Não deve ter coisa pior no mundo para alguém que reprime sentimentos do que ver a sua pessoa de confiança te trair, eu era um monstro.— Naty... — ele diz assustado, com um olhar de cortar meu coração.
Eu só tinha uma chance, sem hesitar grito:
— Ray! Espera!
Vejo a figura do garoto entrar em nosso quarto e trancar a porta. Com a amargura consumindo meu coração, deslizo minhas costas na porta que me separava de meu amado. Lágrimas preenchiam meus olhos, até que a menina alegre e ruiva surge:
— Naty, você está bem?
— Eu pareço bem Emma? — pergunto sarcástica enquanto as lágrimas rolavam por minhas maçãs faciais. A melhor amiga de Emma aparece, vulgo, Gilda.
— Ei! Não fala assim... O que aconteceu? — Gilda diz.
— Foi só uma discussão idiota.
— Aí aí, isso me lembra quando você e o Ray brigaram. Era tão engraçado, duas crianças de cinco anos com mentalidade de 10 brigando por um livro.
Flashback:
Ambos com 5 anos, Ray e Naty brigaram por causa de um livro, Naty vai para um canto e começa a chorar.
Ray tinha razão, eu estava sendo uma hipócrita, deveria ter dado o livro de uma vez só.
Parecia quase impossível falar com ele diretamente e pedir desculpas... Talvez eu não precisasse, bastava eu escrever! Como sempre faço!
Vou ao escritório de Mama, pego uma folha A4, uma caneta azul e um selo. Escrevo a carta esboçando minhas mais sinceras desculpas. Selo a carta com o pequeno selo e vou ao garoto entregá-la.
O encontro e ele segurava o livro, ainda envergonhado, ele olha para mim e grita rapidamente:
— Vamos ler juntos!
— Adoraria, Ray! Mas antes quero te entregar isso. - falo tentando apagar o meu ego.
— Muito obrigado. — ele diz tão envergonhado comi eu, talvez também não esperasse a carta.
Voltado ao tempo atual
Sorrio ao lembrar do momento, olho para as garotas, as agradeço e parto em busca de meus materiais.
Finalizo a carta ainda com um pequeno poema, era curto porém bonito. Ainda insegura em relação a carta chamo as duas garotas para um simples bate papo.
— Vamos para a biblioteca conversar?
— Claro! — ambas respondem sorridentes.
Conversamos sobre diversos assuntos, era libertador e tínhamos mais coisas em comum do que eu imaginava. Mas resolvo colocar um assunto que realmente me interessava na mesa, era uma simples abertura para conversar sobre a situação inteira do Norman.
— Meninas! — digo, tendo a atenção de ambas voltadas a mim.
— O que?
— Eu vou perguntar uma coisa, vocês prometem responder sinceramente?
— Prometemos!
— Vocês gostam de alguém como par romântico? Se sim, quem?
Vejo os rostos das duas se tornarem tomates.
— Eu... Eu gosto... Assim muito mesmo... Do Don... — a menina dos cabelo verdes diz quase se engasgando em vergonha.
Acho que no fundo todos do orfanato conseguiam perceber isso, menos o lerdo do meliante. Curiosa pergunta para a ruiva:
— E você Emma?
— Olha... Eu não sei nem como falar isso direito, mas sabe... Eu... Gosto do... Ray!
Sinceramente eu esperava qualquer um daquele orfanato menos o Ray! Eles raramente conversavam, eram de universos tão distantes, tão estranho e confuso. Eu me sentia muito mal, mas rapidamente associo a situação de horas atrás, ela se sentia como Norman.
— Gilda, primeiro preciso te falar uma coisa. — falo tampando os ouvidos da outra.
— Pode falar!
— Então, eu e Ray nos beijamos! Ele disse que sente atração por mim e eu o mesmo por ele! Emma viu isso, não sei o que fazer! — falo rapidamente, Gilda fica em choque e fica pensativa por um bom tempo.
— Emma, eu sinto muito mesmo, mas não posso escolher de quem gosto!
Emma já tinha um livro cobrindo seu rosto, lágrimas se derramaram na mesa formando uma enorme poça. Retiro o livro de sua face e vejo a mesma toda avermelhada, a mágoa se transbordava pelos seus olhos, era claro o coração despedaçado. Só consigo pensar em como consolar ela, era jovem e não merecia passar por aquilo. Abraço a garota como se fosse minha tina chance, meu ombro se encharca no mesmo instante.
— Emma, eu sinto muito mesmo, eu espero que com o tempo você possa me perdoar, não te julgarei se guardar rancor de mim, espero mesmo de coração que você ache outra pessoa tão incrível quanto você!
Sinto sua respiração parar por segundos, ela tira seu rosto de meu ombro e fala com um sorriso:
— Naty eu te perdoo! Nunca guardei nem guardaria rancor de você! Eu entendo ele gostar de você, você é linda, tem os mesmos gostos que ele, é tão inteligente quanto ele! Vocês dois parecem ser almas gêmeas, sabe? Querer competir com isso é como querer competir em uma corrida contra uma lebre sendo uma tartaruga!
— Ei! Emma! Não é porque ele me escolheu que você é pior viu? Você é linda, sua capacidade de aprender apenas observando uma vez é impressionante, você é bondosa, empática! Eu me sinto honrada de conhecer você! Você sempre me ensina muito!
Nos abraçamos mais uma vez até que Gilda aos prantos fala:
— Vocês duas são muitos fofinhas! Vamos lavar nossos rostos e dormir, certo?
Nos despedimos na porta do quarto delas e Gilda fala:
— Boa sorte, Naty!
— Obrigada, Gilda!
Vou até o quarto e a porta já estava destrancada, vejo Ray com uma cara de tristeza lendo a carta.
Corro até ele e o abraço o mais forte possível! Seu rosto se enrusbece mas, retribui o abraço com um mais forte, sussurro em seu ouvido:
— Ray, eu nunca vou te trair tá!? — seus olhos brilham ao me ver.
Entramos no quarto e deitamos, eu sentia a vontade de ter seus lábios grudados nos meus quase impossível de ser medida.
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𝑻𝒆𝒙𝒕𝒐𝒔, 𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝒆 𝑩𝒆𝒊𝒋𝒐𝒔 (𝚁𝚊𝚢 𝚇 𝙻𝚎𝚒𝚝𝚘𝚛𝚊)
RomanceEM REVISÃO/CONCLUÍDA Um orfanato repleto de mistérios, um garoto apaixonado por livros com uma melhor amiga, uma garota que quer acreditar no amor... Um livro de romance, declarações, paixões passadas, brigas e discussões, fuga planejada, acidentes...