ᴏ ᴜɪᴠᴀʀ

Capítulo 27

   Os sons de luta são ouvidos ao longe, que fazem Daniel se arrepiar e estremecer, imaginando a cena brutal dos dois lobos lutando com aquela coisa cheia de espinhos pontiagudos.

— Eu não imaginei que teríamos Espinosos por aqui, não nessa época pelo menos. – Marluon diz num suspiro enquanto se senta na neve, o olhar preso onde os dois lobos e o que Daniel agora sabia se chamar Espinoso, haviam sumido.

— Nenhum de nós imaginava, mas não estou surpreso, ja faz tempo que anda acontecendo essas coisas estranhas no território. – Karu responde, ele está deitado no chão, em suas patas dianteiras estendidas, descansava Caio, que ja havia acordado de seu desmaio, mas estava aéreo e sonolento. Daniel estava sentado no chão, encostado na lateral de Karu, aproveitando seu calor corporal.

  Um farfalhar atrás deles e então os gêmeos surgem, arrastando um choroso Felix. Dia estava em sua forma humana, nu, praguejando alto enquanto arrancava com as mãos espinhos que estavam presos em seus braços e pernas. Ja Kai estava em sua forma lhyncan, arrastando Felix pela orelha com a boca, que gania e mancava enquanto andava. Quando os três estão perto o suficiente, Kai e Felix também ficam em formas humanas, o primeiro rindo alto enquanto o segundo se encolhia na neve, seu corpo quase inteiro estava cheio de espinhos.

— Desembuchem. – Karu manda, Kai ri mais ainda e aponta para Felix e Dia.

— Esse, esse idiota se m-meteu em uma planta es-espinhosa e ficou preso! – Explica entre suas gargalhadas. — Nós dois apostamos quem i-iria busca-lo, e e-eu venci, Dia se meteu nos espinhos e xingou até os ovos! – Se joga no chão, rindo mais ainda, depois de um tempo para, seca suas lágrimas e olha pra seu gêmeo emburrado, depois para Felix. — Nunca gostei tanto de ganhar uma aposta como agora. A cena dos dois presos nos espinhos vai ser uma cena memorável para mim, nunca vou esquecer!

— Na próxima, deixo ele lá, ninguém mandou sair correndo como um filhote assustado. – Resmunga e analisa seus braços e pernas, atrás de qualquer outro espinho, satisfeito por não encontrar nenhum, olha para seu gêmeo sentado no chão e aponta para Felix. — Você tira os espinhos dele.

— Que saco. – Reclama, mas se levanta para chegar perto do que estava cheio de espinhos longos. — Vamos, porco espinho, deixe eu te ajudar.

— Vocês não vão ajudar Kauê e Yana? – Daniel questiona, ganhando a atenção dos dois lobos mais velhos sobre si.

— Queríamos, mas não podemos, nossas ordens é de ficarmos aqui e não podemos fazer o contrário. – Murmura Marluon, voltando a olhar para onde sua prima e tio haviam sumido, seu rabo mechendo de um lado para o outro lentamente, demostrando sua preocupação.

— O que acontece se vocês desobede...Ai!– Grita e põe as mãos do lado direito do corpo, fazendo uma careta de dor. Os lobos ficam agitados e ao longe um ganido de dor é ouvido. — Mas que...merda foi essa? – Pergunta quando a dor começa a passar.

— É ela, não é? Ela ta machucada! – Diz quando nenhum deles responde.

— No nosso território a ligação de vocês fica mais forte por ela estar em seu lar de nascimento, se ela se machucar gravemente, você sente um pouco, se você se machucar, ela também sentirá. – Karu explica rapidamente. Agora todos os lobos estavam nervosos e preocupados com a fêmea, não queriam perde-la de novo. Não depois de tantos anos.

— Então ela está ferida gravemente?! – Guincha se pondo em pé e andando de um lado para o outro. — E se ela MORRER?!

— Você seria o primeiro a saber, então fica atento para caso sentir mais alguma coisa. – Dia explica, Kai termina de tirar os espinhos de Felix e bagunça seus cabelos antes de manda-lo se trasformar.