomar banho!-Eu recuso mas a mesma me puxa para o banheiro e me obriga a tomar um banho. Ela me dá um vestido preto comprido com uma bota de cano baixo também preta. Visto as roupas e vejo Ray de roupas pretas como as minhas. Pela primeira vez, vejo Yuugo desde o acontecido, ele estava de gravata e terno, seus olhos estavam tão vermelhos quanto os meus. Ray pega em minha mão e me guia até o cemitério que Ele está enterrado. Emma começa a fazer um discurso:

-Hoje faz exatamente um mês desde que perdemos Oliver...-Ela continua seu discurso mas me dói muito escutar...

-Por fim, Naty...o que você tem pra falar pras crianças?-Emma fala olhando pra mim...

[Flashback] Ray conversava com Naty sobre o processo do luto.

-Ei!-Ray fala erguendo meu queixo, mas eu ainda estava chorando.
-Aqui no livro fala que pra te ajudar na recuperação você vai contar a história do Oliver, pra quem seja, toda vez que for no túmulo dele...

*Voltando ao tempo atual*

-Naty?-A ruiva começa a me chamar. Limpo minha garganta e lágrimas e tento falar:
-Bom...o Oliver...como todos vocês sabem...vivia no abrigo com a gente...-Volto a chorar por lembrar dos momentos que passei com o mesmo.

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[Nova linha de quebra no tempo, ideia da

Naty estava no túmulo do Oliver de novo, já faziam 6 meses desde a morte do mesmo. Ray havia virado o porto seguro de Naty, a mesma já estava se adaptando a rotina anterior.

-Bom, agora fazem 6 meses desde a morte do nosso querido Oliver...Naty, vai nos contar a história dele...-Emma fala, sinto Ray pegar em minha mão e sussurrar:
-Você consegue...
-Bom...o Oliver vivia no abrigo com a gente, na verdade ele vivia mesmo antes da gente "invadir" lá...quando eu vi ele...-Não consigo terminar de falar por sentir um nó na garganta.
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Faz um ano que Oliver morreu, Naty já havia voltado a sua rotina normal, quase não chorava mais a noite, sempre dormia abraçada de Ray. Naty conseguiu uma vaga na biblioteca com Norman e Ray. Ela estava agora no túmulo de Oliver.

-Agora faz um ano desde que perdemos o Oliver...Naty...pode nos contar sua história com ele?-Desta vez me sentia bem confiante, pega na mão de Jemina e Dominic, que eram os "filhos" meus e do Oliver.
-Bom vamos começar...o Oliver vivia no abrigo há um tempão! Quando encontrei ele pela primeira vez...senti meu coração acelerar e quase pular pela boca, ele era fofo e sensível. Lembro até hoje das longas conversas que tivemos durante um bom tempo, ele me ajudou a superar várias cicatrizes que eu tinha. Vivemos um romance curto porém cheio de amor...devo muito a ele...é isso...
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Faz uma semana desde o acontecimento passado, Naty estava na biblioteca trabalhando, durante seu almoço, ela sempre lia livros.

Eu estava lendo o belo romance de Romeu e Julieta quando sinto Ray se sentando ao meu lado com sua xícara de café.
-Lendo romance de novo?-Ele me pergunta tomando um gole.
-Sim, você sabe que são meus favoritos...
-Aham...e o seu livro?
-Ah Ray nem tô muito confiante com esse livro não...
-E por que não?
-Sei lá, eu não tô tendo muitos pensamentos românticos ultimamente pra poder escrever romance...
-E quer ter esses pensamentos de novo?-Ray fala de ajoelhando no chão todo corado.
-Ray...do que você tá falando?
-Não é óbvio?
-Não...
-Meu Deus, pra alguém que lê muito romance você tá bem devagar...
-Por que tá ajoelhado?
-Porque...porque...
-DESENBUCHA RAY!
-ACEITA NAMORAR COMIGO!?

𝑻𝒆𝒙𝒕𝒐𝒔, 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝒆 𝑩𝒆𝒊𝒋𝒐𝒔 (𝚁𝚊𝚢 𝚇 𝙻𝚎𝚒𝚝𝚘𝚛𝚊)Onde histórias criam vida. Descubra agora