Capítulo 3

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  Sebastian bate o pé no tapete para tirar a terra da sola de seus sapatos e pendura o casaco de pele no gancho do lado da porta, atrás dele Daniel imita os gestos do pai, mas não alcança o gancho para pendurar seu casaco resultando em uma gargalhada do pai que lhe segura pela cintura e o levanta para o mesmo encaixar seu pequeno casaco.

-Pronto!- Diz e coloca o menino no chão que tenta correr, sabendo para onde o garoto queria ir, segura sua mão e o empura levemente na direção  da cozinha-Lave suas mãos antes!-O menino emburrado vai com os braços cruzados e um bico no rosto,o homem ri o seguindo.

-Querida,chegamos!-Anuncia alto o suficiente para sua mulher escutar.

-Estamos na biblioteca!-Ouve em resposta e se pergunta quem acompanha sua esposa antes de ir junto com seu filho -que balançava as mãos molhadas para secarem mais rápido- para seu escritório, Daniel abre a porta e para no batente.

-O que foi, filho?- Para atrás do garoto e olha na direção que o mesmo olhava, seus olhos se arregalam ao ver a grade da caixa onde havia deixado a filhote de lobo arrancada e jogada no chão do escritório.

-A filhote...-Segura a mão de seu filho e o puxa para perto o levando para o segundo andar. -Querida! Kaiana, a loba! -Ambos sobem correndo a escada e entram na biblioteca. -Querida, a loba sumiu!- Fala arfando e trava olhando a cena, Kaiana na poltrona de balanço com um livro na mão enquanto a outra acariciava a cabeça da filhote que estava deitada aos seus pés despreocupada.

-Não sumiu não...-Responde a mulher deixando o livro apoiado no criado mudo do lado da poltrona e olhando com serenidade para o marido que ainda estava assustado com a cena, um ganido é ouvido e ambos os adultos olham rapidamente para o chão, Daniel acariciava a barriga da loba que gania e se remexia pedindo por mais carinho.

-Descobri que ela não tem nada se selvagem.-A morena ri baixo com a cena.

-Nos...podemos conversar sobre isso?- Morde os lábios e desvia o olhar para o outro lado.

-Claro!-Responde e delicadamente afasta o homem dos dois que brincavam no chão, Sebastian olha de vez enquanto na direção de seu filho se certificando de sua segurança enquanto Kaiana estava calma e relaxada.

-Você a tirou da caixa sem me dizer?! Kaiana, isso foi extremamente perigoso,  ela é um animal selvagem!-Se exalta no fim da frase fazendo a atenção de seu filho e a da filhote se focarem nos adultos, Daniel agarra os pelos agora brancos e brilhantes como neve da loba que solta um ganido baixo se acomodando para perto do corpo de seu humano.

- Eu não a soltei,querido!-Responde calma, uma de suas mãos sobe e acaricia o braço do homem que relaxa os músculos tensos com o carinho. - Eu estava lavando as louças quando deixei a faca que usamos para cortar ossos cair, ela iria cair direto no meu pé, com certeza iria fazer um corte feio e eu estaria no hospital agora com uma faca encravada no pé.- As pupilas e narinas do homem se dilatam com a preocupação- Aconteceu tudo rápido demais, em um momento estava em pé vendo a faca cair e em outro estava caída no chão vendo  a faca encravada no chão,  ela me puxou! Ela deixou que eu me aproximasse, mais que isso, olhe os pelos dela, lavei ela e ela não demonstrou em nenhum momento agressividade, ao contrário, ela foi dengosa e carinhosa, fizemos companhia uma para a outra durante o dia e aqui estamos!

Com as palavras de sua esposa, Sebastian olha para a loba, os pelos eram completamente brancos, nenhum pelo escapava do branco brilhoso -Kaiana demorou muito tempo para conseguir limpar completamente os pelos volumos da pequena loba- , o fucinho rosa tinha uma pequena cicatriz que a cortava na horizontal, a língua estava para fora e os olhos heterocromaricos brilhavam com pura alegria por estar perto do garoto que a acariciava .

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-Flocus!-Daniel corre até seus pais pulando com animação -O nome dela é Flocus!

-É um lindo nome, querido, combina com ela!-Kaiana sorri amavelmente para o garoto, Sebastian suspira.

-É realmente um nome bonito, mas você sabe que ainda estamos decidindo se a loba fica ou não, filho!- Daniel percebe o olhar direcionado a ele por sua mãe e seu coração pula no peito, essa guerra já está ganha, sorrindo o garoto volta correndo para a sala onde sua parceira lhe esperava com a cabeça apoiada em cima das patas.

-Oi, garota!- Se senta no chão ao lado da filhote que se arrasta para apoiar a cabeça nas pernas estendidas do menino. Oi,garoto... -Quer conhecer meu quarto? Você pode dormir lá,se quiser!-Se levanta, sua amiga o imita e late animada. Claro que quero ver!

-Ela irá dormir em meu escritório, Daniel, ela ainda é um animal selvagem! O humano macho é chato, como você o aguenta,pequeno?

O garoto faz uma cara de insatisfação e cruza os braços, sua irritação se dissolve quando Flocus o puxa pela camisa em direção a escada, ele ri correndo escada acima com a pequena loba que já nem sentia as fisgadas do machucado quase totalmente cicatrizado, no dia seguinte não passariam de quatro linhas finas em sua lateral, quando o pelo crescesse as cicatrizes ficariam escondidas.

Daniel abre a porta de seu quarto e se joga na cama com as cobertas cor azul escuras e claras, sua amiga o imita pulando com destreza para cima da cama e se acomodando do lado do menino.

-Esse é meu quarto, ali é onde ficam minhas roupas!-Aponta para uma porta que levava ao seu pequeno closet-E meu banheiro!-Desliza o dedo para apontar para a porta na mesma parede que estava a primeira. Uma mesa de estudos em está em uma parede, posters de jogadores de hóquei e cantores antigos estão espalhados pela mesma parede, uma grande janela coberta por uma cortina cor cinza claro é um destaque no quarto pintado de branco e azul.

-Daniel, querido, o jantar está pronto!- Anuncia sua mãe do andar de baixo e animado o menino pula da cama correndo até a porta, mas para ao perceber que não está sendo acompanhando por sua nova amiga, se virando para procura-la com seus olhinhos azuis puxados para o cinza, ele encontra-a onde a deixou, está ressonando baixinho, havia se entregado ao sono logo depois de dar uma leve olhada no quarto de seu pequeno. O menino anda nas pontas dos pés até onde Flocus está e, dando um beijo na cabeça peluda da loba, deseja bons sonhos a mesma antes de sair do quarto.

Ela escuta, mesmo estando do outro lado de sua mente, os passinhos do garoto se afastar e levanta levemente os cantos de sua boca, a loba sorri antes de se enrolar em si própria aproveitando o cheiro de seu humano que a deixava em êxtase, só dela e de mais ninguém.

 ᴏ ᴜɪᴠᴀʀOnde histórias criam vida. Descubra agora