ATENÇÃO
Esse capítulo é meio pesado. Conta com situações de violência e abuso. Se isso for um tópico sensível, por favor, passe direto pro final.
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MUITOS ANOS ANTES
"Esse seu amigo é muito estranho." Gabriel, colega de turma de Elídio, comentou baixinho para o amigo. Mateus estava dormindo no chão, ao lado de Sanna, como um cão de guarda que nunca abandona o posto. "Parece que ele se sente seu dono, sei lá. Ninguém pode chegar perto."
Elídio riu e deu de ombro, sem desviar os olhos do livro em sua mão. Estava chegando na época de provas e só Deus sabia quanta matéria atrasada ele tinha. "Ele é legal. Eu o conheço desde de bem novo e ele nunca teve muitos amigos." explicava distraidamente. "Então, quando a gente começou a se falar, ele grudou em mim que nem carrapato. É meio possessivo mesmo, mas ele nunca faria mal a ninguém."
"Pode ser, mas ainda é muito esquisito essa pose toda dele." fez uma careta, olhando de relance para o corpo imóvel de Mateus. "Eu não aguentaria."
Sanna levantou os olhos por um segundo, um sorriso travesso nos lábios.
"Ciúmes, bebê?" brincou, recebendo um dedo do meio de Gabriel. Elídio soltou uma risadinha e se curvou para alcançar o amigo, o segurando pela gola da camisa e o puxando para perto para poder selar seus lábios rapidamente, antes de voltar ao seus estudos.
Mateus, que fingia dormir esse tempo todo, apertou as mãos com tanta força que suas unhas compridas quase entraram nas suas palmas. Precisou se controlar para não deixar sua raiva entregar que ele estava acordado. Cuidaria do amiguinho abusado de Elídio depois.
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Já era bem tarde e Gabriel estava sozinho no ponto de ônibus, carregando sua mochila pesada e bebendo uma lata de cola-cola, torcendo para que aquilo o mantivesse acordado até em casa. Ouviu passos se aproximando de onde estava e virou a cabeça, encontrando Mateus.
"E aí, cara?" cumprimentou, acenando com a cabeça. "Não sabia que pegava ônibus aqui."
"Não pego." deu de ombros, dando um sorriso esquisito. "É que hoje é um dia especial."
"Legal." respondeu simplesmente, fazendo menção de tomar outro gole. Mas uma pancada repentina em sua cabeça o fez tontear e derrubar sua bebida. Tentou olhar para trás, mas só pôde ver um punho fechado indo direto em seu rosto. "Mas que..." foi atingindo tão forte na boca que sentiu algo quebrando dentro dela, dessa vez indo ao chão. Colocou a mão na boca e cuspiu, vendo que perdera dois dentes. Sentiu o joelho de alguém sobre seu peito e sua cabeça foi empurrada na calçada, fazendo com que ele soltasse um gemido dolorido. Quando olhou para cima, viu que Mateus estava sobre ele e um homem desconhecido, e forte, em pé atrás.
"Eu não quero te ver perto do Elídio de novo. Você me entendeu?" o mais novo disse de modo ameaçador. Gabriel apenas o encarou, sem entender o que estava acontecendo. Sua cabeça doía horrores e tinha um zumbido agudo em seu ouvido. "Você entendeu, seu filho da puta?"
"Você é pirado!" disse raivoso, tentando se desvencilhar, mas Mateus aumentou a pressão de seu joelho sobre o corpo do outro.
"Me chame do que quiser, eu não me importo. Mas não se atreva a mexer no que é meu." Mateus ameaçou. "Eu sou capaz de coisa muito pior. Acho melhor você não pagar pra ver."
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Behind the Scenes
FanfictionTrês anos se passaram desde o fim dos Barbixas e cada um trilhou seu próprio caminho na carreira solo. A mágoa causada pelas palavras ditas ainda está presente, e Daniel e Elídio nunca mais conseguiram estar na mesma sala sem se alfinetar. O que pod...