6.

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[ANDERSON]

Eu já havia perdido a noção do tempo que eu estava parado ali no batente da porta, olhando fixamente para Gabriella, com um sorriso bobo adornando meus lábios. Meu amor por aquela mulher era tão forte que me deixava tonto. Ela havia aparecido em minha vida logo após o rompimento dos Barbixas e havia sido a única pessoa a ver o quão emocionalmente destruído eu havia ficado naquela época. Elídio havia ficado bastante abalado com todo o acontecido, então eu não podia despejar nele as minhas frustrações — e eu não tinha mais Daniel. Eu tinha o dever de segurar as pontas por Lico, e Gabi havia me ajudado nisso.

"No que está pensando?" sua voz doce soou nos meus ouvidos, me trazendo de volta do meu transe. Dei uma risadinha constrangida por ter sido pego no flagra, e me aproximei dela, sentando no chão ao seu lado.

"Só na sorte que eu tenho por ter você comigo." respondi a ela, apertando a pontinha de seu nariz. Ela riu acanhada e se debruçou para selar rapidamente nossos lábios. Seus olhos passaram por meu rosto e ela fez um biquinho quando viu a manchinha que eu ainda tinha no meu rosto, do soco que havia levado há alguns dias. Ela havia ficado furiosa quando contei o que havia acontecido. 'Tá tudo bem, amor' eu havia dito 'eu mereci.'

"Eu odeio te ver machucado." ela resmungou com chateação. "Eu sei que não posso culpar o Daniel. Você já disse. Mas isso não melhora as coisas."

"Eu já estou bem. Pronto pra outro." brinquei e ela bufou, me fazendo rir.

"E quando vai ser a próxima vez?" a olhei confuso e ela completou. "De levar um soco do Dani."

"Oh! Eu não sei. Quando nos trombarmos de novo na rua." dei os ombros e ela girou os olhos. Arrastou o corpo para ficar ao meu lado, deitou a cabeça no meu ombro e perguntou:

"Por que você não vai atrás dele, amor? Eu vi que você ficou abalado quando vocês se viram." abri a boca para retrucar, mas ela me cortou. "Não tente negar. Eu vi. Eu te conheço, Anderson. Você ficou triste. Você gosta dele."

"Eu adoraria voltar pra vida do Dani, Gabi. Mas... Eu abandonei ele. Ele era o meu melhor amigo desde a escola e quando ele mais precisou, eu não estendi a mão. Ele não me quer por perto." balancei a cabeça e suspirei, sentindo a culpa recair sobre mim mais uma vez. "E tem o Lico. Ele ficou raivoso de um jeito que eu nunca vi. Eu nem entendi o motivo. Ele não iria aceitar bem se eu voltasse a falar com o Daniel. Não posso trair outro amigo."

"O Elídio é um adulto, Andy. Ele não pode te privar de falar com quem você quer. Ele vai ter que aceitar seja lá o que for." ela começou a resmungar baixinho, só para si, e depois continuou: "Eu entendo a fúria dele, mas você sabe que ele só ficou assim porque o Mateus encheu a cabeça dele. Ele é um manipulador e o Elídio cai que nem um imbecil em tudo que ele fala. Quem sabe ele não volta a si quando o Daniel retornar? Você vai estar fazendo bem para os três Barbixas. Olha que lindo!"

Eu dei uma risada por sua animação e não respondi, me limitando a passar um braço ao redor de suas costas e a puxar para um abraço.

***

Eu não consegui dormir naquela noite. As palavras de Gabriella ecoavam na minha cabeça. Seria maravilhoso se eu pudesse ter meus dois amigos de volta. Meu grupo de volta. Nada me faria mais feliz do que resolver aquela confusão. Talvez aquela fosse minha chance.

Me levantei da cama sem fazer barulho e dei a volta para ficar ao lado de Gabi. A cobri até o pescoço e plantei um beijo em sua bochecha, antes de me apressar para fora do quarto. Me arrumei e sai com o carro com as ruas ainda bem vazias. Eu precisava encontrar Daniel, mas eu não tinha a menor ideia de onde ele estava morando agora. Eu não tinha contato com mais ninguém que tivesse mantido a amizade com Dani. O Gui estava voltando as boas com ele, mas ele ainda não deveria saber o endereço. Eu sabia onde encontrar Marco, mas ele iria bater a porta na minha cara quando eu dissesse o que eu queria. Eu só tinha uma opção.

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