Capítulo 15

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   O casal encarava o grupo com descrença no olhar, Sebastian ri baixo e olha Kauê de cima a baixo. 

—Que piada, muito boa!-Ri e bate no joelho, mas para quando percebe que não é acompanhando por ninguém e os Blacks continuam sérios. —Está falando sério?

—Mais sério impossível...-A resposta faz seu queixo cair, Kaiana do seu lado olha abismada o grupo.

— Mas...- Começa ela lentamente e hesita antes de continuar – Isso não existe, lobisomens não existem, nada disso.

—Fazemos os humanos acharem que não, mas nossa espécie esta aqui a mais tempo do que a de vocês. Vivemos escondidos, muitos a vista de todos, mas existirmos. – Explica Kauê juntando as mãos, como se rezasse e apoiando o queixo nos nós dos dedos, seus olhos atentos em cima dos dois Boss. Daniel observava a cena surpreso, ele não fazia ideia que a família sobrenatural iria jogar a bomba de que eram lobos no colo de seus pais como fizeram com ele, ele temia a reação de ambos.—Entendam, as leis dizem que o mundo sobrenatual é separado do dos humanos e assim deve continuar, porém existem certas...situações, que nós da o poder de desviar dessa lei e estamos com um desses casos...peculiares aqui. – Se estica para frente e fala devagar, como se explicasse algo novo para crianças que não entendiam. —Quando encontrei minha filha na noite passada descobri que a mesma tinha uma ligação com o filho de vocês que se chama Ķýrųon e é por isso que estou contando a vocês sobre nós. –O olhar dos pais se desviam do grupo e se direcionam para o filho que engole em seco.

— Você sabia disso?!–A pergunta de Sebastian parece mais uma acusação, Daniel coça a nuca e pode ver de escanteio um Marluon satisfeito sorrir sarcástico.

—Descobri a tão pouco tempo quanto vocês...-Se explica e desvia o olhar para encontrar olhos heterocromaticos que o encaravam curiosos e nervosos, ele sorri levemente e continua –Presenciei o reencontro de pai e filha quando estava voltando do jogo ontem, fiquei nervoso e desmaiei, hoje de manhã eles me explicaram tudo, ou quase tudo. É verdade o que eles falam, eles são...sobrenaturais. –Ele esconde o fato de que quase foi atacado pelo Sr, Black e que se não fosse por Flocus, ele provavelmente estaria em pedacinhos.

—Ma-mas não é possivel, Flocus é uma loba comum, ela tem sangue de lobos antárticos e um pouco dos lobos gigantes, isso explica o tamanho e a cor dos pelos dela, eu mesmo tirei o sangue dela e fiz os testes! -Argumenta Sebastian.

—Isso é um modo de defesa nosso, se quisermos podemos controlar coisas como isso, no caso de Yana, ela fez o sangue perder os genes licantrópicos toda vez que ele era recolhido, assim você nunca saberia a verdade.

—Eu não acredito, só acredito vendo!–Brada o homem com o rosto vermelho e o coração batendo contra a caixa torácica. Karu se levanta de onde está, um soprepeliz feminino em mãos,  ele anda calmante em direção a loba que estava sentada do lado do sofá, os olhos de Kaiana e Sebastian o acompanhavam com curiosidade, Daniel encarava a loba diretamente, sabia o que ia acontecer agora e não queria perder. Karu chega do lado da loba e acomoda a vestimenta por cima dela, se afasta alguns passos e espera. Quando o brilho começa o casal arfa, os olhos arregalados crescendo mais quando o tamanho da fera cresce, quando patas viram mãos e pés, quando um rosto surge e logo uma garota está a frente deles, as mãos arrumando a roupa sobre seu corpo enquanto o olhar atento está sobre o casal, ela da dois passos a frente e se senta do lado de seu pai no sofá, o corpo inclina para frente, ela engole em seco algumas vezes antes de falar.

