Anderson girou a chave na fechadura, mas parou antes de adentrar o cômodo. Não sabia se ainda era bem vindo ali.
Conhecendo seu histórico de porres e de trazer estranhos para a própria casa, Elídio havia confiado a Anderson a chave de sua casa, sabendo que o mais alto não mediria esforços para ajuda-lo se sentisse que algo estava errado. Andy era a pessoa a quem Sanna mais confiava; mas depois da briga e dos três meses sem contato, Andy não sabia se ainda tinha esse posto ou o direito de invadir o apartamento do amigo.
Anderson largou a maçaneta e pegou o telefone, tentando ligar mais uma vez para o celular de Elídio. O toque do aparelho dentro do apartamento fez Andy se sobressaltar e entrar de uma vez dentro do imóvel. A primeira vista, não notou nada fora do lugar– até ver o amigo caído no chão.
"Elídio!" exclamou assustado, indo depressa até o amigo e ajoelhando ao seu lado. Puxou a cabeça dele para seu colo e tentou acordá-lo, chamando e balançando, mas Elídio só gemeu alguma coisa e tornou a apagar. "Merda, merda, merda."
Anderson se levantou e puxou o telefone para ligar para a emergência, olhando ao redor em busca de algo que indicasse que Sanna só havia (de novo) exagerado na bebida, mas só encontrou suco e biscoitos. Elídio nem fedia a bebida.
"O que aconteceu aqui?"
***
"... É uma droga parecida com o Boa Noite, Cinderela." a revelação do médico fez Anderson arfar em choque, arregalando os olhos. "Geralmente é misturado com bebidas, mas não foi encontrado nenhum traço de álcool no sangue dele. Nós o colocamos no soro para tentar acelerar a saída da substância do corpo, mas ele ainda deve dormir algumas horas."
"Eu posso vê-lo?"
"Uma enfermeira vem buscá-lo em breve." Anderson meneou com a cabeça e observou o homem idoso se afastar, suspirando cansado e indo se sentar em um dos bancos dispostos no corredor. Curvou o corpo para a frente e apoiou a cabeça na mão, sentindo seu corpo em chamas. Tinha ficado tão assustado quando viu o amigo desacordado. Queria entender como Elídio tinha ingerido uma coisa daquelas em casa.
O nome de Mateus era o único que vinha a sua mente, mas não queria acreditar que o homem tivesse agido de modo tão perigoso. Era loucura.
"Andy?" seu nome chamado o despertou de seus devaneios. Levantou a cabeça e encontrou Daniel parado ao seu lado, com as mãos enfiadas nos bolsos e uma postura de desconforto. Se levantou e o abraçou brevemente, o puxando para sentar ao seu lado. Anderson havia ligado para Dani assim que chegou ao hospital, não querendo ficar sozinho naquela situação. Pensou que o mais velho não iria aceitar, mas Daniel não pestanejou quando ficou sabendo o que tinha acontecido com o ex-amigo. "Você tem notícia do Elídio? Ele tá bem?"
"Ele foi dopado." Dani arqueou a sobrancelha, confuso. "Encontraram alguma droga no sangue. O médico disse que ela é misturada com álcool, mas ele não bebeu. Eu..." esfregou o rosto com as mãos, antes de olhar para Daniel. "Você acha que foi o Mateus?"
Daniel não respondeu. Começou a morder a lateral do dedo, nervoso, sua cabeça inundada de teorias. Era claro que achava que tinha sido Mateus, já havia tido provas que o ex-produtor era um sociopata perigoso, mas não cabia a ele acusar ninguém. E o homem parecia gostar de Lico. Será que nem isso era o suficiente para pará-lo?
***
Daniel estava sentado sozinho na poltrona do quarto de Elídio. O ator ainda estava apagado, mas o médico já havia informado que seu sangue já estava praticamente limpo da droga. Anderson havia ido até a cafeteria do hospital em busca de algo para comer, pedindo para Daniel não deixar Sanna sozinho — o mais velho havia protestado, mas Andy saiu sem dar bola para as reclamações do amigo.
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Behind the Scenes
FanfictionTrês anos se passaram desde o fim dos Barbixas e cada um trilhou seu próprio caminho na carreira solo. A mágoa causada pelas palavras ditas ainda está presente, e Daniel e Elídio nunca mais conseguiram estar na mesma sala sem se alfinetar. O que pod...