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Daniel estava nervoso.

Tinha levantado energizado naquela manhã, pulando o café da manhã e indo direto para a arrumação do seu apartamento – que estava longe de estar sujo ou bagunçado, mas que ele queria que estivesse perfeito para poder receber Elídio. Correu para a rua um par de vezes para comprar os ingredientes faltantes para o jantar, para comprar um produto de limpeza com um cheiro melhor e até um tipo de louça que casasse melhor com a ocasião importante que era o jantar.

O ex-ator tinha orgulho de saber cozinhar muito bem, obrigado. Elídio sempre elogiava sua comida e era por isso que ele tinha escolhido fazer algo do zero, ao invés de pedir em delivery ou ir para um restaurante aborrotado. Tinha o desejo de uma noite muito especial com o ex-namorado, sem ter que se preocupar com olhares curiosos ou avaliações em aplicativos. Iria servir três pratos, os quais ele tinha escolhido cuidadosamente muito antes de convidar Sanna aquela noite: a entrada seria uma salada caesar com crispy de queijo, depois serviria uma costelinha de porco caramelizada e iria terminar com uma torta de limão que ele havia encomendado no dia anterior do Nostro Caffè (talvez ele tivesse voltado ao restaurante após deixar Elídio apenas para o pedido de um dos doces favoritos do mais novo, mas ele nunca iria admitir). Iria adorar poder servir um vinho para complementar a refeição, mas sabia que não era adequado. Nenhum dos dois deveria beber álcool.

Mas mesmo com o dia atarefado, Daniel não conseguia evitar que sua mente vagasse para lugares não tão tranquilos. Era óbvio que ele estava feliz por ter Elídio de volta na sua vida e por estarem ensaiando a retomada da relação que nunca deveria ter sido terminada; mas ainda pensava em toda a dor e toda a humilhação que tinha sido exposto nos últimos anos. Não era culpa de ninguém além de Mateus, e ele sabia disso, mas era difícil ignorar a dor causada por Sanna pessoalmente. Se pegou pensando se não estava sendo muito tolo por perdoar Elídio e fazer todo aquele esforço para agrada-lo. Talvez estivesse sendo emocionado demais. Mas, ao mesmo tempo, não podia ignorar o quão acelerado ficava seu coração quando seus olhos encontravam o do rapaz.

Os melhores momentos de sua vida tinham sido por ou com Elídio. Ele ansiava por sentir aquela felicidade avassaladora e genuína novamente.

Tinha que dar uma chance.

Uma última chance.

As oito em ponto estava na porta de Sanna. Em nenhum momento tinha falado que iria buscá-lo em casa, então Elídio ficou bem surpreso quando abriu o portão e encontrou o carro de Daniel parado na rua. Se aproximou devagar e tomou seu lugar ao lado do motorista. Colocou o cinto e enfim olhou para o homem bonito ao lado – que já o encarava com um brilho no olhar que poderia iluminar a noite. "Oi!" cumprimentou acanhado, colocando pra trás uma mecha do seu cabelo que insistia em cair do topete que tinha feito.

"Oi. Você está muito bonito." elogiou o mais velho, vendo o rubor nas bochechas de Sanna.

Elídio agradeceu baixinho e Daniel virou-se para frente para dar partida no carro, acelerando pela rua. Eles não trocaram muitas palavras durante o percurso, mas o silêncio ainda era confortável e familiar. Uma música soava no rádio e Daniel cantarolava junto, batucando os dedos no volante. Sempre que o carro parava em um sinal, Daniel oferecia um sorriso ao ator e esfregava delicadamente seu joelho, antes de voltar sua atenção para a rua.

Quando estacionou o carro na garagem, Daniel desceu primeiro e foi rapidamente para o lado do passageiro, abrindo a porta e oferecendo sua mão para o homem. Elídio mordeu o lábio para conter o sorriso grande demais e agradeceu, entrelaçando seus dedos com os do mais velho e se deixando ser guiado até o elevador.

Elídio perdeu o ar quando entrou no apartamento. Daniel tinha trabalhado duro para tornar o lugar agradável para a noite. Ele tinha deixado as luzes baixas, espalhando velas pelo cômodo para complementar a iluminação; ele havia coberto a mesa com uma bonita toalha bordada, uma louça trabalhada e um arranjo de flores no centro. "Dani, está lindo." sua voz estava trêmula e seus olhos reluziam de emoção. Daniel sorriu satisfeito pela reação e se curvou para plantar um beijo na testa do outro, antes de o guiar em direção a mesa.

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