—Eu devo desculpas a vocês...–Começa analisando as feições assustadas a sua frente, Kaiana parece estar ao ponto de desmaiar, nenhum dos dois fala nada. —Eu quis, muitas vezes, me mostrar de verdade para vocês, falar quem sou, ter respondido as perguntas que me fizeram todos esses anos, queria ter feito isso de outra maneira, mas eu não poderia, não sem o meu pai presente, eu precisava da autorização dele...Eu invadi a vida de vocês, morei na casa de vocês por todo esse tempo, menti ao mostrar que era uma simples loba, mas era para a segurança de vocês, mas agora a situação é diferente...–Ela para, engole novamente em seco. —Por favor, falem alguma coisa...

—Eu...–Começa Kaiana, os olhos brilhando —Eu lembro de você...do parque, da festa do ano novo, do acampamento e de ontem no jogo, eu sabia que tinha te visto antes, sabia que conhecia esses olhos... –A garota sorri de lado levantando as palmas da mão para cima.

—Tinha vezes que eu precisava voltar a forma humanóide para que não esquecesse como fazer, as vezes não me segurava e ia para onde voces estavam, via vocês de longe, não sabia que prestava atenção em todas...

—Eu prestei sim...e tentava me convencer que era apenas uma grande coincidência...–A mulher ri baixo e estica a mão, tocando a face levemente pálida de Yana. —Mas era você, todas as vezes...

—Todas...–Concorda a garota, os olhos brilhando com o carinho que logo acaba quando a mulher recolhe a mão.

—É muito...–Murmura, Yana como se tivesse levado um choque se lança para trás, se afastando de Kaiana — É muito para absolver, entenda, a minutos atrás minha vida era exatamente como me ensinaram a minha vida toda e agora descobri de o sobrenatural existe, que meu filho tsm uma ligação que nem sei o que é com uma garota loba que se transformou na nossa frente e que alias era nossa loba de criação que adotamos a seis anos atrás!– Yana se encolhe a cada palavra como se fossem facas lhe atingindo e no fim suspira ruidosamente se reencostando lateralmente com seu pai que passa o braço em torno de seu tronco dando um leve aperto em sua cintura.

—Nós entendemos, não é facil quando uma mudança drástica chega em nossas vidas. Mas eu devo fazer um pedido a vocês, Sr e Sra Boss, não contem isso para ninguém, isso é muito importante e engloba a segurança de vocês, por favor, mesmo que não queiram mais falar conosco, mantenham isso em segredo.– Kauê fala calmo, o casal concorda e logo se levantam, nervosos e ansiosos para voltar para a própria casa. Kauê também se levanta e acompanha os três para a porta, no batente Daniel olha para trás, Yana o está olhando, olhos lacrimejados e chorosos, ele queria dizer para ela que estava tudo bem, que nada era culpa dela, mas a porta se fecha e eles estão atravessando a rua, entrando na própria casa e se fechando nos próprios quartos sem dizer uma única palavra, cada um assimilando o ocorrido de suas próprias maneiras.
   Ele estava deitado em sua cama olhando para as estrelas  pintadas no teto,  não estava conseguindo dormir, sentia falta da presença peluda da loba no pé de sua cama ou do seu lado ocupando todo o espaço disponível. A porta range baixo e sua cabeça se vira para descobrir o porquê, no batente da porta, sentada e com as orelhas baixas estava a loba branca que fez parte de cinco anos da sua vida. Eles se encaram por alguns minutos até o garoto bater do seu lado da cama com a mão.

—Também não consigo dormir – Diz baixo observando quando a loba se aproxima e em um pulo ágil sobe na cama e se acomoda do seu lado, ela engatinha, se aproximando aos poucos e coloca sua cabeça na barriga de Daniel que hesitante leva a mão a cabeça peluda e começa um carinho ali, minutos depois ambos estão sonolentos, seus olhos pesam e seus corpos relaxam.

—Boa noite, Yana..–Diz baixo coçando a orelha branca. Seus olhos fecham e sua mente fica lenta, mas dessa vez ele tem certeza da resposta, aquela que quando ele sempre estava em um fio entre o acordado e o dormindo chegava, a resposta que ele por anos achou ser fruto da sua imaginação sonolenta.

Boa noite, Daniel...Durma bem.

 ᴏ ᴜɪᴠᴀʀOnde histórias criam vida. Descubra agora