Capítulo 6

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1572 palavras.


Ninguém sabia para onde olhar, para os rostos assustados dos pais do garoto que caiu a menos de um minuto, para o buraco onde o mesmo sumiu, ou para o lugar onde a loba do menino sumiu na água gelada, alguns metros mais adiante.

-Chamem os bombeiros!-Alguém grita e a correria começa, Sebastian corre para pular na água atrás do filho, mas é impedido por um grupo de homens que o derrubam no chão enquanto Sebastian se debate e grita pelo filho.

-Me soltem, é o meu filho!

-Você vai morrer de hipotermia se pular naquela água, Seb!-Brada o homem carrancudo que mais cedo o havia interrogado sobre a estadia de Flocus na casa da família 

-É O MEU FILHO!- Grita alto em resposta, estavam tão ocupados com Sebastian que não prestaram atenção em Kaiana que anda a passos rápidos, atravessa o lago, da a volta no buraco onde seu filho sumiu com cuidado para não escorregar e vai em direção ao rio que estava no processo de congelamento.

-Kaiana!-Chamam atrás de si e pessoas correm, desesperados, achando que a mulher faria o que o marido estava a pouco querendo fazer, ela levanta a mão e as pessoas param de correr.

-Silêncio!- Pede e da passos devagar sobre o gelo fino, para quando o gelo estrala sob seus pés. Devagar a mulher se ajoelha no gelo, o olhar não saia do buraco a alguns metros onde a loba sumiu.

-Traga meu menino, Flocus, traga Daniel. Por favor!- E ajoelhada ali, sobre o fino gelo, a mulher espera o retorno de fera e criança.

  Ela pôde ouvir o pedido de Kaiana para ela, isso a influenciou a acelerar mais o ritmo das batidas de suas patas contra a correnteza forte do rio, ela prestava atenção a tudo, principalmente ao som rápido e baixo de um coração, ele estava afundando rapidamente, ela não podia ver ele, mas o sentia, ele lutava contra a correnteza que o afastava dela, ou tentava. Ela só esperava ser rápida o suficiente e que o ar que puxou na superfície fosse o suficiente, porque ela já sentia seus pulmões começarem a arder.

  Seus pulmões ardiam, ele se detabia e tentava nadar para cima, mas ele era lançado para todas as direções, para cima, para baixo e para os lados, era uma luta perdida contra a correnteza, uma força da natureza bem mais forte e insistente que o garoto de 12 anos de cabelos escuros e olhos castanhos acizentados.
   Suas roupas antes feitas para mante-lo aquecido e seco agora estavam pesadas e o puxavam para baixo, ele não conseguia mais segurar o fôlego e o soltou, seu corpo parou de se debater, estava tão frio, ele já não sentia as extremidades de seu corpo, em um ato natural de seu corpo, ele puxou o ar, o que veio foi água que fez sua narina arder, ele engasga e olha para cima, ele ainda podia ver a luz do sol contra a água, ele pisca, era assim que morreria? Pisca outra vez, ele sente quando seu corpo sai da corrente de água e só flutua por um momento na água antes de voltar a afundar devagar.
   Então ele vê uma mão estendida em sua direção, os cabelos eram brancos, ou talvez eram o reflexo da luz. Os olhos, ele não sabia, azuis, ou verdes? A mão agarra o colarinho de sua camisa, é a última coisa que ele vê e sente antes de apagar.

  As pessoas voltaram a falar alto e a gritar, haviam chamado os bombeiros, as sirenes já podiam ser ouvidos ao longe, Kaiana e Sebastian estavam lado a lado, observando o rio com esperança, em choque, foram o que as pessoas falaram, eles estão em choque.

-Vamos...por favor!-Sussurava Kaiana olhando, e olhando, como se seu filho pudesse surgir ali. E surgiu.

Gritos e exclamações foram ouvidas quando o fucinho rosa da loba apareceu, logo em seguida toda sua cabeça, a de Daniel junto, ela o segurava pelo colarinho da camisa e o fazia ficar na frente de seu corpo, suas passadas para a margem do rio eram lentas, estava cansada, isso era evidente porque ela arfava e de pouco a poucos tempos diminuia o ritmo para fixar melhor sua mordida na roupa do garoto. Kaiana chora e estende os braços na direção de ambos os corpos que se aproximavam. Os bombeiros finalmente haviam chego.

 ᴏ ᴜɪᴠᴀʀOnde histórias criam vida. Descubra agora