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ATENÇÃO

As cenas mais a frente podem se tornar gatilho por se tratar de uma situação de abuso. Se for te afetar de algum modo, pode passar direto por esse capítulo.

***

Elídio não conseguia entender como sua vida havia degringolado tão rápida e repentinamente como havia acontecido nos últimos dois meses. Do nada, sem nenhum aviso, Mateus e ele haviam entrado em um tipo de relacionamento que sequer sabia como nomear. Parecia que o mais novo havia aproveitado a guarda baixa de Sanna para se enfiar em sua cama e forçar uma relação que o amigo nunca havia desejado.

Agora ele estava sempre ali, à espreita, escoltando o amigo antes e depois de cada show, controlando suas redes sociais e dificultando seu contato com os amigos que não gostava, especialmente com Guilherme. Elídio já havia cansado de protestar por aquela situação, mas Mateus sempre dava um jeito de virar o jogo e fazer com que o ator parecesse um ingrato.

Afinal, Mateus só estava cuidando do seu amor.

O agente estava sentado sobre a mesa do apartamento de Elídio, com os pés apoiados na cadeira, não usando nada além de sua boxer apertada. Sabia que o ator odiava quando ficava sentado em cima da mesa, mas não se incomodava nem um pouco. Sabia como dobrar Elídio.

O rapaz bebeu do seu copo de café requentado, enquanto rolava preguiçoso pelos e-mails que precisava responder. Para a sua alegria, os artistas que agenciava estavam sendo muito requisitados nas últimas semanas. Até mesmo Guilherme, mas Mateus não fazia muito esforço para aceitar trabalhos para ele- ainda não achava que ele havia pagado por trazer Daniel de volta para as suas vidas. Se dependesse de Mateus, o ator não receberia nada além de migalhas.

O som da porta se abrindo fez o homem levantar a cabeça, a tempo de ver Elídio sair do quarto e crispar os lábios ao vê-lo, de novo, em sua casa e em sua mesa. Lico suspirou e resmungou algo que soou como um cumprimento, recebendo uma resposta animada. O mais velho sentou-se no sofá e desbloqueou o telefone, entrando no WhatsApp para conferir suas mensagens. O nome de Anderson no topo da página o surpreendeu. Fazia tanto tempo que não ouvia falar dele.

Andy Bizzocchi: Elídio, cara, precisamos conversar.

Andy Bizzocchi: Eu sei que você tá puto comigo, mas isso tá ridículo.

Andy Bizzocchi: Me encontra lá no bar hoje à noite.

Andy Bizzocchi: Não quero brigar. Só esclarecer as coisas.

Andy Bizzocchi: Eu pago as bebidas. 🤙🏼

Elídio ficou alguns minutos pensando no que responder. A verdade era que a raiva que estava sentindo pelo que Anderson tinha feito havia se dissipado há muito tempo. Ele tinha tido tempo de sobra para tentar entender o lado do seu melhor amigo. Andy sempre tinha sido claro sobre seus sentimentos a respeito de tudo que havia ocorrido desde o rompimento dos Barbixas e o linchamento cruel que Daniel havia recebido quando todos ficaram sabendo. Ele não deveria ter que pagar por seu bom coração.

Lambeu os lábios secos e olhou discretamente para Mateus, vendo que o outro tinha os olhos fixos no telefone que estava em suas mãos. Elídio sabia que, se pudesse, o agente arrancaria o aparelho de suas mãos. Voltou os olhos para tela e digitou rapidamente uma resposta positiva, escorregando o aparelho para o bolso de seu short.

"Com quem você tá falando?" Mateus perguntou, tentando manter uma expressão despreocupada no rosto.

"Um amigo." respondeu sucinto, seguindo para a cozinha. O agente não se contentou com a resposta curta e o seguiu.

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