ᴏ ᴜɪᴠᴀʀ

Capítulo 10

  Ele engole em seco, treme de medo, sabe que o lobo a sua frente não é dócil como Flocus e não irá lhe lamber as pontas dos dedos, está mais fácil para a fera lhe arrancar os dedos as mordidas.

Onde ela está?! - Escuta uma voz grossa e masculina, cheia de poder que faz com que suas pernas tremam. Daniel não é um garoto medroso, mas a voz diferente e cheia de poder faz seu coração ameaçar querer sair de seu peito. Eu sinto o cheiro dela em você, humano...DIGA ONDE ELA ESTÁ!

- Eu não sei! De quem você está falando? -Agora ele estava louco, quem em sã consciência ouve um lobo falar com ele e responde?

    Não se faça de idiota!

O lobo salta, sua boca escandarada, pronta para estraçalhar, suas garras negras esticadas. Daniel em um ato de reflexo se abaixa, as mãos na cabeça, ele espera a mordida, a dor, a morte, mas nenhuma delas surge. Rosnados, grunhidos, ele abre os olhos e encontra uma luta acontecendo a sua frente, uma loba branca como a neve atacando o negro que revidava sem pensar duas vezes.

Flocus estava por perto e sentiu que Daniel estava em perigo e, no mesmo momento que a fera negra pulou para atacar seu humano, ela pulou em suas costas, agora ambos rolavam, mordiam e gruhian. Daniel nunca havia visto Flocus atacar do modo que está atacando o outro lobo e se arrasta no chão para se afastar da briga entre feras, até que tudo para. Flocus, suja de sangue, está por cima do lobo negro que também está machucado, ambos se olham por um breve momento, então a menor saí devagar de cima do maior que também lentamente se levanta, até que um brilho surge, tão forte que quase ofusca a visão de Daniel. Ele pisca algumas vezes e arregala os olhos em choque.

  No lugar de dois lobos, há dois humanos, uma garota e um homem que se encaram fixadamente.

-Pai...-A garota fala, sua voz rouca, quase não se lembrava como falar e sentia a língua pesada na boca.

-Filha -Responde o homem, a mesma voz que Daniel escutou em sua mente sai de sua boca. - Eu te procurei por anos... finalmente lhe encontrei!

-Acho...- Tosse uma vez pela garganta seca, Daniel mesmo não vendo seu rosto, sabe que a mesma sorri de lado- Que fui eu que encontrei vocês dessa vez! -O homem sorri em resposta e com cumplicidade a frase da filha.

-Mas que merda...- Ambos se viram e encaram Daniel que já estava em pé e observava tudo com feição abismado, sua boca se abre ao encarar o rosto da garota, era a mesma que havia ido ao jogo de hoje, os mesmos olhos que viu quando estava se afogando no lago, os mesmos olhos que convive a anos.

-Daniel...- Um arrepio lhe corre a espinha quando escuta seu nome sair da boca da garota misteriosa - Eu posso explicar!

Ela não teve tempo de explicar, Daniel desmaia, a última coisa que vê são os olhos bicolores arregalados em sua direção.

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  Ele abre os olhos lentamente, a luz entra pela janela aberta e faz o mesmo piscar algumas vezes, a claridade machuca seus olhos, ele se espreguiça esticando os membros e solta um longo bocejo que é imitado, ele olha para Flocus, ela sempre o imitou quando o mesmo boceja, ele lhe observa por alguns segundos até se lembrar dos acontecimentos da noite passada, ele pula da cama e caí de cara no chão fazendo um alto barulho, ele xinga baixo e chuta os lençóis que estavam presos em seu pé.

-Querido? Tudo bem aí?-Ouve sua mãe e suspira baixo ainda no chão.

-Sim! Já estou descendo!- Responde antes de lentamente se levantar, o olhar atento em cima da loba que o olhava de cima de sua cama com seus grandes olhos de diferentes cores.

-Desça logo, nosso novo vizinho está aqui!-Sua mãe fala. Ele analisa o rosto da loba que se mantém impassível, e se tudo não tivesse passado de um sonho, se fosse verdade, como ele teria acordado em sua cama? Ele balança a cabeça, estava delirando, lobos se transformando em pessoas? Impossível! Os filmes que sua namorada insistia para que ambos assistissem juntos estava lhe afetando os neurônios, só podia ser isso!

Logo depois de tomar um banho e deixar a loba no quarto, Daniel descia as escadas de dois em dois enquanto ainda debatia consigo mesmo se tudo não havia sido só sua imaginação ou não. Quando o mesmo chega na cozinha, solta uma exclamação.

Sorrindo para seus pais de forma carismática estava o mesmo homem da noite passada, ele se vira no banco para lhe encarar a face, seu sorriso se alarga.

-Ah, então finalmente acordou, pequeno Daniel!- Fala se levantando, o garoto estremece com a voz do homem e tenta se afastar, porém os braços fortes do mesmo lhe envolve os ombros  firmimente lhe puxando para junto de seu corpo. - Fiquei preocupado, seu tombo foi bem feio, filho!- Fala antes de bater de leve na lateral da cabeça do jovem que resmunga com a dor que imrrope, ao desmaiar o mesmo bateu a cabeça, foi isso?

-O que aconteceu?-Escapa dos braços do homem que lhe parece um tanto ameaçador.

-Não seja mal educado, dê boas vindas ao senhor Black!

- Não, tudo bem, ele está desorientado, merece uma explicação. -O homem de olhos azuis penetrantes foca seu olhar em Daniel novamente e sorri antes de dizer - Eu cheguei ontem para ver minha nova casa, estava passeando pelas ruas para conhecer os locais quando te vi escorregar e cair, você estava a alguns metros longe de mim, quando te alcancei você estava desorientado, perguntei onde você morava e você conseguiu me responder antes que desmaiasse, sorte a minha que você mora bem na frente da casa que comprei,te trouxe para casa junto de sua amiga loba que nos encontrou na metade do caminho. Te carreguei até aqui, seus pais ficaram bem preocupados, filho.

- Que bom que está bem, filho, ficamos realmente preocupados, da próxima vez deixamos o carro para que você volte, ou você volta conosco mesmo.- Kaiana diz antes de beijar a bochecha do filho- Ah, dizemos para o senhor Kauê que você é jogador de Hóquei, ele ficou bem interessado, porque não mostra seus troféus para ele e depois ambos descem para nos acompanhar no café da manhã, em?

Antes que Daniel pudesse abrir a boca, Kauê já estava respondendo, seu sorriso no rosto e seu sotaque diferente conquistaram os pais de Daniel na hora que o viram.

-Acho ótimo, irei aproveitar enquanto os monstrinhos que chamo de filhos ainda não chegaram!- Ri e bate nas costas de Daniel -Me mostre o caminho, pequeno Daniel!

Ambos sobem as escadas lado a lado, o sorriso e as palavras calorosas do homem haviam sumido dando espaço a um rosto sério, Kauê lhe segurava o braço e lhe puxava para que o mesmo acompanhasse suas passadas longas, passam pelo corredor e quando estão para entrar no quarto, o homem sibila.

-Se gritar, eu arranco sua língua fora!

Eles entram e Daniel tem que morder a língua para não soltar uma exclamação, sentada em sua cama está a garota usando uma de suas camisas, está Flocus... ela levanta o olhar encontrando o de Daniel.

-Precisamos conversar!- Ela fala. Daniel engole em seco.