Carla Maraisa's Point Of View.
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O filme havia terminado e meu sono nada de chegar, o de Marília também não, pelo visto, pois ligou sua caixa de som e colocou música para tocar. Samba? Eu gosto, mas não imaginava que ela gostasse, por aqui quase ninguém faz uso da cultura brasileira.
Marília começou a dançar alegre, sincronizando seu corpo com a batida, e eu sorri vendo-a daquela forma. Resolvi me juntar a ela, cantando alto e dançando ao som da música, rindo como loucas.
A energia dela é tão gostosa que eu quero sentí-la o tempo todo. Aquele sorriso misturado com gargalhadas e seus cabelos loiros longos de um lado pro outro por conta de sua agitação me deixa... viva. Tudo o que Marília é me diz que o universo tem algo de bom, que tem algo importante, que existe um motivo pra que existamos, pra que eu exista. E essa esperança toda que agora vive em mim é ela.
- Você dança bem. - Ela diz abaixando o som, deixando-o em uma altura que dê para escutarmos uma à outra.
- Você não só dança bem como tem a energia mais incrível do mundo. - Digo me aproximando dela. - Agora eu tô cansada. - Suspiro.
- Eu preciso de um banho urgente. - Fala limpando uma gota de suor que insistia em escorrer por sua testa. - Se quiser, pode usar o banheiro primeiro.
- Não, não precisa, toma banho primeiro que eu vou depois. - Ela pega uma toalha em seu closet e abre a porta do banheiro. - Tem problema se eu entrar com você? Não quero ficar aqui esperando, vou ficar fazendo o quê?
- Não tem problema, dengo. - Ela ri. Entramos no banheiro, eu de um lado do box, que a propósito era embaçado, e ela do outro. Marília começou a despir-se, pendurando a roupa nos ganchos do banheiro. - Eu amo banhos quentes. - Diz ligando o chuveiro. Me sento sobre a tampa do vaso sanitário. - Isso me relaxa, não tem coisa que deixe o meu dia melhor como um banho quente.
- Sabe como é quando você gosta de ficar limpa e ao mesmo tempo não quer banhar? Sou eu. - Ouço sua risada gostosa do outro lado.
- Eu era assim quando criança, entendo bem. - Desliga o chuveiro e começa a passar sabonete.
- Agora eu lembrei de alguns meninos do colégio que mal tomam banho.
- O Jake? Charlie? - Ela pergunta.
- Sim. Lembra daquela vez em que o diretor precisou mandar eles pro banho porque realmente não tinha condições? - Digo e gargalhamos. - Não sei como ele conseguiu passar mais que cinco segundos dando bronca neles, eu não aguentaria.
- Você não presta! - Diz rindo.
- Você muito menos, está rindo e fofocando comigo. - Retruco com uma expressão debochada no rosto. Marília liga novamente o chuveiro para tirar o sabonete do corpo, em seguida lava o rosto.
- Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer, e te querendo eu vou tentando te encontrar. - Marília cantarola após enxaguar sua face, me trazendo boas memórias. Ela realmente gostava de música brasileira, assim como alguém que foi muito importante para mim.
- Meu pai amava essa música. - Digo e sorrio lembrando dele.
- Desculpa, eu não queria... Se quiser eu canto outra. - Sua voz soa preocupação e um pouco de desespero.
- Vou me perdendo buscando em outros braços seus abraços, perdido no vazio de outros passos do abismo em que você se retirou e me atirou, e me deixou aqui sozinho. - Continuo a música. Me sinto à vontade ali, sei que ele está cuidando de mim, e a presença de Marília me deixa segura. - Sua voz é linda. - Digo.
- Vou querer que você cante para que eu durma. - Ela diz e eu rio. - Eu fiz mal em cantar justamente essa música? - Questiona preocupada.
- Não, dengo. Cantar deixava ele feliz, vivo, essa música então... Eu gosto se sentí-lo, é como se ainda estivesse aqui. - Olho para cima. - Eu sinto a maior saudade, mas sei que ele foi a pessoa mais incrível e que quem teve a oportunidade de conhecê-lo teve muita sorte. - Uma lágrima solitária escorre por minha bochecha. Marília sai do box enrolada na toalha, com seus cabelos loiros presos em um coque. Ela se curva para ficar à altura em que eu estava e enxuga meu rosto.
- Ei, ele está bem e está cuidando de vocês. Eu estou aqui, vou cuidar de você. Prometo. - Diz segurando minha mão. Marília dá um beijo demorado em minha testa.
- Você já cuida, e muito bem. - Olho em seus olhos castanhos. - Marília... - Chamo seu nome e ela continua me olhando à espera de uma resposta. - Você é muito linda. - Digo com a voz suave colocando a mão em sua bochecha. Ela deitou a cabeça ali, sorrindo sem mostrar os dentes, e ainda por cima fechou os olhos. - Você pretende me matar de amor algum dia e está pondo esse plano em prática? É o que está parecendo, senhora. - Marília abriu os olhos e eu ouvi sua risadinha, a mesma beijou minha mão e se levantou, me levando para fora do banheiro.
- Quer me ajudar a escolher o babydoll que eu vou dormir? - Diz pegando seus pijamas e pondo sobre a cama.
- Óbvio. - Digo tocando em um prata e um rosa pastel de cetim. Seguro um verde militar de cetim com renda preta nas barras e no pequeno decote. - Gostei desse, dengo. - Entrego o babydoll a ela. Marília me olha cerrando os olhos e de primeira eu não havia entendido, compreendi segundos depois. - Eu escolhi esse sem intenção nenhuma, só achei ele realmente muito lindo. - Falo levantando as mãos em sinal de rendição.
- Estou indo vestí-lo, sua pervertida. - A loira diz se dirigindo ao seu closet, o qual ela entra e tranca a porta, mas não demora mais que cinco minutos lá.
Marília saiu de lá vestida no pijama que havíamos escolhido e os cabelos loiros soltos com leves ondas, e eu estava pedindo perdão mentalmente se o que pensei for pecado. Ela é uma grande gostosa, por Deus!
- Você é linda. - Foi a única coisa que saiu de minha boca, e em tom baixo. Eu ainda estava um tanto quanto hipnotizada. Pra completar, a loira deu um volta, me mostrando como ficou o maldito babydoll em seu corpo.
- Você escolheu bem, eu gostei bastante. - Diz vindo até mim. - Não vai tomar seu banho? - Fala enquanto eu a analiso. - Maraisa?
- Já estou indo, calma. - Dou uma risadinha. - Preciso de uma toalha e que você fique comigo lá. - Olho para o banheiro. - Não quero ficar sozinha. - Faço bico.
- Sabe que eu não sei te dizer "não" e usa isso contra mim? Fique sabendo que acho isso uma injustiça das grandes.
- Não tenho culpa se você não resiste ao meu charme. - Digo jogando o cabelo.
- Palhaça. - Ela ri e dá um leve tapa em meu braço. - Pode ir tomar banho que eu vou pegar sua toalha. - Diz e assim eu faço. Segundos depois estávamos como antes, ela de um lado e eu do outro jogando conversa fora.
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The Cheerleader | Malila
Fanfic- Onde duas garotas conhecem o amor na adolescência, cursando o ensino médio.