Capítulo 16

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   Quando Daniel acordou, Yana ja não estava do seu lado, o frio vindo dos lençóis denunciavam que ja fazia tempo que a mesma tinha saido, com um grunhido baixo o garoto baixou a cabeça e voltou a dormir.
   A quilômetros dali, a loba estava abaixada, a barriga raspando no chão, as orelhas grudadas e o corpo preparado para correr, ela observava o grupo de alces a alguns metros de distância, suas presas.

A qualquer momento agora... – Diz o macho ao seu lado, o pelo castanho-avermelhado brilhando contra o sol da manhã.

Calado... –Resmunga em resposta. Ela nunca gostará de conversas durante uma caçada, nem que seja para trocas de informações sobre as presas e a localização de todo o grupo de caça, preferia o silêncio e a sua própria narureza como guia.

Algumas coisas nunca mudam... -Marloun fala divertido dando um pequeno empurrão na loba que o olha feio, as presas expostas em uma ameaça clara, a risada baixa em sua cabeça a relaxa e ela o empurra de volta devagar antes de se levantar levemente alguns centímetros do chão, o macho segue seu exemplo e como um, eles avançam, com cuidado, usando o mato alto e flores silvestres para se esconderem, quando estão perto o suficiente, param de novo, dessa vez não abaixam todo o corpo, apenas suas cabeças, se preparam e saltam.
   A manada debanda, desesperados para se salvarem, fogem dos dois predadores que emanavam um cheiro diferente, era o suficiente para assusta-los mais ainda. Eles se empurram, chutam e chifram em puro desespero, não percebendo que os caçadores nada faziam além de latir, rosnar e ameaçar, não encularrando uma presa em particular, não percebiam que estavam sendo levados para a armadilha e a morte certa. A frente do grupo uma grande árvore caída atrapalhava o caminho, os animais teriam de pular para ultrapassa-la se quisessem um caminho mais rápido de fuga, e é para isso que eles se preparam, aumentando o ritmo e encurvando as pernas, suas naturezas de fuga gritando tanto para eles  fugirem e se esconderem que eles não perceberam que o cheiro estranho que os dois lobos em suas traseiras emanavam também saia detrás da árvore.  O primeiro alce pula, um macho corpulento e forte, o pulo, apesar de ser feito com medo, é gracioso, porém toda beleza é interrompida de forma brusca quando dentes afiados se fecham ao redor do seu musculoso pescoço e apertam, o macho cai no chão, rolando com o lobo de pelos negros que dilacera seu pescoço em segundos, o bando restante , mais assustados e desesperados ainda, tentam fugir dando a volta pela árvore, outro animal cae, sendo atingido por dois lobos de pelos tom castanho claro, um terceiro também vai ao chão, atingido pelos três lobos restantes, Karu estrangula a presa enquanto sua irmã e primo o seguram no chão com seus pesos. Quando o grupo de alces ja está longe e em segurança -por hora- os lobos soltam suas presas ja mortas, todos arfam levemente pela luta de conseguir derrubar e matar os alces, Yana lambe o pescoço do animal abaixo de si, o sangue que escorre do ferimento que seu irmão fez na jugular da presa era doce contra sua língua, nada comparado as maravilhosas que sua terra natal tinha a oferecer, mas ainda sim bom, e que satisfaz, ela levanta o olhar, sem deixar de lamber o sangue do animal abatido.

Eu disse que ainda sabia caçar, como vocês acham que eu me alimentava? –  Diz com desdém.

— Você virou animal de estimação, não virou? Vai que você comia comida de cachorro, a tal ração ?!– Brinca Dia, sabendo que isso irritaria a mais velha que tenciona.

É, como um gatinho molenga que só vive de carinho na barriga! – Completa Kai e ambos riem juntos, o olhar da fêmea se semicerra e seu corpo se abaixa lentamente, se preparando para uma nova caçada.

Mostrarei o gatinho molenga para vocês, seus moleques... – Ameaça antes de saltar, os gêmeos gritam e fogem, pedindo trégua enquanto são perceguidos pela mais velha que rosna em ameaça e chega a morder os rabos dos mais novos que ganem e pedem desculpas repetidas vezes.

 ᴏ ᴜɪᴠᴀʀOnde histórias criam vida. Descubra agora