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[TRÊS ANOS ANTES]

O espaço apertado do cubículo do banheiro não era impedimento para os amassos cada vez mais calorosos do casal escondido ali dentro. Daniel estava sentado sobre a tampa fechada do vaso sanitário, com um Elídio rebolativo sentado sobre seu colo. As mãos do mais velho tinham sido rápidas em descartar a camisa do namorado, deixando suas palmas livres para explorar o corpo que conhecia tão bem.

Elídio tinha uma mão firme na nuca do namorado, seus lábios grudados em um beijo cheio de desejo acumulado de quem não se viam a duas semanas. Daniel havia acabado de voltar de uma viagem de trabalho para o Rio de Janeiro, tendo retornado naquele mesmo dia e ido direto para o ensaio para o próximo show do Improvável. Eles haviam tentado se controlar ao máximo para não se agarrar ali no meio dos amigos e expor o relacionamento– mas quando Anderson pediu para darem uma pausa para o almoço, eles deram uma desculpa para poder ficar para trás e se apressaram para um dos banheiros do prédio. Não achavam que era o local ideal, mas era onde iam conseguir alguma privacidade.

"Senti sua falta." Lico gemeu baixo, jogando a cabeça para trás para dar acesso ao lábios de Daniel ao seu pescoço. O outro grunhiu baixinho, ocupado demais para falar, aumentando o aperto na cintura de Elídio. "Você é maravilhoso." suas mãos fizeram o caminho até a barra da camisa do mais velho e ele fez menção de retirá-la, mas o som da porta do banheiro se abrindo fez os homens paralisarem no meio do que faziam.

"Daniel?" alguém chamou do lado de fora, eles reconhecendo a voz de um rapaz da produção. Elídio apertou os lábios para não rir – tinha adquirido o péssimo hábito de começar a rir sempre que o casal era quase pego no flagra. Daniel pressionou um dedo na boca do amado, um sinal para que fizesse silêncio. "Dani?" tornou a chamar.

"Oi? Tô aqui."

"O pessoal já voltou. Me pediram para te chamar."

"Ok, eu já estou saindo." respondeu de volta, sorrindo de lado e piscando para o outro.

"Você viu o Elídio? Não consegui achar ele."

"Não, não o vi." mentiu, puxando a cabeça do namorado para seu pescoço para abafar os risinhos bobos que ele não conseguia controlar. Parecia um adolescente.

"Vou ligar pra ele."

Elídio se afastou depressa e tentou se erguer para pegar seu celular no bolso detrás da calça fina que usava, mas o aparelho começou a tocar na hora que o segurou. Daniel o arrancou da mão dele e se apressou em desligar, olhando com uma falsa expressão de zangado para o ator.

"Puts, ele esqueceu comigo." apressou-se em arrumar uma desculpa. "Ele deve estar nesse pé sujo aqui da esquina em que ele gosta de lanchar. Já olhou lá?"

"Vou dar uma olhada. Valeu. Não demore aí."

Eles esperaram até a porta ser fechada para relaxar, rindo como duas hienas. Elídio parou de gargalhar e sorriu, olhando para Daniel com olhos cheios de ternura; que esticou o pescoço e selou seus lábios uma última vez antes de o tirar de seu colo. Entregou a camisa dele e saiu do cubículo, indo se recompor no espelho. Sanna se aproximou e o abraçou por trás, apoiando seu queixo no ombro de Dani.

"Depois daqui, é na sua casa ou na minha?" Daniel girou e sorriu grande, colocando a mão no bolso para puxar um chaveiro com duas chaves.

"Por que não na nossa?" percebendo o olhar de confusão de Elídio, explicou. "Eu peguei as chaves do loft hoje, antes de vir pra cá. Eu ia fazer surpresa, mas não quero esperar. Hoje nós vamos direto para o nosso cantinho."

Elídio se jogou nos braços do namorado, juntando novamente seus lábios com entusiasmo. Não podia se conter de tanta alegria. Eles estavam namorando aquele loft haviam meses, mas a resposta positiva nunca vinha. Um local para os dois era um sonho, finalmente realizado. Nunca haviam contado para ninguém sobre o namoro de dois anos porquê tinham medo de que não fossem conseguir manter um relacionamento sério e não queriam tornar tudo estranho quando estivessem acabados – mas agora sentiam que não havia o que temer.

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