O Uivar

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Ela não se lembrava de seu nome.

    Não lembraria do mesmo enquanto mordia, rasgava e matava, ela era um furacão de morte,quem entrasse em sua frente não sobreviveria. 

    Seus inimigos haviam atacado ao amanhecer,mas sua alcatéia já estava pronta,ela já estava pronta e, quando atacaram, sua família revidou, o alfa - seu pai - estava a alguns metros à sua direita, ao seu redor estava sua legião formada por 10 lobos,todo alfa tinha a sua. Porém a pequena loba estava lutando sozinha, ela não tinha sua legião e não ligava se tivesse ou não, a muito tempo havia aprendido a gostar daquelas lutas e se perdia em sua mente todas as vezes, por isso não se lembrava de seu nome, não lembrava  quem era, só  lembrava de matar seus inimigos, lobos do alfa do Oeste, o covarde não havia vindo pessoalmente mandando seus lobos em vez disso. 

    Os mandando para a morte… Pensava enquanto rasgava a garganta de um lobo que foi burro o suficiente para ataca-la de frente, o pescoço exposto, ela percebeu a armadilha tarde demais, outro lobo estava esperando a esguelha, silencioso no meio de rosnados e grunhidos soltados pelos lobos que guerreavam pelas suas alcateias, o golpe veio duro em sua costela, arfando ela solta a garganta do que serviu como isca e então a mesma estava rolando, o lobo que a havia atingido rolando com ela, lama e sangue sujava seu pelo e pedras afiadas tentavam lhe cortar o corpo, o lobo tentava morder seu pescoço enquanto rolavam e ela defendia fazendo seus próprios dentes afiados a encontrarem o de seu oponente, empurrando ele com suas patas dianteiras ela finalmente consegue se levantar e perceber que agora estavam longe de onde as lutas acontecia, esse lobo, seja lá quem seja, queria matá-la às escondidas, concluí depois de uma olhada ao redor e em seu oponente já pronto para atacar novamente, visivelmente mais alto que ela, pelagem cor marrom clara com alguns cantos escuros,os olhos negros como a noite, ele, assim como ela, estava coberto de sangue,lama,folhas e outras coisas que se prenderam em seu pêlo.

    Adorarei arrancar sua cabeça do corpo,princesa… -Ouve se põe em posição de ataque.

    Tenha certeza que eu arrancarei a sua antes - rosna em resposta e seu oponente ri malicioso.

    Sangrando desse jeito ficará fraca rapidamente, não acha? 

    E então ela sentiu seu próprio sangue escorrendo da lateral do corpo onde foi atingida, quatro marcas profundas de garras se aprofundavam em sua costela de onde seu sangue saía em grande quantidade, ela não teve tempo de pensar em o quê fazer,o lobo marrom atacou, seu alvo era seu pescoço,mas o que encontrou foi o vento, a loba havia se desviado por pouco e agora arfava, sua ferida era profunda e, mesmo com seu gene que lhe dava uma cicatrização mais rápida que o normal, aquelas marcas profundas em sua lateral levariam em torno de dois dias para cicatrizarem completamente, isso se saísse viva daquela luta, claro. Sua visão começava a embaçar e suas patas já não estavam firmes no chão, o riso de seu oponente era maldoso, ela sabia que o mesmo se divertia com aquilo, com sua situação.

    Meu alfa ficará tão feliz quando eu lhe entregar sua cabeça a ele, serei adorado em todo o reino por ter te matado,demônio da morte!

    Demônio da morte, era assim que a chamavam, a mais jovem em todo reino que foi treinada para guerrear, para matar, a mais jovem lobo a lutar em guerras contra outras alcateias e grupos de espécies diferentes, era isso quem ela era, o demônio da morte, aquela que fazia sua alcateia celebrar e seus inimigos estremecerem de medo. Ela era o demônio da morte e não morreria na mão de um simples lobo, nem hoje,nem nunca! Então se pôs a correr.

    Ela podia ouvir a risada de seu perseguidor enquanto corria, corria para o limiar do território de sua alcateia, onde humanos e lobos eram separados por uma floresta densa e perigosa que afastava todos os humanos que chegassem perto, e os que se aventuravam a entrar na floresta, jamais saiam, seu sangue saia cada vez mais de seu corpo fazendo a mesma cambalear enquanto corria, sua vida dependia daquilo.

    Fuja,cadelinha, eu te pegarei de qualquer maneira!

    Ela só tinha de correr, correr e ignorar os insultos que o lobo atrás de si lhe mandava, mesmo que quisesse parar e enfrentar o lobo que queria sua morte, ela não podia agir por impulso, precisava preparar seu plano, sem falhas, ou morreria. Ela podia ver as árvores da floresta sombria a sua frente e se impulsionou para entrar na floresta onde sentiu a diferença ao entrar no mundo dos humanos, correndo entre as árvores, saltando sobre os troncos e logo sumindo da vista de seu inimigo que parou onde a mesma sumiu e começa a cheirar o ar.

    Sinto o cheiro doce do seu sangue… 

E ela queria que ele sentisse seu cheiro, ela fazia questão que ele sentisse, se esfregando nas árvores ao redor dele, fazendo um círculo ao redor dele,logo o mesmo fica confuso sem saber para onde ir.

    Não é só você que sabe fazer emboscadas, lobo! Sua voz reberda em toda floresta fazendo o lobo não saber de onde ela vem. A mesma estava encolhida em um tronco, perto do lobo e se aproximando cada vez mais engatinhando até ele.

    Não é atoa que me chamam de demônio da morte,sabia? Pergunta a mesma antes de se lançar para cima,na direção de seu oponente, mirando em sua garganta exposta, para o lobo atingido, foi como um flash de luz e então nada.

    Ela havia lhe arrancado a cabeça e caído no chão logo em seguida, precisava de ajuda, precisava sair daquela floresta o mais rápido possível, por isso se pôs a engatinhar para qualquer direção que podia,para longe daquele corpo que se metamorfava e virava o corpo de um homem, era jovem, ela não quis saber os detalhes de seu rosto ou corpo e continuou a engatinhar, o corpo chamaria atenção dos seres das trevas e ela não queria estar por perto quando chegassem. Ela havia chegado em uma clareira e não conseguia mais se mexer, não sabia como estava a luta que acontecia em sua alcateia, mas pela sua ligação com seu pai, sabia que o mesmo estava vivo, com esse pensamento ela se deixou ficar no chão, puxar o ar e uivar, uivar o mais alto que pode, para pedir ajuda a seu pai ou a alguém de sua alcatéia.

    Preciso de ajuda,estou ferida na floresta sombria Dizia seu uivo,e ela uivou,uivou até ouvir uivos de volta que diziam que seu pai a havia escutado e que estava a caminho, ela iria para casa, iria, mas ela não sabia se viva ou morta, sua ferida era profunda demais, ela talvez não sobrevivesse, com isso só lhe sobrou ficar ganindo de dor no chão daquela floresta enquanto esperava, ela não sabia quem chegaria primeiro, seu pai, ou a morte…

 ᴏ ᴜɪᴠᴀʀOnde histórias criam vida. Descubra agora