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Daniel tentava blindar seu coração contra as investidas de Elídio, mas não havia como não ficar balançando quando se era tratado tão bem. Em nenhum momento Sanna tinha sido invasivo ou desrespeitoso, muito pelo contrário. Ele agia com tanta delicadeza que as vezes até confundia. Ele convidava Daniel para jantar praticamente toda semana, onde ele cada vez mais fazia pratos do zero e Dani apenas precisava esperar para ser servido. Elídio sabia que Daniel não bebia mais, então tinha estocado garrafas do suco favorito do rapaz. Sempre lhe trazia presentinhos, com a desculpa de que tinha visto e achado a cara do ex-namorado. Daniel tentava recusar, mas Sanna insistia que não era problema nenhum. Até na porta de seu trabalho Elídio tinha ido espera-lo, dizendo que estava passando na região e tinha ido dar um Oi. Ele sempre tinha uma desculpa para estar perto de Daniel.

"Ele tá muito sua cadelinha." Marco tinha brincado um dia, quando saíram para jantar com Sanna e visto o tratamento dele para com o amigo. Daniel tinha rido e repreendido o amigo, mas não soube o que responder. Sanna parecia que seria capaz de mover céus só para agradar Dani.

Naquela quarta-feira, Elídio ainda não tinha conseguido falar com Daniel. Tinham combinado de sair juntos para ir ao mercado e Sanna estava ligando praticamente desde a hora que tinha acordado, mas o amigo não havia dado sinal de vida. A princípio, Elídio pensou que ele só estava ocupado com o trabalho e não tinha visto o telefone - mas quando a tarde continuo a rolar e nenhuma mensagem tinha chego, Sanna começou a ficar muito preocupado. Seu primeiro pensamento tinha sido de que Mateus tinha reaparecido e armado algo contra Dani; e esse pensamento sozinho tinha lhe deixado a beira de um ataque de pânico. Decidiu então ligar para Marco antes de fazer qualquer loucura.

"Oi Lico. Aconteceu alguma coisa?" Marco soou do outro lado da linha.

"O Daniel tá com você?" perguntou sem rodeios, andando de um lado para o outro na sala. "Não consegui falar com ele o dia todo."

"Eu..." em casa, Marco parou de tirar as roupas da máquina de lavar e tentou se lembrar se havia falado com o amigo naquele dia. "A última vez que eu falei com o Dani foi ontem a noite. Eu vou tentar ligar pra ele daqui."

"Eu estou ligando o dia inteiro, Marco. Liguei, mandei mensagem e ele sumiu." dava pra notar o desespero na voz de Sanna. "Será que aconteceu alguma coisa com ele?"

"Elídio, eu tenho certeza que não aconteceu nada com o Daniel." Marco tentou tranquilizar o outro, mas ele mesmo estava nervoso. "Eu vou passar aí na sua casa e nós vamos até o Dani."

Sanna concordou e desligou o telefone, indo se arrumar. Não sossegou enquanto Marco não chegou. Não demorou dois minutos pra encontrar o amigo na rua e irem até o prédio de Daniel. Obviamente Marco tinha a chave, então subiu e entrou direto, chamando o amigo.

Nada parecia fora do lugar no apartamento, mas Daniel não estava em casa e seu celular tinha sido esquecido sobre a mesa da sala.

"E se o Mateus fez algo com ele?" Sanna questionou ansioso, sentando no sofá pra tentar controlar suas pernas trêmulas. "Eu vou matar aquele merda se ele tocar no Daniel."

"Elídio, só para de falar um minuto." Marco pediu irritado, a agitação de Elídio o deixando ainda mais apavorado. Precisava se manter sob controle. Estava ligando para os amigos e tentando descobrir se alguém tinha notícia de Daniel. "Eu sei que você tá ansioso, mas calma!"

Elídio continuou agitado, mas parou de falar. Sabia que não estava ajudando em nada, mas não conseguia colocar a cabeça no lugar. Parecia que tinha uma nuvem em seus olhos que o impedia de raciocinar e ser útil.

Marco passou vários minutos no telefone com as pessoas que sabia que tinham contato com Daniel, mas ninguém tinha notícias dele. Já estava pronto para começar a telefonar os hospitais da região quando o barulho das chaves do lado de fora da porta os fez saltar de susto. Daniel entrou em casa em passos curtos, pálido como um fantasma e olheiras fundas como vampiro. Também se assustou quando levantou os olhos e viu Marco e Elídio no meio da sala.

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