Capítulo 7: O Ciúmes

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  A luz invade o quarto mais uma vez, sinto minha cabeça latejar, talvez me faltasse horas de sono. Ray estava com um olhar assustado, parecia como o meu da manhã anterior, paranóico.

— Naty... — ele me chama ao ver que eu estava acordada.

— Fala, querido. — digo mantendo o sorriso.

— Por que você não confessou seus sentimentos por mim antes?

  Meu sorriso desaparece em questão de segundos, eu sabia muito bem o motivo, era aquela maldita fala de tantos anos atrás... "O amor é um besteira...", seria doloroso dizer a ele que a culpa era dele mesmo. Cogitei omitir tudo mas uma boa relação é baseada em confiança, tomo coragem para contar.

— Olha Ray... Primeiro não quero que você fique chateado tá? Você era só uma criança sabe? — o menino faz um sinal de afirmação com a cabeça —  Então... Sabe quando tínhamos 6 anos e perguntei a você se você acreditava no amor? Você lembra da sua resposta?

  Pelo olhar dele era possível ver que ele tinha compreendido. Aquele olhar cortava meu coração, tentando consolá-lo me ajeito minha postura e o abraço fortemente.

— Na... Naty... — ele gagueja.

— Fala. — respondo soltando ele. 

— Eu falei aquilo porque... — ele tampa seu rosto com as mãos, tiro as mesmas do rosto dele rapidamente e calmamente digo:

— Pode me falar, eu não vou te julgar.

— É porque o Norman dinha me dito naquele dia que gostava de você...

  Aquilo me levara a uma linha de raciocínio, ele tinha perdido toda a sua segurança em dizer para mim como se sentia.

— Ray... eu já disse que é de você que eu gosto?

— Sim, mas, sabe eu tenho um certo ciúmes dele...

  Eu compreendia a situação, já havia passado por diversos momentos de puro ciúmes, era complicado.

— Ray... Eu te entendo mais do que imagina. Eu também tenho muito ciúmes, sou muito impulsiva em momentos de pressão e vingativa, isso sempre termina em problemas... Eu sempre tenho tentando melhorar mas se isso te afetar entenderei caso queira desistir de tudo.

  Agora era o meu coração que gritava alto, era verdade tudo o que eu estava falando, eu me odeio do jeito que sou tanto fisicamente quanto mentalmente e isso poderia causar grandes problemas para as pessoas que eu amo.

— Naty, eu gosto de você do jeito que é!

  Não haviam palavras mais perfeitas e reconfortantes para ele me dizer, por aquele momento eu senti que finalmente merecia ele. Beijo ele com a felicidade despejando nos meus lábios.

— Vem, vamos tomar café da manhã. — ele sorri e vamos.

  Passamos bom tempo do dia combinando o plano de fuga, claro, que evito Norman. Passamos com alguns sufocos com a Irmã Krone e Mama Isabella. Até que no fim do dia, fizemos uma descoberta: Temos rastreadores implantados em nossos corpos!

  Eram bem primatas mas eram mais que necessários para nossa fuga! Precisávamos encontrar o local que estava para pelo menos pensarmos em como desativar ele.

  Ray me olha maliciosamente, eu já entendia o recado mas não podia queimar minha reputação, então já encerro rapidamente a despedida.

— Boa noite a todos! — anuncio puxando Ray pelo braço.

  Entro no quarto calmamente, me sento na cama e o garoto me empurra contra a cama.

— Deixa que eu acho esse rastreador para você. — ele sussurra.

  Sinto seus lábios se alimentando dos meus cada vez mais rápido, era possível sentir todo seu amor transformado em calor. Sua língua lambuzava todo meu pescoço e solto alguns gemidos baixos. Seus dentes pressionavam minhas bochechas e boca. Ele faz um caminho de mordidas até que chega na ponta de minhas orelhas e para.

— Acho que encontrei nosso tesouro. — ele fala saindo de cima de mim e deitando ao meu lado.

  Meu coração ainda pulsava tão rápido quanto uma lebre salta mas o sono toma conta da minha visão e adormeço.

  Acordo e vejo que Ray ainda está dormindo, fico um tempo apreciando sua beleza. Ele acorda me dá um selinho e já sai da cama. Fico surpresa de ele não ter enrolado na cama como tinha feito todas as outras manhãs. 

  Tenho um breve diálogo e acabo descendo para o café da manhã sozinha. Lembro que era um fim de semana e as provas estavam suspensas, chego ao plano de ler algum livro para me trazer um entretenimento. Essa semana tinha sido um pura montanha russa, recheada de momentos altos e baixos.

  Vou a biblioteca e deslizo meus dedos pelas prateleiras de madeira, fecho meus olhos e pego um livro qualquer. Vou ao exterior da Casa e me sento na grama verde aproveitando o sol das 10:00.

  O garoto dos cabelos brancos passa em minha frente, uma reflexão vem em mente. Acho que eu devia um pedido de desculpas, a forma que eu o recusei foi totalmente insensível e cruel.

— Norman! — o garoto direciona seu olhar para mim, parecia bem desmotivado.

— Oi. — ele responde secamente.

— Você tem tempo para conversar?

— Tenho.

— Eu queria me desculpar com você, o que fiz não foi justo, peço seu perdão.

— Eu também te devo um milhão de desculpas! Eu realmente não queria ter feito isso, não sei como cheguei naquele ponto.

— Tudo bem, Norman!

  Sorrio e sinto minha consciência finalmente limpa. Era como se um peso tivesse sumido de minhas costas. Retorno para a árvore e avisto Ray lá no fundo... Ele estava nos braços de Anna?! Aquilo não poderia ser verdade! Não! Era verdade, aquele sorriso branco estava olhando para os olhos da querida e amada Anna. Eu esperava tanta coisa mas isso? Deplorável.

  Norman passa ao meu lado e não penso duas vezes. Puxo ele pela camisa e o beijo até que Ray perceba.

  Com o ódio ainda derramado em meu rosto solto o menino e corro até meu quarto, a vingança me consumira.

𝑻𝒆𝒙𝒕𝒐𝒔, 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝒆 𝑩𝒆𝒊𝒋𝒐𝒔 (𝚁𝚊𝚢 𝚇 𝙻𝚎𝚒𝚝𝚘𝚛𝚊)Onde histórias criam vida. Descubra agora