ᴏ ᴜɪᴠᴀʀ

Capítulo 20

  Depois de ter praticamente arrastado Carolina para fora da quadra, Dia volta resmungando sobre garotas chatas e estericas.

— Agradeço por nossas fêmeas não serem assim, essa louca quase rasga meu braço com aquelas unhas postiças!–Reclama apontando para o braço cheio de marcas fundas de unhas.

— Não, nossas fêmeas são piores, Dia!–Karu fala apontando para a irmã que ainda estava por cima de Felix, os dentes afiados perigosamente próximos do pescoço exposto e frágil do garoto mijão.

—Verdade... – Resmunga com uma careta. Ignorando a fala do irmão, a fêmea olha para trás e rosna.

—Está esperando o quê para cura-lo bruxo?! – Sua voz retumba pelo lugar, arrepiando a todos. Era a voz de Yana e ao mesmo tempo não, era bestial, poderosa e dominante. A voz de uma alpha.

—Ja vai, ja vai!–Caio responde ja apertando as mãos contra o ferimento de Daniel e fechando os olhos, ignorando a lei que impedia que ele usasse seus dons na frente de humanos, ele preferia curar o amigo de uma vez e ignorar a presença de Felix que assistia tudo com os olhos arregalados do que perder Daniel para uma hemorragia e ainda ter o pescoço no meio da boca cheia de dentes longos e de aparência perigosa da loba raivosa.

—Pronto...–Murmura depois de poucos segundos depois, abre os olhos e analisa a pele nova. —Novinho em folha.

—Valeu, cara...–Agradece Daniel, apalpando com cuidado a área.  —Nem para eu saber que você era um bruxo quando eu quebrava alguma parte do corpo, em...–Brinca e apenas ambos riem, todos os blacks ainda estão tensos, satisfeitos por Daniel estar bem, mas ainda raivosos, encarando Felix com seus olhos brilhando.

—Dia e Kai, levem Daniel e Caio para casa. Nós ja vamos nos encontrar. –Ayla novamente se pronúncia, sem olhar para trás. Os gêmeos resmungam baixo, incomodados por saírem bem na psrte legal, mas ajudam Daniel e Caio a ficarem em pé, guiando eles para fora em seguida.

—O que...vocês são?–Felix gagueja, a mão destruida pela mordida potente da loba começava a ter espasmos doloridos que subiam cada vez mais pelo seu braço.

—Somos o que você será em breve...Sabe, Felix, eu o observei por anos, sei sua história e ja está na hora de dar um basta! Você se deixou afundar tanto que virou isso, que deu um golpe covarde numa luta pela honra! Agora, você é meu. E ninguém pode dizer o contrário, e se você fugir, o farei se arrepender amargamente. Você vai aprender bons modos a partir de agora. Ficara ai, com dor, enquanto sofre as consequências de atingir alguém covardemente em uma luta.

Yana sai finalmente de cima dele, andando poucos passos antes de se sentar calmamente.

—Começem! – Ordena, ambos, Marluon e Kai, avançam, os punhos levantam e descem junto, atingindo o garoto no chão em cheio no estômago, ele arfa, buscando por ar, mas só encontra mais golpes que vem de todos os lados, apenas socos, estratégicos e nos lugares certos.
  Batem para ferir temporariamente, e com forca o suficiente para deixar o rosto do alvo deles uma confusão inchada depois da surra. Eles poderiam estourar a cabeça de Felix com um murro apenas se quisessem ou deixa-lo paralisado com um chute nas costas, a coluna se partiria e ele não teria escapatória, morreria tão rápido que nem perceberia. 
   Mas a intenção deles não é matar, mas sim machucar, mostrar para ele o quão ruim é ser atingindo quando não consegue se defender, querem que ele sinta dor por um bom tempo, que se lembre disso ao respirar, ao andar, ao fazer qualquer movimento, mesmo o mais mínimo.

—Chega! –Comanda e automaticamente ambos os machos pulam metros para trás, se afastando. Felix no chão apenas geme com dor, o rosto sangrento, assim como todo o resto. —Quero que se lembre disso, Felix, da dor, e também quero que se lembre desse dia, a partir de hoje você será tratado como um macho, como um de nós, não será mais humano, nem psicologicamente e em breve, nem fisicamente. Vou te mudar por inteiro, começando por hoje, seu treinamento começou. Sua alpha te da as boas vindas ao seu novo mundo.

