5.

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"O-o que vocês estão fazendo aqui?" Daniel perguntou tolamente, sentindo a garganta seca. Olhou para o painel do elevador e gemeu quando viu que ainda estava chegando ao quinto andar. Precisava sair dali. Seus olhos encontraram novamente os de Elídio e ele sentiu seu coração errar uma batida... E voltar a bater tão forte que quase dava para ouvir o batuque ecoando pelo cubículo de metal. Lico tentava não demonstrar como estava abalado por ter Daniel ali a sua frente, mas aquilo era evidente para qualquer espectador mais atento.

Anderson estava tremendo da cabeça aos pés. Deu um passo em direção ao mais velho, que finalmente voltou sua atenção a ele. Daniel não conseguiu dizer nada antes de Anderson cruzar o espaço que os separava e abraçar o amigo com toda a sua força.

"Puta merda, como eu senti sua falta." choramingou baixinho para o menor, não se importando se seu carinho não estava sendo retribuído. Daniel mantinha as mãos fechadas grudadas ao corpo, não sabendo como agir. Elídio olhou a cena e bufou, cruzando os braços e apoiando as costas na parede de metal.

"Ridículo." resmungou para o nada, olhando para o outro lado. Daniel estreitou os olhos e afastou Anderson com delicadeza. Cruzou os braços, desconfortável, e baixou os olhos para encarar os tênis sujos. Anderson olhou de um para o outro e bufou, passando a mão na testa para tirar os fios caídos.

"Vocês não vão parar com isso?" ralhou. "Aquela história já acabou. Parem de ficar remoendo essa merda e se falem!"

"Por que eu falaria com alguém que tentou me sabotar?" Elídio questionou nervoso, olhos faiscantes na direção de Anderson, ultrajado por ele cogitar aquilo. "Você só pode ter esquecido tudo o que houve. Você não pode ser tão otário assim."

Daniel ouvia em silêncio a discussão acalorada entre os dois homens, não querendo se meter. Parou em frente as portas de metal, batendo o pé repetidamente contra o chão. Sabia que iria passar mal a qualquer momento. Precisava sair dali.

"[...] eu nunca vou voltar a falar com esse mau caráter de merda!" Elídio praguejou alto, sem se importar se seria ouvido. "Esse tipo de gente não faz falta." Daniel tentou se controlar, mas não conseguiu se conter e voou na direção de Elídio, o empurrando com toda força na parede. Elídio tentou revidar, mas o homem mais velho tinha o braço pressionado contra seu pescoço e o encarava com tanto ódio que Sanna teve medo de levar uma surra. Daniel estava transtornado.

"Eu não vou aceitar mais ser ofendido." ele falou baixinho, sua voz trêmula e o rosto vermelho, "Você já destruiu minha vida uma vez. Você arruinou tudo que a gente tinha." engoliu em seco, porquê aquilo ainda doía. "Você não vai acabar comigo de novo, seu arrombado."

"Dani..." Anderson chamou com receio, apoiando a mão no ombro do menor. Mas Daniel estava tão cego de raiva que fechou o punho da mão livre e acertou o outro com toda a força. Anderson cambaleou pra trás, surpreso com a agressão repentina.

Daniel pareceu retornar de seu transe e olhou assustado para os dois homens no elevador, que o encaravam em completo choque. "Meu Deus! Me desculpe!" virou para sair do elevador e seu rosto queimou de vergonha quando encontrou uma plateia parada à porta, o encarando com temor e reprovação. Não conseguiu dizer nada, saindo em disparada para fora do prédio.

Daniel não estava vendo para onde ia, apenas querendo se afastar o mais rápido possível de onde estava antes. Não acreditava no que havia acabado de fazer. Ele nunca havia agido daquela forma; não conseguia entender.

Parou após alguns bons minutos de corrida, sentindo seus pulmões em chamas e seu corpo coberto de suor. Apoiou a mão em um poste e se debruçou para frente, colocando para fora todo o pouco que havia comido naquele dia. Sentia as lágrimas caindo copiosamente dos seus olhos. Só queria ir embora dali.

Behind the ScenesOnde histórias criam vida. Descubra agora