Anderson sempre havia sido um homem muito querido por todos, por sua personalidade, por sua bondade, por seu bom humor. Ele era amigo de todo mundo, e era por isso que a notícia de sua internação tinha gerado uma grande onda de empatia e solidariedade dos fãs e de muitos da classe artística, que não entendiam a razão de um ataque tão violento contra um cara tão bom quanto Bizzocchi. Mas nenhuma palavra bonita ou arranjo de flores conseguia aplacar a dor que Gabriella sentia em seu coração. A esposa de Anderson estava um trapo. Estava todos os dias ao lado do marido, dormindo no sofá do canto e tomando banho no banheiro do quarto. Por vezes tinha a companhia de algum dos amigos do marido, que tentavam convencê-la a ir para casa e descansar, mas a mulher se recusava a ir embora. Só deixava o quarto para comer alguma coisa na lanchonete do hospital, quando alguém chegava para a visita.
Por ter levado tantas golpes na cabeça, Anderson ficou sedado por quatro dias para ajudar em sua recuperação. O único momento em que Gabriella ficou um pouco mais animada foi quando o médico de Anderson anunciou que iriam diminuir a sedação. Apesar do homem idoso ter explicado que Andy poderia não acordar imediatamente, a mulher se agarrou a esperança de que seria aquilo a acontecer. Ficou com os olhos pregados em Bizzocchi por horas, mas ele não acordou; e aquilo levou Gabriella de volta a espiral de depressão e luto que se encontrava.
Ela tinha tanto medo de Andy não acordar. Agora que tudo estava dando certo e finalmente o bebê deles estava chegando. Temia que aquele pesadelo nunca tivesse fim. Naquela noite, dormiu agarrada ao braço bom do marido, as lágrimas caindo sem parar de seus olhos e preces sendo feitas até ela mesma apagar de exaustão.
Daniel, Marco, Edu e Guilherme se revezavam para fazer companhia para Gabriella, preocupados demais com o amigo desacordado e sua esposa fragilizada. Elídio era o único que não aparecia. Desde aquele primeiro dia, ele nunca mais tinha colocado os pés no hospital e sequer dava notícias sobre o seu estado. O quarteto tinha tentado falar com ele, mas tinham sido ignorados, então Sanna tinha sido posto de lado – pelo menos nos primeiros dias.
Mas noo sétimo dia de internação, Daniel pediu para Marco ficar com Gabriella e rumou para a casa de Elídio. Aquele silêncio todo estava o incomodando e ele temia que o ator fizesse alguma besteira. Ainda era bem cedo quando saiu de casa, mas tinha a esperança que o amigo já estivesse acordado quando apertou o interfone. Esperou alguns minutos e novamente apertou. Foi apenas na terceira vez que a voz rouca de Elídio soou no alto falante.
"Sou eu. Daniel. Abre!"
Daniel achou que Elídio o deixaria plantado na calçada, mas após quase um minuto o portão abriu. Entrando no prédio e subindo no elevador, Daniel tinha a cabeça cheia de temores por seus amigos mais antigos. Estava muito preocupado pela situação de Anderson e temia o que encontraria quando encontrasse Elídio. Apoiou as costas na parede do elevador e esfregou o rosto, soltando um suspiro cansado. Ainda sentia dificuldade de processar tudo o que estava acontecendo na última semana. Ele realmente achou que as coisas iriam melhorar.
Chegando na porta de Sanna, encontrou a mesma encostada. Respirou fundo para tentar acalmar os nervos e empurrou a porta, encontrando o amigo sentado no sofá, com um grande sorriso e uma xícara de café nas mãos. Olhou ao redor, esperando encontrar algo fora do lugar, mas tudo parecia impecável. Franziu a testa e se aproximou de Sanna depois de fechar a porta. Sentou ao seu lado no sofá e analisou seu rosto com cuidado. Era óbvio que Elídio tentava fingir que estava muito bem, mas suas olheiras profundas e olhos vermelhos o denunciavam.
"Como você tá?" perguntou com a voz baixa, pousando a mão delicadamente sobre a coxa do outro. "Estávamos muito preocupados com você."
"Eu estou bem, Dani." disse com sua voz quebrada, aumentando o sorriso. "Resolvi tirar essa semana pra descansar, sabe? Colocar a cabeça no lugar."
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Behind the Scenes
FanfictionTrês anos se passaram desde o fim dos Barbixas e cada um trilhou seu próprio caminho na carreira solo. A mágoa causada pelas palavras ditas ainda está presente, e Daniel e Elídio nunca mais conseguiram estar na mesma sala sem se alfinetar. O que pod...