  Yana sai do carro, batendo a porta ao sair, seu irmão e primo tiram um desorientado e ensangüentado Felix de dentro do carro e o levam para dentro da casa dos Blacks.

—Eu ja venho para cá, expliquem tudo para Dædã! – Manda aos machos antes de enfiar as mãos nos bolsos e atravessar a rua, parando na porta dos Boss, levanta o punho, expira, e então bate três vezes na porta. Espera até escutar os passos leves e rápidos de Kaiana.

—Pois não?–A mulher abre a porta, suas feições ficando levemente pálidas ao encarar os olhos heterocromaticos da lhincan.

—Eu posso...

—Entrar?–Interrompe e acena com a cabeça –Sim, entre, por favor. E me explique, por tudo que é mais sagrado, me fale o porquê de meu filho chegar ensangüentado em casa, mas sem ferimento nenhum! –Exclama com os olhos arregalados e as mãos trêmulas que são agarradas.

—Eu falo, te explico, mas se acalme Kaiana, por favor, vamos entrar para você se sentar...–Puxa a mulher para dentro, fechando a porta atrás de si. A senta em uma das poltronas da sala e vai para a cozinha, volta um momento depois com um copo com água misturada com açúcar, se agacha na frente da mulher e lhe estende o copo —Aqui, tome, so falarei quando se acalmar!

—Obrigada...–Agradece tomando um longo gole e respirando fundo, pondo a mão sobre a cabeça. —Seus irmãos trouxeram ele e Caio, a primeira coisa que vi foi sangue, entrei em desespero, mas Caio disse que ja tinha o curado, ai foi outro choque, Caio é um bruxo! Eles não me explicaram nada direito, so falaram "Felix" e "Carolina" e "faca" e "briga"!

—Respire, Kaiana!–Da um pequeno aperto nos joelhos da mulher e apoia o queixo em suas pernas, a olhando sobre os cílios.

— Ele subiu, não quis falar nada, está dormindo agora, Caio foi embora logo depois e seus irmãos foram para casa... Me explique Flocus, por favor!–Limpa as lágrimas do rosto com as costas da mão, terminando em um só gole a água, deixando o copo na mesinha de centro.

—Carolina traia Daniel com Felix...Daniel descobriu e eles começaram uma luta corporal,  na tradição do meu povo, uma luta limpa entre dois adversários pode ocorrer normalmente, dependendo do motivo, a honra é um deles, então por isso ficamos afastados durante a briga... –Supira e se acomoda no lugar. –...mas em certo momento Felix desenbanhou uma faca e acertou Daniel, tornando a luta injusta e suja, foi quando agimos. Caio o curou depois que tiramos Carolina do local e Karu, Marluon e eu cuidamos de Felix.

—Vocês o mataram?!–Exclama Kaiana pulando no lugar, tirando uma risada baixa da garota.

—Não! Mas se julgassemos pelas leis de meu povo, ele merecia a morte. Mas não o fizemos, nós o pegamos para nós, ele agora é meu!

—Seu? Como assim seu?–Uma carícia começa em sua cabeça e a garota sorri, se esticando.

—Existem duas formas de fazer parte do meu povo, uma das maneiras é nascendo lhincan e a outra é ser transformado em um por meio da mordida de um alfa. Felix foi mordido por mim, então se tornará um de nós, será como uma criança aprendendo tudo de novo, seus ideais serão modificados, eu irei ensina-lo a ser um macho de honra, não um lixo covarde que virou. Ele não tem nada, então o darei um motivo para viver e para ser bom novamente. O ajudarei como meus antepassados ajudavam o seu povo antes.

Kaiana espantada abre a boca, pronta para perguntar mais, mas batidas na porta fazem Yana levantar a cabeça, fungando e contraindo o nariz, irritada.

–E ainda tem coragem de vim aqui depois de todo o vexame...–Rosna se levantando —Fique aqui, deixe que eu atendo, não demoro.

  Anda a passos pesados até a porta, a abrindo em uma só puxada. Carolina, olhos inchados e vermelhos de tanto chorar, abaixa a mão fechada em punho. Funga, passando as costas das mãos no nariz que escorre.

—Eu quero falar com meu namorado!

—Você não tem um namorado aqui...–Responde fechando a porta atrás de si e se escorando no batente, olhando com seriedade a garota.

—Quem é você para falar isso?! Ninguém! Saia da minha frente, quero falar com Daniel!

—Uma pena que querer não é poder. Saia daqui antes que eu faça sua cara falsa e deplorável virar uma cara sem reparos, sua cadela traiçoeira!