Tudo o que se ouvia na sala era o som dos papéis sendo manuseados pelas mãos do presentes, que liam silenciosamente a todas as mensagens impressas na folha. Anderson observava ao trio de amigos, preocupado com as mãos trêmulas de Gui, que ficava mais tenso a cada nova folha que pegava para analisar. Era obvio que ele estava raivoso. Ali, na sua frente, estava o motivo de sua carreira ter entrado em um declínio tão repentino em apenas alguns meses. Bem ali, na sua frente, estavam as provas de todas as mentiras e manobras que Mateus havia feito contra ele, por sabe-se lá qual a razão. O agente havia cavado uma cova tão funda para Guilherme, que o nome dele não valia praticamente mais nada no mercado. Era assustador.
"Eu vou matar esse arrombado!" Gui exclamou repentinamente, jogando as folhas sobre a mesa de vidro de seu apartamento e se levantando de súbito, parecendo pronto para sair correndo de dentro da casa e ir atrás de Mateus. Bizzocchi se apressou em segurá-lo, com a ajuda dos outros dois presentes, evitando sua disparada para fora de casa. "ME SOLTA!" gritou exaltado, fazendo força para se livrar das mãos que o prendiam. "Ele destruiu a porra da minha vida. A minha carreira. Eu tô na merda por causa desse doente!"
"Eu sei, Guilherme. Eu sei!" Anderson declarou, forçando o amigo a sentar e se jogando na própria cadeira. Marco começou a juntar todos os papéis que haviam ficado espalhados sobre a mesa e os colocando em uma pilha no centro do móvel. "Mas a gente não pode agir de cabeça quente. Ele acabou com seu trabalho por alguma bostinha sem importância. Imagina o que ele vai fazer se você for lá e quebrar a cara dele?" Guilherme bufou e cruzou os braços, como uma criança emburrada. "Eu odeio admitir isso, mas esse filho da puta tem uma influência enorme. Temos que ter cuidado com o que vamos fazer."
"O Andy tá certo, Gui. A gente precisa ter calma." foi a vez de Edu falar, que encarava a pilha de papéis como se fosse ser atacado a qualquer momento. "Isso é surreal." proferiu, olhando com perplexidade para os outros presentes. "Primeiro o Dani, agora o Gui. Pra que isso?"
"Porque ele é um psicopata de merda, essa é a razão." Guilherme cuspiu a ofensa, dando um soco na mesa. Marco o lançou um olhar severo, mas não disse nada. Entendia os sentimentos do amigo naquele momento. "O Elídio tá sabendo disso? Esse merda aí é amiguinho dele. Namorado né? Cadê ele aqui pra nos ajudar nisso?"
Anderson suspirou, sabendo que não poderia esconder aquela parte.
"O Lico também não tá no melhor momento dele com o Mateus." começou devagar, atraindo os olhares dos outros para si. "O Mateus tá acabando com o Elídio. Muita coisa aconteceu desde aquele acidente com o Lico, que ele foi dopado. É até ridículo falar assim, quando a gente sabe quem é e tudo mais, mas o Lico tá num relacionamento abusivo."
"Ah Andy, não exagera." Gui soltou, rindo pelo nariz. "O Elídio, daquele tamanho, não ia se deixar ser feito de capacho pelo Mateus."
"Eu queria estar exagerando, Gui." retrucou chateado. "Eu não acho que o Mateus esteja batendo no Elídio. Mas ele tem lábia e o Lico sempre caiu no papinho dele." suspirou pesadamente, como se estivesse fisicamente cansado por toda aquela confusão. "O Lico não ficou tão ferrado quanto o Dani, mas ele também foi muito afetado com o acontecido. A cabeça dele também não é muito boa e o Mateus tá massacrando o psicológico dele."
Guilherme apertou os lábios, fazendo uma careta de descrença.
"Violência psicológica também é uma forma de abuso, Gui." Marco adicionou. Suspirou pesadamente e se curvou na cadeira, passando as mãos no rosto e levantando o olhar para encarar Anderson. "Você sabe que eu não gosto do Elídio." falou sem rodeios. "E ficou ainda pior depois de saber que ele era namorado do Daniel e escolheu acreditar naquela anta do Mateus."
Anderson fez uma careta de surpresa ao ouvir Marco. Ele próprio sabia apenas o que havia sido gritado durante a discussão na sua casa. Não sabia o quão sério havia sido, então pensava que teria sido apenas uma relação casual, em que Daniel havia se apaixonado. Ouvir Marco usar a palavra namorado havia o surpreendido. "Mas eu sinto muito que ele esteja passando por isso. Nem um imbecil que nem ele merece uma coisas dessas. Se precisar de ajuda, pode me falar."
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Behind the Scenes
FanfictionTrês anos se passaram desde o fim dos Barbixas e cada um trilhou seu próprio caminho na carreira solo. A mágoa causada pelas palavras ditas ainda está presente, e Daniel e Elídio nunca mais conseguiram estar na mesma sala sem se alfinetar. O que pod...