O brilho

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- Hmm...quer entrar?_ eu ofereci a ele.
- E-eu, não devia estar aqui né?_ele disse entrando depois que eu abri espaço para ele.
- Não, tá tudo bem...vou fazer comida para a gente, sinta se a vontade.

Ele se sentou no meu sofá e eu fui para a cozinha e comecei, agora de verdade, a cortar cebolas.

Eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo, mas iria fazer alguma coisa, eu já tinha me oferecido para fazer algo de comer.

Então eu comecei a fazer, e me deixei ser guiada pelo meu corpo, meu pensamento estava distante, eu estava tendo pensamento desconexos, completamente distraída e quando me dei conta a comida já estava pronta, eu fiz um tipo de sopa de macarrão com legumes.

Era seis da tarde, e essa seria a janta, como meu corpo chegou a conclusão de fazer isso? Eu sei lá, nem estava prestando atenção.

Eu o chamei para comer e ele se sentou à mesa, ele não disse uma palavra em momento algum, apenas ficou me olhando, como se tivesse algo errado em mim, não que não tivesse, mas era estranho.

Até que para algo que eu fiz não prestando atenção estava muito bom, mas eu não tava com tanta vontade assim de comer.

Então eu coloquei bem pouco no meu prato de sopa.

Keigo comeu toda a sopa que colocou no prato, e então ele finalmente falou.

- Estava muito bom, obrigado.
- Não há de quê.
- E-Eu...eu não devia....eu devia ir para minha casa, estou sendo um incomodo.
- Não é incomodo algum, é que eu não sei receber visitas, não estou acostumada a ser visitada.
- Não, claro que não, você tá indo bem._ ele parou de me olhar e começou a encarar o prato vazio a sua frente._ Eu sei que vai te parecer esquisito eu estar te dizendo isso, já que eu sou apenas um doido que era seu amigo na adolescência e por acaso não desiste de te encher, mas eu...eu senti sua falta, eu senti sua falta por todos aqueles malditos 4 anos, e eu me arrependo a cada segundo por ter parado de conversar com você, eu sei que você não se lembra de mim, mas eu não me importo, eu preciso dizer isso porque eu..._ o interrompi antes que pudesse terminar.
- Keigo...tá tudo bem ok, por mais que eu não me lembre eu entendo você ter se afastado, amizades começam e terminam a todo o momento, e você não tem que se culpar por querer se afastar.
- A questão é essa...eu não queria...mas eu tinha que fazer aquilo...
- Tá vendo, você tinha seus motivos, e tá tudo bem...
- Me desculpa...
- Eu juro que se ouvir essa palavra saindo da sua boca de novo eu te dou um soco._ ele riu e disse de novo.
- Desculpa..._ ao perceber o que disse ele tapou a boca e começou a rir loucamente. Eu estava rindo também, e dessa vez era sincero.

O tempo passou e Keigo resolveu me levar no local onde nós encontramos quando éramos adolescentes.

Pov Keigo

Nós fomos até o lugarzinho onde nós adorávamos ir quando éramos adolescentes.

Estava ainda mais bonito que antes, agora tinha um campo de girassóis antes de chegar na enorme cerejeira que tinha lá.

A árvore estava florida e o rio corria mais limpo que nunca.

Ela nem se quer se importou com os girassóis, eu tinha certeza que eles eram suas flores favoritas, talvez não sejam mais...

Ela também não estava nem aí para a cerejeira florida, que eu também tinha certeza que ela amava.

E as estrelas, ela também não mostrou importância, ela apenas se deitou na grama e ficou olhando para cima com uma confusão aparente em seu rosto.

Eu me deitei ao seu lado e comecei a olhar para o céu também, ela não parecia estar bem.

- Hey, Aiko...
- Sim?
- Tá tudo bem mesmo?
- Sim, por quê?
- Por nada, só estou preocupado...
- Não precisa ficar, tá tudo bem.

E pela primeira vez eu não acreditei em uma palavra do que ela me disse.

Eu não sei porque, nem como, mas parecia que apenas de olhar para ela eu sentia tudo o que ela estava sentindo, e não era bom.

Eu não podia decifrar seus pensamentos, mas eu podia sentir a sua dor, talvez porque fosse igual a minha, talvez porque nós temos uma ligação inexplicável, eu não sabia exatamente o que era, nem o que significava.

Eu não queria que ela se sentisse dessa forma, mas eu simplesmente não podia fazer nada a respeito.

E eu me sinto mal por isso, me sinto péssimo por não poder impedi-la de sentir isso.

E de repente a dor parou, eu não sentia mais, nem a minha, nem a dela, como se tivesse sido apenas passageira, e então ela começou a falar.

Ela estava contando sobre as constelações e o nome de cada estrela importante, tal como ela fazia quando éramos adolescentes.

Aiko era simplesmente apaixonada pelas estrelas, era uma paixão intensa e contínua.

Ela aprendia tudo sobre as estrelas, amava estudar sobre elas, e quando não sabia ao certo o nome de alguma ela nomeava com um nome estúpido mas fofo como...

- Nuggets de frango...aquela ali olha._ ela apontou para o céu._ Eu não sei porque dei esse nome estúpido a ela, mas ela é uma das estrelas sem nome, e isso foi a primeira coisa que veio a minha mente quando a vi pela primeira vez.
- Eu acho fofo._ ela riu envergonhada.
- Sabe...eu não sei porque eu gosto tanto desses astros luminosos que na verdade são gigantes perto de mim, mas a gente apenas pode ver pontinhos brilhantes, como se alguém tivesse colado pedrinhas em um tecido azul escuro puxado pro preto._ ela não tirou os olhos do céu nem por um minuto.

Eu também não conseguia tirar os olhos do céu nem por um minuto, porém eu e Aiko não estávamos observando o mesmo céu. Olhar pra Aiko falando daquela forma era o equivalente a observar as estrelas para ela.

Ao mesmo tempo que ela parecia alguém completamente diferente ela parecia exatamente igual, e eu acho que era isso que ainda me encantava nela.

Por mais que tenha se passado muito tempo, por mais que ela tenha se esquecido do que vivemos ela ainda tinha o mesmo brilho de sempre.

Ela brilhava muito mais que uma estrela para mim, a beleza dela por dentro e por fora era incomparável até mesmo com as estrelas.

Um amor improvável (Keigo Takami/ Hawks)Onde histórias criam vida. Descubra agora