Elídio se aconchegou debaixo de suas cobertas, aproveitando o silêncio e a tranquilidade daquele momento, após passar um dia inteiro tendo que aturar Mateus praguejar coisas horríveis sobre Anderson e Daniel. Sanna havia perdido as contas de quantas vezes tinha implorado para que ele respeitasse seu estado e ficasse quieto, mas o agente não parecia nem um pouco preocupado com o bem estar de quem chamava de namorado. Então, quando finalmente recebeu alta e pôde retornar para casa, Elídio recusou a carona e entrou sozinho no táxi.
Sabia que seu celular estava explodindo de mensagens furiosas de Mateus, mas não conseguia fingir que se importava com o chilique dele. Tinha tanta coisa para colocar em ordem que sentia sua cabeça pesada. O que tinha acontecido? Como podia ter sido drogado se estava sozinho em casa, comendo biscoitos e resto de suco? Quando entrou no apartamento naquele fim de tarde, encontrou seu lanche exatamente do mesmo jeito e, contrariando qualquer bom senso que tivesse, experimentou tudo e esperou por uma reação que não veio – o que o deixou mais confuso e estranhamente frustrado. Era a única explicação que tinha para aquela confusão.
Gemeu incomodado e se virou na cama, ainda se sentindo um pouco enjoado. Fechou os olhos por um minuto e a imagem de Daniel foi a primeira coisa que tomou sua mente. Sorriu para o nada, lembrando da sensação de paz e conforto que envolveu seu corpo quando segurou sua mão. Não tinha percebido o quanto sentia falta daquele acolhimento e proteção que apenas Daniel conseguia trazer para ele. É claro que tinha Anderson e todo o seu cuidado fraternal, mas Daniel era seu grande porto seguro antes mesmo da amizade se transformar em amor.
"Ah Daniel!" choramingou contra o travesseiro, "por que você fez isso com a gente? Seu merdinha."
Suspirou fundo e dolorido, sentindo seu coração apertado e sendo afogado por memórias que não gostava de recordar. Nos últimos três anos havia feito tudo o que estava ao seu alcance para esquecer que Daniel havia existido. Havia se embriagado com tudo que pusesse as mãos, havia dormido com todos os caras lhe dessem mole, havia deixado Mateus dar cabo de todas as fotos e vídeos que tivessem a mínima menção de Daniel – havia feito tanta coisa, mas seu coração ainda sangrava pelo amor interrompido com o rapaz. Se fazia de forte, mas a dor não havia diminuído nem um pouquinho.
Ainda era difícil engolir o que Daniel havia feito a eles.
[3 ANOS ANTES]
Sanna observava desinteressado as pessoas dançando, bebendo e se divertindo ao seu redor. Mateus havia preparado aquela confraternização por nenhum motivo em especial, dizendo apenas que queria reunir suas pessoas favoritas para uma festinha.
Elídio, que estava de péssimo humor desde que o produtor lhe mostrara provas contra Daniel naquele mesmo dia, quase não havia comparecido. Queria ficar em casa com o namorado e entender o motivo de Dani ter agido de maneira tão baixa com os amigos e com sua própria empresa. Queria colocar o homem contra a parede e esclarecer aquilo de uma vez, mas Mateus havia implorado para que não fizesse nada de cabeça quente. Afinal, Daniel sempre havia sido uma pessoa tão boa. Devia ter uma desculpa muito convincente para ter feito tudo o que fez. E Sanna se agarrava na esperança de tudo não passar de um grande mal entendido.
Só estava naquela festa por insistência de Mateus – sua presença ali parecia muito importante para o mais novo. Mas mesmo tendo aceitado ir, Elídio não conseguia disfarçar o quanto estava infeliz naquele momento. Olhou ao redor, procurando por Mateus e Daniel, decidido a pegar o namorado e voltar para o cantinho dos dois.
"Procurando por alguém?" virou para trás e encontrou os olhos claros de um dos amigos favoritos do produtor.
"Viu o Mateus?" perguntou curioso, voltando a tentar enxergar a sombra do amigo no meio das pessoas.
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Behind the Scenes
FanfictionTrês anos se passaram desde o fim dos Barbixas e cada um trilhou seu próprio caminho na carreira solo. A mágoa causada pelas palavras ditas ainda está presente, e Daniel e Elídio nunca mais conseguiram estar na mesma sala sem se alfinetar. O que pod...