O sono

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Pov Aiko

Eu me deitei após tomar um banho e jantar, mas me deitar não significava que eu conseguiria dormir. A noite parecia algo muito sombrio e era nessas horas que a dor aumentava.

Eu já havia me acostumado a não dormir a noite, já que mesmo antes disso tudo era difícil uma noite que eu dormisse completamente, já que grande parte dos ataques ocorriam enquanto todos dormiam.

Depois de um bom tempo deitada em minha cama percebi que adormecer seria um ato impossível para mim nesse momento, então me levantei e fui em direção a cozinha.

Era perceptível que Keigo também não havia adormecido, sua respiração não estava profunda e controlada, e sim correndo como se ele estivesse acabado de sair de uma maratona.

Eu não precisava acender a luz para perceber que ele estava com os pensamentos correndo soltos enquanto olhava para o teto. A preocupação que ele estampava mais cedo depois do ocorrido obviamente não o havia abandonado nem por um segundo se quer.

Pelas histórias que ouvi nossa, narrada por ele e pelo o que sei dele que Rumi me contou, uma característica permanente dele é a preocupação. Ele sempre está preocupado com algo e vive com a cabeça nas nuvens por isso. Ele também não é uma pessoa sociável então costuma guardar tudo pra si.

- Sei que também não conseguiu dormir, a preocupação estava estampada em seus olhos._ eu disse enquanto pegava um copo de água.
- Tem razão, não consigo pregar meus olhos nem por um segundo._ sua voz estava com um tom de sono, oque o deixava muito...me recusei a terminar esse pensamento.
- Pelo menos não sou a única acordada, odeio essa hora da madrugada, onde está tudo tão quieto, mas ao mesmo tempo tão barulhento.
- Te entendo bem, odeio estar acordado na madrugada também, principalmente quando é porque o sono não quer me alcançar.
- Em partes já me acostumei a não dormir direito, mas ainda é terrível que seja a essas horas._ eu disse enquanto fazia um chá. - Vai querer um chá também?
- Depende de qual está falando. _ ele deu uma risadinha ironica.
- Drogas._ respondi mais ironicamente, eu sabia que não era isso que ele queria dizer.
- Sério que você tem aí? Seria uma boa agora, pelo menos estaria acordado chapado e não me lamentando pelo rumo que minha vida tomou.
- Para o nosso azar não tenho, nunca fui de usar esse tipo de coisa, apesar de Rumi já me ter oferecido várias vezes.
- Rumi fuma maconha?_ ele riu histericamente. - Esperava tudo dela, menos que fosse fumante da verdinha.
- Pois é né, e você, fuma mesmo?
- Não, mas nesse momento queria, maldita hora que recusei do Dabi.
- Veja bem, você falando da Rumi, mas eu poderia jurar que você era um especialista neste assunto._ ele apenas riu. - E aí, vai querer o chá ou não?
- Chá de quê?
- Camomila, Keigo.
- Aceito.

Então eu terminei o chá e coloquei em duas xícaras e levei para a sala, coloquei as xícaras sobre a mesinha que tem de frente para o sofá e me sentei no tapete de frente para onde, agora, Keigo estava sentado escorando suas costas no sofá.

Por incrível que pareça, a presença dele aqui faz com que a dor se torne mais suportável.

Keigo abriu um sorrisinho e se inclinou em direção a mim enquanto pegava a sua xícara.

- Não vai acender a luz?
- Não. Gosto do escuro.
- Acho que isso é pra que eu não perceba que estou sendo envenenado.

- Talvez._ olhei em direção do relógio e marcavam exatas 3:33 am, esse horário começou a ser percebido por mim mais frequentemente que o normal.
- Faz um pedido.
- Por que eu faria?
- Pois são horas com números iguais.
- Puta coisa de criança isso.
- Ah para, Aiko. Você já foi mais divertida.
- Não vou fazer pedido nenhum, odeio o número 3.
- Odeia não. Anda logo, vai passar da hora.
- Não.
- Pois eu faço então._ ele disse e se virou para o teto e fez silêncio por um tempo. - Pronto. _ e voltou seu olhar pra mim.
- São 3:35 am, parece que você perdeu a hora.
- Culpa sua, boboca.
- Vai a merda, Keigo.
- Aiko agora tem um humor adulto, ela ficou chata.
- Chato é você, passarinho.
- Até parece que você não gosta das minhas piadinhas.
- Quem disse que eu gosto?_ disse só pra contrariar seu ego inflado.
- Não gosta?
- Não. _ menti.
- Pois então parei._ ele disse e voltou a olhar pro teto. - Mas não gosta nem um pouquinho?_ ele olhou de novo pra mim e fez um biquinho.

Eu apenas ri enquanto me levantava e ia em direção do sofá, assim que o encontrei me joguei com tudo. O sofá era daqueles que virava cama e era bem mais macio que a minha própria cama, nunca havia deitado em algo tão bom.

Keigo olhou com indignação pra mim e antes que pudesse dizer qualquer coisa eu o empurrei pro lado, o que fez com que quando ele se levantasse viesse rapidamente em minha direção.

E então ele me prendeu embaixo dele e começou a me fazer cócegas, e eu me acabei em risadas. Eu estava me sentindo pertencente a algo de novo, o vazio sumiu e eu estava rindo genuinamente. De repente memórias começaram a vir a tona e eu me senti adolescente de novo.

E assim Keigo parou, ele me olhava fixamente nos olhos e parecia que ele sentia o mesmo que eu. Então ele se aproximou e eu senti uma atração muito forte, eu o queria ali, eu queria o beijar, eu o queria completamente para mim.

Seu olhar se tornava mais intenso e repleto de luxuria, eu o analisei por completo e ele deu um sorrisinho de canto e se aproximou um pouco mais, deixando nossas bocas próximas o bastante para que se iniciasse um beijo, mas ele não o fez.

Nossos corpos estavam colados um no outro e eu sentia a necessidade dele, mas também não ousei tomar a atitude. Ele passou a mão pelos meus cabelos e então pelo meu rosto. E as memórias rodeavam minha cabeça e meu corpo implorava pra que ele me beijasse, para que estivéssemos mais próximos.

E então ele me deu um sorriso genuíno, um belo sorriso de satisfação.

E então ele me deu um sorriso genuíno, um belo sorriso de satisfação

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Um amor improvável (Keigo Takami/ Hawks)Onde histórias criam vida. Descubra agora