Capítulo 10: Um Coração Quebrado

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  Abro meus olhos com dificuldade e deixo pensamentos fluírem por minha mente. Aquele beijo que dei em Norman não tinha paixão, mas me machucaria se fosse meu amado. Como será que ele lidou? Isso não vai me levar algum, preciso de distração.

  A bela garota de óculos e cabelos verdes passa em minha frente.

— Oi Gilda! Topa fazer alguma coisa?

— Ah! Oi Naty... — Ela responde desviando o olhar. - Adoraria fazer alguma coisa com você, mas estou bem ocupada! Desculpa!

  Ela pega um das crianças pequenas no colo e sai dali rapidamente. Vejo Emma conversando com Norman... Ambos pareciam estar bem próximos, no fim, acho que os dois se merecem mesmo.

  Vou a biblioteca, já que todos estavam ocupados, eu também deveria me ocupar. Vou na busca do melhor livro já escrito: " A Bela e a Fera". Estranhamente ele não estava lá?! Será que alguma criança também pegou? Solto um suspiro e saio da biblioteca com o livro: "Romeu e Julieta".

  Me sento na árvore meio solitária por todos estarem ocupados. Abro o livro e começo a ler a excitante história de dois jovens afortunados que têm seu amor proibido. O sono volta a tomar conta de meus olhos, e acordo com a luz do meio dia. Apenas avisto Ray conversando com Anna novamente?!

  Seguro todas as minhas emoções tentando engoli-las. É errado eu ter ciúmes, aliás eles são apenas amigos... Vejo Ray abraçando Anna, tirando os pés da mesma da grama, dando um beijo em sua bochecha, fazendo a menina corar.

  Sinto uma amargura em coração, sinto ele ser esmagado por uma bigorna. Estava torturante assistir aquilo, mas prometi melhorar. Nada melhor que uma boa xícara de café para apagar essa mágoa.

  Me dirijo a cozinha e me deparo com Mama. Ela incrivelmente parece uma simples mulher inofensiva, mas sei dos segredos que ela esconde por trás dessa bela máscara. Ignoro a presença da mesma e pego uma chaleira para esquentar a água. Ela me observa por um tempo e passa as mãos em meus cabelos em forma de trazer conforto. Seu rosto expressava uma expressão de preocupação.

— Naty, você está bem? — Seguro minhas lágrimas fortemente tentando o máximo normalizar minha voz.

— Estou sim Mama. — Esboço um sorriso fraco e forçado.

— Naty, querida não precisa fingir para mim. Eu vejo a amargura de um coração partido em seus olhos.

  Não me sustento ao escutar essas palavras e desabo no chão abraçando as pernas dela, cobertas por seu longo vestido azul marinho. Gaguejando e em lágrimas olho para ela e falo:

— Mama... Você já se apaixonou?

  Sua expressão materna se torna para algo como uma crise existencial.

— Bom, Naty, vou te contar um história. — Ela fala colocando a água, borbulhando, em minha caneca e adicionando um pouco de pó de café.

— Venha, sente se. — Ela fala com seu tom de voz macio e apontando para o sofá da sala.

— Há muito tempo, antes de eu ser até mesmo uma Mama, eu vivia com um menino. Seu nome era Leslie.

— Como assim era? — Falo com a xícara quente em mãos e me apoiando em seu colo.

— Ele era incrível. Seus olhos eram azuis como o mar, ele tinha um cabelo roxo puxado para o rosa, seu sorriso era o mais lindo de todos... — Vejo Mama mergulhar em suas memórias com um sorriso em seu rosto.

— O que aconteceu com ele Mama? — Pergunto bem curiosa

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— O que aconteceu com ele Mama? — Pergunto bem curiosa.

— Ele se foi...

  Sua voz vacilava, era perceptível. Talvez ela não seja um monstro, como todas nós crianças, ela é humana.

— Mama! — Uma das crianças chama ela.

— Já vou querido... — Ela faz um cafuné em meus cabelos, e se levanta do sofá.

  Essa trágica história contada por ela me intriga e me deixa pensativa. Talvez eu possa pensar melhor a respeito deitada em minha cama. Podem ser os últimos meses antes de minha remessa, mas foram os meses que eu mais me senti viva.

  Subo a escada totalmente mergulhada em pensamentos. Ao olhar para a porta vejo que está interditada por algumas "adoráveis" crianças, ou seja, pirralhos!

  Pelo visto vou ter que pensar sobre isso outra hora, a melhor opção agora é me trancafiar na biblioteca. Vou até as prateleiras empoeiradas, monto uma pilha de livros e subo em uma das estantes. O dia se passar rapidamente, foi reconfortante fazer uma maratona de leitura. Por volta das 19:00, vejo meu amado entrar na biblioteca a minha procura.

  Escondo meu rosto atrás do livro que segurava, a cena dele grudado a Anna roda em minha mente, e doía. De repente, o local que eu estava sentada começa a balançar, acabo perdendo meu equilíbrio e caindo. Espero a dor chegar em minhas costas, porém apenas sinto Ray me pegando em seu colo.

— Cuidado princesa... — Ele sussurra em meus ouvidos sedutoramente.

O garoto anda a fora da biblioteca comigo em seus braços, me debato, não vou cair nesse feitiço idiota de novo.

— Ray me solta!

— Calma! Tenho um negócio pra te mostrar! — Bufo e faço uma cara brava. Ele olha para mim e sorri, como se eu fosse uma tola.

— Você fica muito fofa quando fica brava.

  Aquilo me deixa mais furiosa, não sou tão fácil assim e quando fico brava devo causar medo, não fofura. Como as pessoas vão me levar á sério desse jeito?

  Olho ao meu redor e vejo nosso quarto, não havia uma alma penada no corredor, estava extremamente silencioso. O menino abre a porta e me coloca sentada na cama. Vejo ele fechar a porta. Ele olhava para mim nervoso, o que poderia ser? Estava terminando?! Pelo menos já estou preparada psicologicamente.

  Seus olhos faziam contato constante com os meus, admito que destruiu minha barreira de ódio e preocupação por completo. Assisto ele se agachar:

— Naty...

𝑻𝒆𝒙𝒕𝒐𝒔, 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝒆 𝑩𝒆𝒊𝒋𝒐𝒔 (𝚁𝚊𝚢 𝚇 𝙻𝚎𝚒𝚝𝚘𝚛𝚊)Onde histórias criam vida. Descubra agora