Anderson largou a caneta sobre a mesa e jogou os braços para cima para se espreguiçar. Estava muito cansado. Nas últimas semanas, estava tendo que equilibrar o processo de adoção, a administração do bar, o começo do processo de Guilherme contra Mateus e toda o estresse de tentar tirar Elídio de perto do ex-produtor. Era demais para lidar sozinho. Já era madrugada e Anderson ainda não havia tido a chance de ir para a cama, então não se surpreendeu quando Gabriella apareceu no corredor para chamá-lo.
"Amor, vem pra cama." ela pediu manhosa, ajeitando o edredom que trazia enrolado no corpo. "Amanhã nós temos que levantar cedo pra entregar a papelada da adoção."
"Eu sei, Gabi." respondeu cansado, esfregando os olhos com os dedos polegar e indicador. "Mas eu precisava terminar de preencher esses documentos do bar. E mandar umas informações pro Gui pra ele mandar pro advogado. E--" balançou as mãos no ar. "Enfim, não é importante. São apenas coisas que se acumularam nas últimas semanas."
"Você realmente precisa se planejar melhor, sabia?" ela alfinetou, indo até a janela para dar uma olhada na rua deserta. Estava vendo o marido se afundar em problemas que não era dele e começava a ficar estressada com aquilo. "Como você pretende fazer quando nosso filho vier? Você não vai conseguir dar atenção a uma criança e continuar tentando abraçar o mundo todo como se fosse a droga do pai de todo mundo. Eu não quero ter que passar por todo esse estresse pra acabar criando sozinha o meu filho. Escolha suas prioridades, Anderson."
"Eu vou dar um jeito." ele retrucou. "Eu quero essa criança tanto quanto você, Gabriella." Andy respondeu ranzinza, virando o corpo para ficar de frente para a esposa. "Eu sei que você tá preocupada com todo o processo e eu não tô sendo o melhor marido do mundo agora, mas não é motivo pra agir como uma vaca sobre isso. Eu nunca te deixei na mão."
"Você já me deixou na mão dezenas de vezes, Anderson. É isso que me preocupa." Gabriella replicou, virando para o marido e franzindo o cenho em irritação. "Eu não tô sendo uma vaca. Eu estou genuinamente preocupada com como vai ser. Não estamos nem perto de conseguir uma criança e você já está sendo relapso." suspirou. "E se nosso filho vier e você me abandonar, de novo, porque o Elídio bebeu demais ou o Daniel teve uma crise? Até do Gui você virou babá!"
"Eu tô fazendo o meu melhor!" Anderson protestou, se levantando da cadeira. Estava em um misto de culpa e raiva. "Eu sei que eu vacilo as vezes, mas eu só não quero deixar as pessoas na mão. Muita gente precisa de mim. Você sempre entendeu!"
"Eu acho que tô cansada de entender. Você precisa superar seu complexo de herói e deixar os adultos se virarem. Já tá demais." deu as costas a Anderson e começou a fazer o caminho de volta para o quarto. "Vem dormir. Não podemos nos atrasar."
Anderson grunhiu e deixou o corpo cair de volta na cadeira. Ele entendia a reação da esposa. Ela sempre acabava em segundo plano por conta de alguma emergência que surgia; e como era sempre tão compreensiva, Bizzocchi acabava não dando a atenção apropriada que a mulher merecia. Agora, com o sonho de um filho se tornando mais concreto, Gabriella estava uma pilha de nervos e precisando do marido mais do que nunca. Mas com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo e caindo nas costas de Anderson, a mulher acabava de lado.
Anderson não sabia como deixar todo mundo feliz.
***
"Você tem certeza que quer se envolver nisso?" Marco questionou preocupado, os olhos presos na tela desligada da televisão de sua casa. Ele estava sentado no sofá e tinha a cabeça de Daniel repousada sobre as suas coxas. Os dedos do moreno corriam pelo cabelo curto do ex-ator, que mantinha os olhos fechados e apenas aproveitava o carinho recebido. "O Mateus é seu gatilho, e o Lico te faz tão mal. Por que se causar esse estresse? Você não precisa disso. Você tá bem!"
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Behind the Scenes
FanfictionTrês anos se passaram desde o fim dos Barbixas e cada um trilhou seu próprio caminho na carreira solo. A mágoa causada pelas palavras ditas ainda está presente, e Daniel e Elídio nunca mais conseguiram estar na mesma sala sem se alfinetar. O que pod...